sexta-feira, 1 de março de 2013

Paulistano investe R$ 8 milhões para criar lanchonete de parede no centro da cidade


Marcus de Lima conheceu a máquina de salgados na Holanda e investiu tempo e muito dinheiro para trazer a novidade para o País
Renato Jakitas, Estadão PME


Márcio Fernandes/Estadão
Márcio Fernandes/Estadão
Marcus de Lima administra duas lojas e pretende crescer pelo modelo de franquias
Quem já passou pela Quickies e suas máquinas que vendem croquetes a R$ 1,50 em plena Ladeira Porto Geral não imagina que ali, em menos de quatro metros quadrados, estão quase dez anos de planejamento e R$ 8 milhões em investimentos por parte de Marcus de Lima, dono do negócio.

Inspirado pela Febo, uma empresa similar que atua na Holanda, o empresário corre para fazer de sua ‘parede’ de salgados a nova febre da alimentação rápida no Brasil.
E os desafios desse paulista de 44 anos não são tão compactos como sua loja. Cabe a ele acertar uma estratégia que sedimente entre os clientes o conceito ainda não explorado de consumo de alimentos não industrializados em vending machines. Além disso, será preciso convencer os investidores de que, apesar do desembolo alto e do baixo valor agregado do produto, o giro de vendas compensa o esforço.
Uma franquia da Quickies, modelo que acaba de ser formatado por Lima, demanda aplicação inicial de R$ 200 mil, para uma loja de 30 m² a 50 m². E para alcançar um faturamento médio de R$ 70 mil ao mês, com margem de lucro líquida na ordem em 15%, o franqueado precisa vender em torno de 1,2 mil salgados por dia – além de lanches e sobremesas de balcão, que movimentam um ticket médio maior.
“A gente chegou a esse modelo de loja faz seis meses. As vending machines são um chamariz para o balcão, que representa 60% das vendas e onde o cliente pode comprar cinco tipos de lanches, um de batata frita que importamos da Holanda e que não existe por aqui e sobremesas, como o stroopwafel, biscoito de origem holandesa”, conta Lima.
O empresário morou 20 anos na Holanda, onde conheceu e consumiu os salgados da Febo.
“Quando cheguei ao país, minha namorada, que era holandesa e com quem fui casado, disse: ‘vou te mostrar uma comida que você vai adorar’”, lembra o empresário, que desembolsou cerca de R$ 500 mil para ter a exclusividade sobre os diretos da máquina de self-service – também importada da Holanda – para a América Latina.
A Quickies hoje tem duas unidades próprias, uma na Ladeira Porto Geral e outra na Rua 25 de Março, dois pontos de comércio popular da cidade de São Paulo.
O portfólio de produtos das máquinas contempla 11 tipos de salgados, com destaques para os croquetes de frango e o Bami, bolinho feito com macarrão tipo talharine e legumes.
Os produtos são preparados na hora, em uma fritadeira operada por um funcionário atrás da parede de vending machine. Quando ele abre o compartimento traseiro da máquina e coloca o salgado à disposição dos clientes, um timer o avisa, após 30 minutos, de que é preciso remover o produto caso ele não seja vendido.
“Esse mercado ainda vai acontecer no Brasil”, conta o professor de empreendedorismo do Insper, Marcelo Nakagawa, que também é blogueiro do Estadão PME.
“Conheço a empresa e o ponto de atenção, a meu ver, vai para a dependência do negócio da tecnologia holandesa. Aqui no Brasil já temos players em condições de apresentar alternativas a essa máquina importada, o que diminuiria muito o custo da operação”, destaca o especialista.
Ficha técnica da franquia
- R$ 200 mil é o custo inicial para adquirir uma franquia da Quickies
- Entre 30 a 50 metros quadrados tem uma loja da marca.
- O investidor ainda desmbolsa R$ 20 mil pelo aluguel das máquinas de auto-serviços

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