quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Maconha recreativa é liberada no estado americano de Washington


Estado aprovou, em referendo, uso da erva apenas para diversão.
Lei vai de encontro com a legislação federal, que proíbe a prática.

Da AFP
O estado americano de Washington se tornou nesta quinta-feira (6) o primeiro dos Estados Unidos a legalizar o uso recreativo da maconha, um fato histórico no país, ofuscado pelo fato de as leis federais ainda proibirem a prática.
Em todo o estado do oeste americano houve festas neste dia 6 de dezembro que tiveram a erva como ingrediente principal, com a entrada em vigor da lei, após um referendo realizado há 30 dias, juntamente com as eleições presidenciais, para legalizar o consumo privado de maconha para uso recreativo.
Cerca de 200 pessoas se reuniram por volta da meia-noite em frente à sugestiva Space Needle, uma torre futurista que domina a paisagem urbana, para festejar sua liberdade recém-conquistada.
"Você pode fumar e não se sentir um criminoso. Realmente não é diferente de beber uma cerveja ou coisa assim, de fato eu penso que é menos nocivo", disse Calvin Lee à emissora de TV local Kiro 7.
Mulher que se identificou apenas como 'Hurricane' fuma maconha nesta quinta-feira (6) em Seattle, no estado americano de Washington (Foto: AP)Mulher que se identificou apenas como 'Hurricane' fuma maconha nesta quinta-feira (6) em Seattle, no estado americano de Washington (Foto: AP)
A norma legalizou para aqueles com mais de 21 anos a posse e o uso de até 28 gramas maconha. Alguns estados americanos já tinham legalizado a maconha para fins medicinais, mas Washington é o primeiro a permitir o uso da erva apenas por diversão.
Os moradores de Colorado aprovaram uma lei similar no mês passado, no mesmo dia em que o presidente Barack Obama foi reeleito, mas os amantes da erva terão que aguardar até 5 de janeiro para comemorar.
Mas, mesmo enquanto havia festa em Washington, os limites da nova lei foram reforçados: o encontro na Space Needle foi tecnicamente ilegal, uma vez que a lei só permite o consumo privado da erva, o que exclui seu uso em público.
Os policiais não agiram e o Departamento de Polícia de Seattle informou que por enquanto só fará advertências verbais, embora em tese possam impor multas de US$ 50 por fumar maconha em uma rua ou praça pública.
A polícia recebeu elogios de um blog, que se tornou um sucesso instantâneo na internet, ao fazer uma abordagem leve para explicar exatamente o que é e não é permitido segundo a nova lei.
Intitulado "Marijwhatnow? A Guide to Legal Marijuana Use in Seattle" (algo como "Maconhajá? Um guia para o uso legal da maconha em Seattle") inclui um link para um vídeo clipe do filme "Senhor dos Anéis", intitulado "A erva mais refinada", mostrando Gandalf soprando, meditativo, anéis de fumaça com Bilbo Bolseiro.
"Gandalf, meu velho amigo. Esta será uma noite memorável", diz Bilbo, enquanto o mago observa, com o olhar nebuloso.
Mais amplamente, as novas leis de Washington e do Colorado vão de encontro à legislação federal, que ainda proíbe o uso recreativo de maconha em todo o país.
"Independentemente de quaisquer mudanças na lei estadual, a venda ou posse de qualquer quantidade de maconha permanece ilegal segundo a legislação federal", indicou o gabinete do promotor-geral em Seattle.
Mas empresários já estão de olho nas lucrativas oportunidades de negócios provenientes da legalização da maconha em Washington. Alguns já ganharam o apelido de 'ganja-preuners' (algo como empresários da erva).
"Nossas lojas terão a atmosfera de uma tabacaria fina", declarou à rede de TV CNN Jamen Shiveley, ex-executivo da Microsoft que espera abrir vários locais de venda de maconha.
"Nosso público alvo são na verdade os 'baby boomers' (nr: pessoas nascidas após a Segunda Guerra Mundial). Esses caras devem ter experimentado na faculdade algumas vezes e provavelmente não tragaram, mas agora está tudo bem se tragarem", acrescentou, em alusão a uma declaração polêmica do ex-presidente Bill Clinton.
Os encarregados das finanças no estado também esfregam as mãos diante da perspectiva de ganhos de 25% de impostos sobre os lucros advindos da maconha vendida legalmente, uma cifra que antes ficava estritamente nas mãos da economia marginal.

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