Lucas Cunha A TARDE
Segundo especialistas, o principal desafio das áreas verdes restantes em Salvador é vencer (ou pelo menos amenizar) a queda de braço com a crescente demanda por novas moradias, advindas não apenas da especulação imobiliária e das grandes empresas do ramo da construção civil, mas também por moradores de baixa (ou baixíssima) renda que veem estes espaços como a única oportunidade de ter "a sua casinha".
"Vivemos este processo de estrangulamento. Existem poucas ofertas de espaços para se viver nas grandes cidades, então estas áreas acabam chamando atenção. O que a gente observa é que, para as pessoas, a necessidade de morar acaba sempre prevalecendo sobre a necessidade de preservar", diz Leonardo Euler Santos, coordenador da gestão de Unidades de Conservação do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema).
"Aqui temos de tudo. Gente de classe baixa que invade 20, 30 metros para fazer seu barraco e a classe média alta que invade 3,5 mil metros. E claro, para fazer suas construções, ambos detonam toda a vegetação do espaço ocupado. Fazemos marcação cerrada, visitamos todo o parque todos os dias, mas não temos poder para derrubar as construções".
Para Julio Cezar, sua expectativa é que a população cada vez mais entenda o local como um espaço de preservação ambiental e não só "um parquinho para as diversas construções que estão sendo feitas ao redor do Parque".
Gestão compartilhada - Antes taxado de local perigoso, especialmente pelos assaltos ocorridos em sua ciclovia, o Parque de Pituaçu atualmente possui, segundo dados da gestão do Parque, baixos índices de assaltos: apenas um registro (dentro do Parque) em aproximadamente um ano e meio.
Segundo Julio Cezar, isto faz parte de um processo de gestão compartilhada com a comunidade, que participa de reuniões com o gestor, além de um processo de integração de alguns moradores das redondezas como funcionários do Parque e a contratação de mais seguranças.
"Brinco que somos um dos locais mais tranquilos da cidade. Fora do Parque os assaltos continuam existindo, mas aqui dentro, conseguimos aumentar o número de seguranças. Hoje praticamente não temos mais vandalismo e depredação, a não ser pela ação do tempo, já que o Parque não sofre uma reforma praticamente desde sua criação. Trazer pessoas da comunidade para dentro do Parque dá a elas uma responsabilidade maior com o local. Até mesmo porque, conhecendo a comunidade, os prováveis criminosos já ficam mais reticentes em agir no parque ao encontrar um vizinho, um parente".
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