Alunos de escolas estaduais ficam sem merenda por atraso de repasse

Escolas estaduais de Ariquemes, RO, estão sem recurso para merenda.
Secretaria de Educação diz que problema será resolvido em uma semana.

Eliete Marques Do G1 RO

Alunos reclamam da falta da merenda (Foto: Antognione Rocha/TV Ariquemes)

“Fica difícil prestar atenção na aula quando a gente está com fome”, diz o estudante Paulo Sergio Carvalho, de 13 anos, do 7º ano da Escola Estadual Francisco Alves Mendes Filho, em Ariquemes (RO). Oito das 10 escolas estaduais do município estão com falta de merenda escolar há 15 dias. O problema atinge cerca de oito mil alunos, conforme a Coordenadoria Regional da Secretaria de Estado da Educação de Rondônia (Seduc). Atraso no repasse do recurso federal teria motivado o problema, segundo a Seduc. A previsão é que em uma semana o problema seja solucionado.
Geovana Luara, de 11 anos, aluna do 6º ano da Escola Estadual Cora Coralina, conta que não tinha o hábito de tomar café da manhã em casa, e que a primeira refeição do dia era realizada na escola. “Agora estou tomando café reforçado em casa. Mas a merenda faz muita falta, pois chega 10h e já estamos com fome; e não temos condições de comprar lanche todo dia”, diz.
A zeladora Iraci Fortunato, de 53 anos, diz que a família tem se organizado para que a neta de 9 anos leve dinheiro para comprar lanches. “É difícil ter um dinheirinho todo dia, mas não podemos deixar ela ficar com fome na escola”, enfatiza Iraci.
A Escola Cora Coralina tem 2,1 mil alunos nos três períodos de aulas, e a diretora da instituição Albaniza Oliveira de Sá, explica que a alimentação está sob responsabilidade da família até que a situação seja resolvida. Já a Escola Francisco Alves Mendes Filho tem 1,2 mil alunos nos três períodos e a direção conta que diminuiu a carga horária das aulas na parte da manhã.

Adriana da Silva e Geovana Luara reclamam da falta
de merenda (Foto: Antognione Rocha/TV Ariquemes)

“De manhã estudam os alunos pequenos, entre sete e 11 anos. Eles estavam reclamando muito de fome então ao invés de sair às 11h20, eles saem às 10h30”, expõe Cristiane dos Santos Souza, diretora da Escola Francisco Alves.
A chefe do setor de prestação de contas da Coordenadoria Regional da Seduc, Claudia Maria Iternes, explica que através do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), o governo federal repassa o recurso da merenda escolar para os estados. No entanto, houve um atraso neste repasse, conforme Claudia.
As escolas recebem 10 parcelas por ano para custear a merenda; a última, em dezembro. “É comum haver este atraso no início do ano, e as escolas vão trabalhando com o restante do recurso de dezembro, até ser liberado novos recursos”, destaca a chefe de prestação de contas.
Porém, Claudia ressalta que o recurso já foi depositado nas contas das escolas e que a compra da merenda está em processo licitatório. “No máximo, até o dia cinco de abril, a situação da merenda já deve estar normalizada nas escolas”, conclui.