sábado, 29 de dezembro de 2012

Atitudes positivas: Em 2013, seja um bom vizinho

Diego Barreto  A TARDE

  • Divulgação
    No filme Gran Torino, veterano de guerra redescobre o valor da amizade graças ao vizinho asiático
No dicionário Aurélio, a palavra vizinho significa "aquele que está perto ou próximo". Mas, para muitas pessoas, vizinho é sinônimo de intriga, confusão e problemas eternos. E talvez a proximidade seja mesmo a maior causa de atritos entre pessoas que dividem o mesmo espaço físico e tenham dificuldade para conviver em grupo
Em condomínios de luxo ou em prédios de bairros populares a história é sempre a mesma: moradores insatisfeitos com o outro atolam a caixa de reclamações dos síndicos, que são obrigados a resolver os conflitos que, na maioria dos casos, poderiam ter sido resolvidos em uma simples conversa. Ao menos é o que explica Rafael Andrade, administrador de um condomínio no bairro de Cajazeiras.
De acordo com Andrade, mais da metade das reclamações é de moradores incomodados com o barulho no apartamento de cima, de alguns que não respeitam o silêncio do vizinho e invadem a madrugada com conversas ou som em alto volume: "A maioria das queixas acontece porque as pessoas não entendem que algumas coisas não podem ser feitas fora do horário e incomodam o outro".


"Às vezes algum morador passa do limite e um atrito que poderia ser evitado acontece apenas porque o causador não tem o bom senso, que costumo chamar de 'incomodômetro'. Se acho que estaria incomodado com aquilo, tenho que me tocar que o outro também não vai gostar", afirma o gestor, destacando que as discussões poderiam ser evitadas antes de chegar ao conhecimento da administração.
Relações complicadas - Um dos pontos de maior divergência entre vizinhos é a dificuldade de compartilhar um mesmo espaço. Um local que é comum a todos não pertence a ninguém, especificamente, e a dificuldade é estabelecer um limite entre o social e o privado. As pessoas acham que uma coisa pública lhes pertencem e isso também incomoda o outro que imagina que vai "perder" para o outro e muitas vezes usa a agressividade para fazer valer a norma da convivência.
O psicólogo especialista em análise do comportamento, Elidio Almeida, explica que as decisões tomadas pelas pessoas na sociedade atual são, na maioria das vezes, baseadas no egocentrismo. Segundo ele, as pessoas se acham superiores às outras e as outras também têm esse mesmo pensamento, daí surge a falta de tolerância com o outro.
"Por conta das pessoas pensarem que são mais importantes que as outras é que acham que os seus direitos devem ser atendidos primeiro. Isso cria um ambiente desarmônico, onde passa a imperar a ideia do 'primeiro eu, segundo eu' e as pessoas passam a ter comportamentos inadequados para a resolução dos conflitos, que naturalmente aparecem. E a agressividade é a mais comum dessas atitudes", comenta.
Almeida afirma que a agressividade pode gerar atitudes violentas, que não resolvem o conflito e geram o desgaste da relação. "Imagine que alguém estaciona em uma vaga que lhe pertence e você pede com educação para retirar o veículo. Supondo que você não tem pressa, ele demora a liberar o espaço. Na mesma situação, quando você aborda com um tom de voz mais alto, o outro pode imaginar que a urgência é maior e atender seu pedido somente por medo de um comportamento violento. Por isso as pessoas aprenderam a praticar a agressividade para obter resultado rápido, o que pode até ser usado para ter o pedido atendido, mas as consequências são péssimas", conclui.
Manual de sobrevivência - Para uma boa convivência entre os vizinhos, o especialista dá dicas para uma relação amistosa. A cordialidade é essencial para uma convivência em harmonia e saber quais são e onde começam e terminam os direitos de cada um é o primeiro passo para reduzir o número de conflitos.
Outra atitude que deve ser tomada é a clareza na troca de ideias. Não estando satisfeitos, conversar de forma franca - e civilizada - é ideal para evitar que problemas se estendam e criem mal-estar entre os envolvidos. Encerrar o assunto ali mesmo, sem necessidade de levar à administração, reduz a confusão e evita que ela leve mais tempo para ser resolvida.
E o principal: ter consciência que de que a violência gera mais violência e o respeito pelo outro deve ser primordial. Praticar o diálogo e não querer sobressair ao outro é o ideal para que todos convivam de forma tranquila, considerando que o comportamento gentil aumenta o respeito pelo outro. Mesmo sendo pessoas com costumes diferentes, é possível um ambiente agradável para todos. Vizinhos não precisam ser grandes amigos, mas tolerar e respeitar o outro já é um bom começo.

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