sexta-feira, 1 de março de 2013

Moda retrô ganha espaço entre os empresários, que oferecem até geladeira artesanal


Pequenas empresas resgatam tendências das décadas passadas para lucrar com a onda vintage em São Paulo
GISELE TAMAMAR, ESTADÃO PME


JF Diório/Estadão
JF Diório/Estadão
Tiago e Thabata planejam crescimento da empresa
Ultrapassado é um adjetivo que não se encaixa nos produtos que remetem ao passado e integram a tendência vintage e retrô. Saias rodadas, geladeiras com design clássico, vitrolas, baús estilizados e móveis restaurados contrastam com a era tecnológica atual e são as apostas de um grupo de pequenas empresas que buscam se diferenciar no mercado.

E esses negócios têm espaço de sobra para crescer, afinal, diante de itens cada vez mais descartáveis, a tendência é o cliente buscar justamente o contrário: algo perene. É essa a análise feita por Lucas Liedke, diretor do núcleo de tendências da agência de pesquisa Box 1824. “Temos lançamentos de modelos que já tinham saído de linha, mas voltaram agora. Tem o lado nostálgico e um retorno de fazer as coisas de um jeito como se fazia antigamente.”
Liedke explica que o vintage é o antigo mais “puro”, ou seja, são objetos antigos que continuam em uso. Já o retrô se inspira em um produto clássico para criar algo totalmente novo.
Essa foi a opção escolhida pelo casal Tiago de Carli e Thabata Guerra, criadores da Adélia Works. A dupla uniu o design de décadas passadas e a funcionalidade dos aparelhos modernos para fabricar geladeiras artesanais, que ainda funcionam como adegas.
A dupla sempre gostou de antiguidades. Tiago, por exemplo, reformava geladeiras e por isso Thabata resolveu criar o blog Vá de Vintage para divulgar o trabalho. “Aprendi o que era o melhor e o pior das geladeiras e resolvemos fazer um trabalho artesanal”, pontua Tiago. O negócio despertou o interesse dos consumidores e, por isso, o casal resolveu apostar em um produto próprio.

Restauração. As geladeiras da Adélia ajudam a compor o Estúdio Gloria, loja especializada em móveis restaurados das décadas de 50 a 90 idealizada pelo casal Karina Vargas e André Lima. O estúdio começou em Cotia, passou pela Vila Madalena e desde o fim de 2012 se fixou em Pinheiros. O novo acervo e a reforma do prédio atual, onde funcionou uma padaria nos anos 30, custaram R$ 200 mil.
Karina era cenógrafa e sempre gostou de trabalhar com móveis antigos. “Chegou um ponto que eu tinha 300 móveis e resolvi fazer o primeiro bazar. Vendi tudo em dois meses. Depois, abrimos uma loja temporária e o negócio foi crescendo.”
Quando começou a atuar no segmento, Karina lembra que muita gente jogava as peças fora. “Eu achava que aquilo não podia ser descartado e comecei a ter esse impulso de restaurar. E também comecei a perceber que as pessoas queriam comprar os móveis, elas ficavam felizes de ver as peças”, conta.
O designer e artista plástico Carlos da Rocha Soares também é apaixonado por objetos do passado. O empreendedor tinha uma fábrica de malas e baús retrô, mas resolveu ampliar o leque de produtos e inaugurou a Vintage World Company em 2006. “A gama de produtos é variada. Basicamente vendemos o que Hollywood mostra nos filmes antigos. São placas de carros, cartazes de metal, baús, réplicas das malas do Titanic, réplicas de motos e aviões da Segunda Guerra Mundial e camisetas com apelo retrô”, explica Carlos.
As três lojas em São Paulo faturam até R$ 200 mil por mês. O negócio, no Brasil, é comandado por Rafael Nitay Soares, filho de Carlos – o pai vive em Nova York onde funciona o centro de design e distribuição para o atacado do negócio.
Carlos participa de feiras e eventos para vender seus produtos para clientes de todo o mundo. “Adequo o item de acordo com a tendência e do que o cliente necessita. O europeu quer um vintage mais ligado à nobreza, os clientes de Dubai gostam de dourado. No Texas, a preferência é pelo rústico.”
A onda retrô também ajudou a Catodi. De 2009 até agora, a empresa quadruplicou as vendas de toca-discos e vitrolas. Essa alta foi influenciada, principalmente, pela volta do vinil.
Por mês, a loja, fundada em 1959, chega a vender 200 aparelhos e tem faturamento médio de R$ 400 mil a R$ 500 mil. O preço das vitrolas – todas importadas – pode chegar a R$ 2 mil. “Também vendemos agulhas de reposição para aparelhos fabricados desde 1924. O preço pode chegar a R$ 500, depende muito do modelo”, completa o proprietário, Luiz Peres.

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