Cirurgião autor do primeiro transplante da América Latina foi o palestrante.
Estado tem cerca de 1,5 mil pessoas na fila de espera.
O palestrante convidado para o evento, que faz parte de um projeto de extensão da Liga Acadêmica Acreana em Transplantes, foi o cirurgião Silvano Raia, responsável pela realização do primeiro transplante de fígado da América Latina, no ano de 1985. De acordo com ele, daquela data até os dias atuais muita coisa mudou na área de transplantes.
"Em 1985, quando fizemos o primeiro, o transplante de fígado era um ato heróico, tanto para a equipe cirúrgica quanto para o paciente. Na medida em que os resultados foram cada vez melhores, houve uma mudança do cenário a partir do aumento dos doentes interessados em fazer transplante e criando a lista de espera. Nos primeiros casos tínhamos que convencer as pessoas a fazer o transplante e agora existe essa demanda muito maior", afirma.
Atualmente, profissionais da área da saúde estão buscando uma forma de atuar e intervir na construção e transformação da prática em transplantes no Acre. A alternativa é vista como uma maneira de ajudar as pessoas que aguardam esperançosas a doação de um órgão que pode salvar suas vidas.
"A nossa maior dificuldade hoje é a doação de órgãos. Temos um trabalho muito forte para ser feito de conscientização da sociedade para doar os órgãos", conta o presidente da Aphac, Heitor Macedo Júnior.
"Para mim, que sou professora, e trabalho com essa parte de ensino, de pesquisa e extensão, é uma grata satisfação ver o desenvolvimento dos meus alunos mesmo antes de sair da faculdade. Com certeza, estaremos liberando no mercado de trabalho os melhores profissionais", diz a docente Thatiana Lameira.
Milhares na fila de espera
No Acre, milhares de pessoas estão a fila de espera por um transplante de órgãos. Segundo a Associação de Portadores de Hepatite do Acre (Aphac), aproximadamente 100 mil pessoas têm a doença e a maioria delas precisa da doação de órgãos.
O agricultor Francisco Gomes da Silva, que há 11 anos descobriu ser portador de hepatite B, é um desses casos. Nesse período, ele contraiu ainda os tipos A, C e D da doença que mais mata no Acre. Por mês, pelo menos 15 pessoas morrem vítimas de hepatite. E para não fazer arte dessa estatística, Gomes necessita de um transplante de fígado.
"Fiz uns exames e a doutora disse que eu só ficarei bom se fizer o transplante", conta o agricultor que está n fila de espera pelo transplante, atrás outras 1,5 mil pessoas que também aguardam pelo recurso.
Enquanto o assunto é debatido intensamente pela sociedade, Francisco Gomes só consegue pensar em como seria feliz se conseguisse o transplante. "Era a coisa que mais me daria felicidade hoje se pudesse trocar meu fígado para, pelo menos, comer aquilo que sinto vontade, mas não posso", afirma.
Colaborou Brenna Amâncio, da TV Acre.
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