Economista de 25 anos quer percorrer 20 mil km ao longo de 20 países.
Sem experiência anterior como ciclista, ele pedala cerca de 80 km ao dia.
Sem experiência anterior com viagens sobre duas rodas – “nem bicicleta eu tinha”, conta –, Gabriel saiu em junho da Cidade do México rumo a Londres levando apenas a passagem de ida.
O mexicano Gabriel Tarriba em uma das paradas da sua viagem, na Sérvia (Foto: Arquivo pessoal)A data de volta é uma incógnita. A ideia é essa mesmo: nada (ou quase nada) de planejamento. “Queria fazer uma viagem sem restrição de tempo. Por uma vez na vida, quero ser livre para poder mudar de rota. O único compromisso que eu tenho é a intenção de chegar à China, mas, se eu mudar de ideia no caminho, tudo bem”, explica.
Na garupa, ele carrega “o indispensável”: barraca de camping, saco de dormir, toalha ultraleve, canivete suíço, câmeras fotográficas, garrafa d’água e caderno de anotações são alguns dos itens.
A bicicleta de Gabriel, com sua bagagem (Foto: Arquivo pessoal)Nos primeiros meses, quando o clima estava mais quente e menos chuvoso na Europa, ele dava preferência a se hospedar em campings. Agora, lança mão principalmente de albergues da juventude e hotéis econômicos.
Seguindo a filosofia de não planejar muito, Gabriel não reserva quartos com antecedência. O máximo que faz é listar alguns hotéis baratos da cidade no dia anterior – isso se ele conseguir usar a internet. “Uma vez, na República Tcheca, tive que percorrer quatro cidades diferentes até conseguir hospedagem. Foi bem desagradável, tive que pegar a estrada à noite. Mas não aprendi a lição. Continuo deixando pra procurar no dia em que chego ao lugar”, conta, rindo.
Gabriel com sua bicicleta em estrada na República Tcheca (Foto: Arquivo pessoal)Em maio, ele abandonou o emprego de analista econômico de uma organização sem fins lucrativos e, no mês seguinte, pegou o voo para Londres.
A sugestão de usar a bicicleta como meio de transporte veio de um colega de trabalho. Gabriel achou uma boa ideia por dois motivos: a autonomia de não depender de trens ou ônibus e a possibilidade de curtir mais o caminho. “É uma forma de ser livre, porque você depende apenas das suas próprias pernas. Além disso, dá para ver como vai mudando a paisagem, as cidades. Você absorve cada pedaço de terra“, afirma.
Ele diz que não se preparou fisicamente e que demorou de duas a três semanas para se acostumar. “Quase morri no primeiro dia. Tive que empurrar a bicicleta várias vezes”, lembra, rindo.
Hoje, ele pedala, em média, 80 quilômetros ao dia, mas já chegou a fazer 120 quilômetros de uma vez, em seis horas.
Foto tirada por Gabriel na Alemanha (Foto: Arquivo pessoal)O intercâmbio com outros viajantes é mais frequente. Um deles, inclusive, já ofereceu hospedagem em sua casa no Quirguistão. "São pessoas com experiências totalmente diferentes da minha."
Mesmo assim, às vezes a sensação de solidão é inevitável. “Em alguns momentos você pensa na vida que deixou para trás e se sente meio alheio, como um observador de tudo, que não participa muito. Mas isso faz parte da experiência. E você aprende muito sobre si mesmo“, diz.
Mesmo sem uma data de volta estabelecida, ele arrisca um palpite. "Se tudo correr bem, devo voltar ao México em agosto ou setembro de 2013. Mas tudo pode mudar pelo caminho.”
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