sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Passa de 100 número de ataques a bancos em 2012 na BA, diz sindicato


Violência contra funcionários provoca traumas, aponta entidade.
Somente em novembro foram registrados 20 casos no interior do estado.

Ruan Melo e Rafaela Ribeiro Do G1 BA

Assalto em Ituberá (Foto: William Ribeiro/Jornal Informe Ativo)Assalto em Ituberá com reféns no mês de junho de 2011 (Foto: William Ribeiro/Jornal Informe Ativo)
Na Bahia, foram contabilizados ao menos 152 casos de ataques criminosos contra agências bancárias e caixas eletrônicos entre os meses de janeiro e novembro deste ano, segundo dados divulgados pelo Sindicato dos Bancários do estado na quinta-feira (29).
Entre as ocorrências estão explosões em caixas eletrônicos (34); assaltos (49) e arrombamentos (48). Somente no mês de novembro, foram contabilizados 20 crimes contra instituições financeiras fora de Salvador. Na capital baiana, foram registrados 29 casos até agora em 2012.
O crime mais recente ocorreu na quinta-feira (29), no município de Ibirapitanga, na região sul, quando 15 homens armados invadiram o Banco do Brasil do município e fizeram três pessoas reféns.
Em setembro, a 1ª Pesquisa Nacional de Ataque a Bancos revelou que a Bahia é o segundo estado brasileiro com o maior número de assaltos a bancos, caixas eletrônicos e instituições financeiras. O estudo aponta que o estado teve 61 casos no primeiro semestre deste ano, ficando no ranking atrás apenas de São Paulo, com 283.
Para Carlos Alberto Gomes, representante do Observatório de Segurança Pública da Bahia, o número de ataques de criminosos contra as agências se deve à falta de segurança nos bancos. “Parece que os bancos em si não estão preparados para os assaltos. Visto os juros que cobram, deveriam ter um sistema de segurança mais adequado. Embora não se possa perder o foco de que eles [bancos] são vítimas, é responsabilidade deles colocar um determinado nível de segurança. Não tem havido investimento adequado por parte dos bancos em segurança”, opina.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou por meio de nota que a segurança dos funcionários e clientes é uma preocupação central dos bancos e que realiza com frequência investimentos em tecnologia. A Federação informou que os bancos são obrigados a submeter à Polícia Federal um plano de segurança para que possam funcionar e que os assaltos diminuíram 83%,de 1.903 no ano 2000, para 322, em 2012, no Brasil.
Impunidade
Segundo Daniel Pinheiro, coordenador do Grupo Avançado de Repressão a Crimes Contra Instituições Financeiras (Garcif), o ataque a agências bancárias no interior da Bahia se deve também à fragilidade das unidades instaladas nas cidades, que não contam com um sistema de segurança adequado. Para ele, o número alto de ataques a bancos está relacionado ainda com a sensação de impunidade por parte dos criminosos.
“Nós temos hoje no Brasil uma lei penal muito fraca em relação a esse crime. O bandido de hoje tem o perfil reincidente. Eles não ficam no presídio. Com certeza, essas quadrilhas vão encontrar pessoas que já tem quatro, cinco pessoas com processos”, afirma o coordenador.
agência (Foto: Ricardo Bispo/Arquivo Pessoal)Caixa eletrônico de agência em Santa Terezinha,
na Bahia,  foi explodido por assaltantes
(Foto: Ricardo Bispo/Arquivo Pessoal)
Traumas
O presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, Euclides Fagundes, avalia que a violência com que agem as quadrilhas  provoca traumas nos funcionários das unidades.
“Essas questões geralmente deixam sequelas. Nós temos pessoas que têm mais de 10 anos que aconteceram os assaltos e têm problemas de saúde até hoje”, conta.
Segundo Fagundes, como saída para a redução no número de crimes, os bancários apresentaram à Federação Brasileira de Bancos uma proposta que prevê aumento no número de câmeras instaladas nas unidades, além da obrigatoriedade de portas giratórias. “Tudo isso a gente coloca como importante para amenizar o problema", diz.
Já para o coordenador do Garcif, Daniel Pinheiro, a resolução da criminalidade envolve uma reformulação no sistema legislativo brasileiro. “O arcabouço legal está arcaico. Tudo depende de uma questão legislativa”, propõe.
gerente (Foto: Polícia Militar)Gerente foi fotografado para avaliação de equipe
especializada da polícia (Foto: Polícia Militar)
Crimes chocantes
Na quarta-feira (28), um gerente do Banco do Brasil de Caetité, no sudoeste da Bahia, ficou 14 horas com duas bananas de dinamite conectadas a um celular amarradas ao corpo.
De acordo com o delegado titular da cidade, Luis Cláudio Albuquerque, a vítima ficou em um veículo rodando, com um capuz na cabeça, com quatro criminosos pela cidade.
Após ter saído de carro com os criminosos, o gerente foi orientado a voltar para casa e dormir com o artefato, sob ameaça da quadrilha. No outro dia, a vítima teve que obedecer às orientações do grupo para pegar o dinheiro no banco. A quantia foi entregue e o grupo fugiu em seguida. O gerente não ficou ferido.
No dia 12 de novembro, um outro assalto envolvendo gerente de agência bancária aconteceu na cidade de Barra do Choça, no sudoeste da Bahia. Homens armados invadiram a casa do homem e o obrigaram a retirar o dinheiro do cofre do banco enquanto mantinha a esposa dele como refém.
Já no dia 7, as agências do Banco do Brasil, Bradesco e Caixa Econômica foram assaltadas em Ituberá, sul da Bahia, segundo a Polícia Militar da cidade. De acordo com a PM, 15 homens armados invadiram as unidades que ficam próximas umas das outras, todas localizadas no centro do município.
No mês de junho, um jovem de 21 anos levou um tiro durante um assalto a banco em Ituberá e morreu no Hospital de Base de Itabuna.

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