quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Quase 900 leitos foram fechados em sete anos, diz governo do ES


Sesa diz que 424 novos leitos serão abertos em 2013, em hospital da Serra.
CRM diz que medidas da Sesa não são suficientes para suprir problemas.

Do G1 ES

Com 81 anos, a aposentada Maria Stinghel precisou ficar três dias internada no corredor do Hospital São Lucas, em Vitória, aguardando para marcar uma cirurgia, após fraturar o fêmur. O caso dela não é isolado, já que nos últimos sete anos, 868 leitos de hospitais foram fechados no Espírito Santo, de acordo com um levantamento da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).
"Fiquei no meio de um monte de gente. Quando eles viram que a barra começou a pesar lá dentro, eles me colocaram em um quarto, mas lá também tinha gente baleada, gente gritando, uma coisa horrorosa. Tenho fé em Deus que ninguém da minha família há de passar pelo mesmo que eu", disse a aposentada.
A cuidadora de dona Maria, Ercília Medeiros, acompanhou a situação e ficou indignada. "Isso é uma vergonha, deixar uma pessoa da idade dela internada no corredor, naquela situação, em uma maca que não podia nem abrir o braço", contou.
De acordo com familiares, enquanto a aposentada ficou internada no corredor, nenhum funcionário deu uma previsão de quando ela conseguiria agendar uma cirurgia. Os parentes, então, entraram com uma ação na Justiça e conseguiram que ela fosse transferida para a Clínica dos Acidentados, em Vitória, e lá conseguiu fazer a cirurgia.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou que o Espírito Santo teve uma redução de 627 leitos nos último sete anos, mas os números da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) são ainda maiores: 868 leitos fechados. "O CFM usa um banco de dados que não é o mais atualizado. Quanto ao número atual, vamos suprir essa redução, que é de baixa resolutividade, mas essa situação vai melhorar com a abertura de dois novos hospitais", explicou o subsecretário estadual de Saúde, Geraldo Queiroz.
A Sesa divulgou que espera abrir o Hospital Jaime Santos Neves, na Serra, no início de 2013, com 424 leitos, metade do que foi fechado nos últimos anos. Para o presidente do Conselho Regional de Medicina, Aloízio Faria de Souza, as medidas anunciadas pela Sesa não vão resolver o problema.
"A gente convive cronicamente com pacientes internados em corredores. Isso é uma vergonha, desrespeito com a dignidade humana e infelizmente não vemos medidas efetivas, vontade de mudar. Rezem, rezem muito para não terem um caso grave de doença", declarou.

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