Autor:
Luis
Nassif
Coluna
Econômica
Ontem
à tarde, através de sua página no Facebook, a empresa TelexFree deu ordem de
debandada a seus divulgadores. Meia hora antes, em meu Blog, publiquei um
pequeno organograma, com vários sites que faziam parte do esquema.
Foi
o fim de cinco dias de luta surda, na qual meu Blog foi derrubado dezenas de
vezes pela quadrilha, para impedir de veicular detalhes da denúncia.
À
tardinha, a Secretaria Especial de Acompanhamento Econômico (SEAE) do Ministério
da Fazenda informou que estava aguardando apenas um parecer da Procuradoria da
Fazenda para acionar a Polícia Federal e o Ministério Público.
***
Chega
ao fim o mais atrevido golpe já perpetrado contra o consumidor brasileiro.
Durante um ano, o esquema TelexFree envolveu um milhão de pessoas e movimentou
mais de R$ 300 milhões através de uma versão online do velho golpe da
pirâmide.
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O
esquema surgiu inicialmente em 2009, montado pelo aventureiro capixaba Carlos
Wenzeler, através de um site denominado de Disk à Vontade.
Para
entrar no jogo, a pessoa tinha que pagar de US$ 200 a US$ 1.000 dólares. Depois,
colocar publicidade em sites de Internet dos serviços de VoIP (telefonia pela
Internet) da TelexFree. Por cada publicidade colocada, a pessoa receberia US$
20.
Acontece
que toda a remuneração dos primeiros da fila era bancada pelos últimos que
entravam – como em toda pirâmide, levando ao estouro da boiada depois de algum
tempo.
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A
versão inicial do golpe demorou um pouco a decolar devido à falta de
confiabilidade na empresa.
Aí
Wenzeler deu o segundo passo. Foi até os Estados Unidos, localizou uma pequena
empresa de VoIP e tornou-se sócio dela. A empresa tinha um pequeno escritório
virtual em um grande prédio de Massachusetts. No site da TelexFree o prédio era
apresentado como se fosse totalmente da empresa. E o sócio norte-americano como
se fosse um gênio do marketing.
A
publicidade da TelexFree ganhou impulso quando passou a veicular que a TelexFree
americana era uma multinacional que existia desde 2002.
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O
passo seguinte foi arregimentar uma verdadeira quadrilha de oportunistas,
espalhada por todo o país. Essas sub-quadrilhas montaram sites usando o nome da
TelexFree na URL (o endereço da Internet). E inundaram o Youtube com vídeos
vendendo as maravilhas do enriquecimento fácil.
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Nos
próximos dias a Polícia Federal entrará em cena, prendendo parte da quadrilha. A
grande questão que se levanta é o fato da quadrilha ter agido por tanto tempo
sem ser incomodada.
Os
Procons do Acre e do Mato Grosso solicitaram informações à SEAE. Houve
dificuldade em qualificar a natureza do crime. Por outro lado, não se sabia se a
repressão deveria partir de Ministérios Públicos estaduais ou do Federal; se da
Polícia Civil dos estados ou da Polícia Federal.
A
cada dia que passava, mais consumidores eram prejudicados. Pululavam depoimentos
de pessoas que chegaram a vender a casa para entrar no negócio.
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Na
semana passada, a presidente Dilma Rousseff anunciou que o governo daria toda
ênfase à defesa do consumidor.
O
primeiro passo é aparelhar o Estado de ferramentas legais para coibir os velhos
crimes que adquirem feição nova através de novas tecnologias.
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