Alan Tiago Alves A TARDE
Mesmo com a queda da taxa de juros (mantida em 7,25% ao ano), o custo das dividas, sobretudo aquelas que embutem encargos maiores como o cartão de crédito rotativo e o cheque especial, que na média atingem 10,69% ao mês e 8,05% ao mês, respectivamente, conforme a Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac), é maior do que o ganho de qualquer rendimento de aplicação. Portanto, pagar a dívida é melhor do que investir. "Quem gastou errado durante o ano e está apertado deve 'arrumar a casa' e quitar os débitos mais primitivos. No mesmo momento em que temos as menores taxas de juros, a gente vê algumas pesquisas que apontam que a população brasileira nunca esteve tão endividada", ressalta o consultor de finanças Erasmo Vieira.
Os consumidores que têm dívidas a pagar também devem evitar fazer compras antes de cumprir a prioridade de quitar os débitos, para não correr o risco de virar o ano no vermelho, valendo a pena até negociar com os parentes para que os presentes possam ser dados depois, em janeiro, quando há "queima de estoques" nas lojas. Além disso, é importante que uma parte do abono seja destinada aos gastos do início do ano, como IPVA, IPTU e as despesas com matrícula e material escolar. "Grande parte da renda dos endividados está comprometida e acaba sobrando muito pouco para se administrar. Por isso, é preciso gastar o que tem e evitar ultrapassar os limites".
A orientação que serve tanto para quem está endividado como para os que não estão no aperto é tomar cuidado para que o décimo terceiro não seja utilizado como entrada para outras dívidas. "Muitas pessoas acabam utilizando o abono, por exemplo, para trocar o carro e acabam assumindo novas prestações durante o próximo ano. É preciso tomar cuidado antes de fazer uma nova dívida e verificar se realmente vale a pena", alerta Vieira.
Levantamento - De acordo com pesquisa realizada pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac), divulgada em outubro, 64% dos consumidores em todo o país pretendem utilizar o décimo terceiro desse ano, assim como nos anos anteriores, para o pagamento de dívidas já contraídas, o que, conforme a Anefac, demonstra que a redução da atividade econômica e inflação mais elevada, aumentaram o endividamento dos consumidores. Entre 2010 e este ano, o percentual de pessoas que usará o 13º para quitar dívidas teve um crescimento de 4%. Ainda conforme o levantamento, mais de 70% dos consumidores têm dívidas contraídas no cheque especial e no cartão de crédito e pretendem utilizar os recursos do 13º salário desse ano para regularizar as contas.
Segundo o órgão, houve uma redução de 5,88% de 2011 para 2012 no número de consumidores que pretendem utilizar o abono para a compra de presentes, o que demonstra maiores dificuldades e preocupações dos consumidores com os gastos neste ano. Prova disso é que houve um aumento no número de consumidores que pretendem gastar valores menores neste natal e uma redução nos que pretendem gastar os maiores valores. Em 2012, 76% dos consumidores pretendem gastar no natal até R$ 500,00, contra 72% em 2011. Entre os que disseram que gastariam mais de R$ 500 no período natalino, houve uma redução de 14,29% nesse ano, comparado a 2011.
Os que pretendem poupar e aplicar parte do salário extra para arcar com as despesas de começo do ano (IPVA,IPTU, material e matriculas escolares) somam 12%. Outros 2% querem realizar compras e reforma de suas residências. Os que informaram que pretendem poupar parte do dinheiro que irá sobrar somam 3%.
Os números da pesquisa da Anefac se aproximaram dos levantados pela enquete lançada pelo Portal A TARDE na última semana, por meio da qual os leitores responderam sobre o que pretendem fazer com o dinheiro do décimo terceiro desse ano. Ao todo, 248 internautas participaram. Desses, 54% disseram que pretendem utilizar o salário extra para pagar dívidas. Outros 36% pretendem guardar o dinheiro na poupança. Já os que vão aproveitar a quantia para comprar presentes nesse fim de ano somaram 4%. A porcentagem de leitores indecisos, que ainda não sabem como vão utilizar o abono, chega a 7%.
Diferente do ano passado, quando estava com o nome sujo no SPC e SERASA e teve de utilizar o salário extra para quitar os débitos do cartão de crédito, a auxiliar administrativa Jamille Mota, de 29 anos, disse que irá utilizar parte da primeira parcela do abono desse ano para pagar a matrícula da filha de 11 anos, em janeiro, e o restante, pretende investir na poupança. "Consegui limpar meu nome em abril desse ano. Fiz um acordo e consegui dividir a dívida, cuja última parcela vou pagar agora em dezembro. Mas apesar de ainda ter débito a quitar, esse ano, com certeza, vai sobrar", alegra-se.
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