domingo, 30 de dezembro de 2012

Ano de 2012 registrou uma das piores secas vividas pelo Nordeste


Rebanhos da região estão em situação bastante precária.
Produtores são obrigados a se desfazer da criação ou ver os animais morrer.

Do Globo Rural

O semiárido brasileiro enfrentou em 2012 uma daquelas secas históricas. A pior das últimas décadas, quando choveu menos de 1/3 do que era esperado.
Grandes barragens entraram em colapso, projetos de irrigação foram suspensos. Muita gente nem plantou e quem plantou, perdeu.
Até os cajueiros, que costumam tolerar bem períodos um pouco mais longos de estiagem, morreram. Na maior parte das roças, só a mandioca plantada há dois anos rendeu algum dinheiro. Pouco, porque a seca comprometeu o desenvolvimento da raiz.
Rios e barreiros que não costumavam secar, secaram. O carro-pipa virou a salvação para mais de 3,2 milhões de pessoas.
Em Alagoas, teve fila de caminhão para pegar água. Foram 4,3 mil carros circulando pelas estradas do sertão para abastecer mais de 700 municípios. Uma disputa balde a balde, que não poupou nem as crianças.
Em todo o sertão nordestino, a saída do campo para a cidade grande só não aconteceu de forma generalizada, como em outras grandes secas do passado, graças a algumas ações do governo.
Programas como o Bolsa Família e a operação Carro-Pipa, do Exército, evitaram que as pessoas, apesar de todo o sofrimento, passassem mais fome ou sede.
O mesmo não se pode dizer dos animais. Os rebanhos da região estão em situação bastante precária e os produtores são obrigados a se desfazer da criação ou ver os animais morrendo de fome. O pasto virou poeira, cemitérios de animais estão por toda parte.

Até mesmo grandes produtores estão com dificuldade para manter a criação e o que dizer dos pequenos? Para tentar socorrê-los e frear as perdas nos rebanhos, o governo decidiu vender milho nos balcões da Conab praticamente pela metade do valor de mercado.
A demanda explodiu, a burocracia não ajudou e problemas com a contratação do frete para levar o produto até os centros de distribuição deixaram milhares de criadores na fila.
Apenas os criadores que se prepararam chegaram ao fim do ano com algum aperto, mas sem grandes prejuízos. Reservas estratégicas de alimento, como a palma, o feno, a silagem, tecnologias para captação da água da chuva e, principalmente, o acesso à assistência técnica fizeram a diferença.
Nas últimas semanas, choveu em alguns municípios do sertão nordestino. Em Feira de Santana, na Bahia, os rios voltaram a correr, garantindo o peixe e modificando a paisagem, mas infelizmente, na maior parte do semiárido choveu pouco ou nem choveu e a situação continua crítica. Em Jaicós, no Piauí, a água que caiu encheu só um fundinho de açude.

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