Ex-militante comunista, arquiteto foi saudado como 'incondicional amigo de Cuba' em mensagem mandada por Fidel
Heloísa Aruth Sturm e Luciana Nunes Leal - O Estado de S. Paulo
Prefeito do Rio, Eduardo Paes, governador, Sérgio Cabral, e vice-governador prestam homenagem
RIO DE
JANEIRO - Entre as muitas coroas de flores enviadas ao velório do
arquiteto e ex-militante comunista Oscar Niemeyer, no Palácio da Cidade,
zona sul do Rio de Janeiro, destacam-se as homenagens dos irmãos Fidel e
Raul Castro. Cada um enviou uma coroa. Fidel lembrou "o incondicional
amigo de Cuba Oscar Niemeyer", e o irmão Raul, o "querido amigo
Niemeyer". O velório foi aberto ao público por volta das 8h30 e deve
terminar às 17h, quando o corpo do arquiteto será levado ao Cemitério
São João Batista. Às 15h, a cerimônia será fechada para amigos e
familiares.
Fidel
assinou a lembrança como "comandante em chefe Fidel Castro Ruiz". Seu
irmão assina a coroa como "general Raul Castro". Uma terceira coroa de
flores foi enviada pelo embaixador de Cuba no Brasil, Carlos Zamora
Rodríguez.
O
engenheiro Giorgio Veneziani, de 86 anos, que trabalhou com Niemeyer na
construção da Catedral de Brasília, foi ao Palácio da Cidade prestar
homenagem ao arquiteto. Ele falou da convivência entre os dois.
"Quando
eu estudava na Itália, Niemeyer já era uma referência. Estivemos juntos
muitas vezes e tivemos outros pontos de convergência, como o
socialismo. E isso nos aproximava ainda mais. Ele me chamava de amigo e
companheiro", diz o engenheiro, acrescentando que fez o revestimento de
mármore de todos os palácios de Brasília projetados pelo amigo.
Fundação.
A família de Oscar Niemeyer quer recuperar a Casa das Canoas,
construída há 60 anos pelo arquiteto. O imóvel, tombado pelo Iphan e que
já esteve aberto à visitação, está fechado e precisa de obras de
infraestrutura. A intenção é transformá-la em uma espécie de museu.
Carlos
Ricardo Niemeyer, um dos diretores da Fundação Niemeyer, informou que a
instituição fará um inventário das obras o arquiteto que estão em
andamento. Segundo ele, a família nunca discutiu a sucessão de Niemeyer.
"A vitalidade dele se devia muito à vontade de trabalhar. Nunca se
levantou o que seria feito quando ele morresse. Seria um desrespeito",
disse o diretor da Fundação Niemeyer.
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