Donos relembram momentos mais marcantes dos bichinhos.
Serviços especializados, como crematório, já estão disponíveis em Belém.
Sem Átila Muralha há 4 meses, a designer gráfica Taíssa Cunha diz que a saudade ainda é intensa. “Sinto falta dele todos os dias. Era meu amigo, meu companheiro, a alegria da casa”, conta. Átila era um cão da raça yorkshire, e faleceu no último mês de junho, aos 3 anos de idade, devido a complicações da erlíquia, uma doença causada por carrapatos.
A designer gráfica Taíssa Cunha mostra a urna especial que fez para as cinzas de seu cachorro (Foto: Ingrid Bico/G1)
O cachorrinho foi o primeiro animal de estimação da família de Taíssa.
Segundo ela, Átila conquistou todo mundo logo de cara. “Eu ganhei ele
num dia inesperado. Saí para almoçar com uma amiga, que por coincidência
tinha um filhote de yorkshire. Como eu já estava procurando por um há
bastante tempo, achei tudo coisa do destino, e sabia que era ele, que eu
tinha que ficar com ele”, lembra Taíssa, emocionada.
Taíssa fez uma tatuagem para homenagear seu
cachorro (Foto: Ingrid Bico/G1)
Assim como se fosse uma criança, Átila participava de todas as
atividades da família. “Eu levava ele pra tudo que é canto. No shopping,
na praia, na balada, em viagens, ele sempre estava conosco. Uma vez foi
até para um bloco de carnaval só de cachorros, no Rio de Janeiro! Todo
mundo sempre ficava impressionado como ele era obediente, e sabia se
comportar. Parecia que ele entendia tudo mesmo, e olha que nunca
adestramos ele profissionalmente, nem nada. Ele era muito especial”,
conta.cachorro (Foto: Ingrid Bico/G1)
Para Taíssa, a alegria e a força são as principais lembranças deixadas pelo companheiro. “Ele sempre nos alegrava. O que eu mais sinto falta é de tê-lo por perto porque ele era alguém que me entendia, me ouvia, dormia comigo, me escutava... Às vezes eu chegava em casa estressada do trabalho e só de ver ele aqui já melhorava meu dia. Ele foi muito forte, aguentou bem o tratamento, e lutou muito para se recuperar. Mas infelizmente acabou falecendo”, explica.
Depois de um acidente, cachorro ganhou até cadeira de rodas
Valentino era um cocker spaniel “muito dócil e sociável”, como lembra a pesquisadora Luana Lima, sua dona. “Quando ele chegou na minha vida eu era uma adolescente em época de vestibular, mas tinha que cuidar dele, passear, dar banho, comida, pois esse foi o trato com a minha mãe. Como morávamos em um condomínio fechado, logo o Valentino fez amizades com as crianças, que muitas vezes íam até a minha casa chamá-lo para brincar”, conta.
O cocker spaniel Valentino acompanhou Luana durante 16 anos (Foto: Luana Lima/Aquivo Pessoal)
Durante os 16 anos que viveu, Valentino sempre acompanhou Luana em
todas as mudanças, tanto na vida pessoal quando na profissional. “Ele me
acompanhou nos momentos mais difíceis da minha vida, chorei e sorri
muito com ele, pois de uma adolescente virei uma mulher. Enfrentei o
vestibular, a faculdade, o mestrado e o doutorado com ele. E quando
finalmente passei em um concurso federal, que era o meu sonho, ele
faleceu. É como se ele tivesse esperado eu conseguir tudo que eu
queria”, lembra.Uma peculiaridade chamava a atenção de quem conhecia o cachorro: ele só tinha três patas. “Quando ele tinha um ano de idade, em 1997, viajamos para o interior do Ceará. Como ele só passeava sem coleira, acabou acontecendo um acidente e ele foi atropelado. Depois de três meses internado, e cinco cirurgias, não conseguimos salvar sua patinha. O veterinário até falou para sacrificarmos o Valentino. Dissemos que o queríamos vivo, pois ele era único no universo, e ele recebeu alta em 24 de dezembro. Foi o natal mais pobre que passamos. Minha mãe não tinha condições de comprar presentes, pois gastara todo o dinheiro com o tratamento dele. Mas na verdade, o melhor presente do mundo foi passar a noite de natal com ele vivo na nossa família e em casa”, conta Luana.
Valentino precisou de uma cadeira de rodas para se
movimentar normalmente
(Foto: Luana Lima/Aquivo Pessoal)
Durante algum tempo, Valentino conviveu normalmente com apenas as três
patas, mas quando completou 13 anos, começou a sentir dificuldades para
caminhar. “Então comprei uma cadeira de rodas para ele. Quando o
coloquei na cadeira, ele saiu correndo e não queria mais sair dela! Ele
sorria muito quando ganhou o presente”, lembra Luana.movimentar normalmente
(Foto: Luana Lima/Aquivo Pessoal)
Valentino morreu este ano, de mal de Alzheimer. “Ele passou a tomar medicamentos, fazer fisioterapia, terapia ocupacional canina. Mas não teve jeito. Ele foi perdendo as funções, pois é uma doença degenerativa e nos cães progride muito rápido. No final já tinha que alimentá-lo e dar água com uma seringa. Aprendi até a dar injeção, pois não queria deixar ele internado sozinho numa clínica para tomar as medicações. Até que um dia, ele parou de respirar”, conta Luana.
“Sinto falta de tudo. Da festa que ele fazia quando eu chegava, de como ele ficava ao meu lado quando eu estava triste, da companhia incansável dele ao meu lado, do cheirinho dele”, conta a pesquisadora.
Crematório para pets oferece serviço especializado
Além da saudade que deixaram, Átila e Valentino tem outro ponto em comum. Ambos foram cremados. O serviço é uma alternativa para quem não tem como realizar um funeral tradicional para seu animal de estimação, especialmente aquelas famílias que moram em apartamentos e não dispõem de um quintal para enterrar o bichinho.
“Quando o Valentino morreu, minha mãe estava em Fortaleza. Então a equipe do crematório conservou o corpo dele até ela chegar, uma semana depois. Pudemos nos despedir, e velar por ele. Foi muito importante para a minha mãe se despedir, e então assistimos a sua cremação. No final pegamos as cinzas e minha mãe levou para Fortaleza, para o condomínio onde morávamos, e onde ele passou os momentos mais felizes da sua vida”, conta Luana.
Urna tem fotos de todos os momentos da vida do
yorkshire Átila Muralha (Foto: Ingrid Bico/G1)
A cremação de Átila Muralha também teve uma pequena cerimônia, com a
presença da dona, Taíssa, e da mãe dela, Katarine Cunha, que eram as
mais apegadas ao cachorro na família. “Nós nos despedimos, e depois da
cremação, levamos as cinzas dele para a praça Batista Campos, aqui em
Belém, e jogamos na árvore que ele mais gostava”, lembra Taíssa.yorkshire Átila Muralha (Foto: Ingrid Bico/G1)
Sócios criaram crematório que oferece serviço
especializado para pets em Belém
(Foto: Ingrid Bico/G1)
Em Belém, a iniciativa de disponibilizar este tipo de serviço foi de
Daniel Medeiros, universitário e filho de um dos sócios do
empreendimento. “Percebemos essa lacuna aqui em Belém, e tivemos uma
aceitação muito boa. É importante terminar o ciclo, dar um destino digno
ao bichinho, que afinal fez parte da família por um bom tempo”,
explica.especializado para pets em Belém
(Foto: Ingrid Bico/G1)
De acordo com Fábio Medeiros e Antônio Carlos, proprietários do negócio, todos os clientes acabam ligando depois de um tempo, para agradecer pelo apoio e pelo cuidado com os animais nesse momento tão delicado. “Nós aprendemos muita coisa com eles, vendo a relação entre os animais de estimação e as famílias. Não tem como segurar a emoção. Alguns trazem a caminha, os brinquedos, para serem cremados junto com o animal. Certa vez ouvimos de um cliente que realizar essa cerimônia de despedida dá uma certa tranquilidade à família, de saber que um ciclo foi encerrado, e que tudo terminou da forma mais digna possível. É uma sensação de alívio, de dever cumprido”, pondera Fábio.
Um sítio longe do centro de Belém abriga o crematório exclusivo para animais de estimação (Foto: Ingrid Bico/G1)
A cremação dos animais pode ser realizada em uma cerimônia individual
ou coletiva, ambas com datas previamente marcadas. Para contratar este
tipo de serviço, o investimento varia entre R$ 140 e R$ 750 por animal.
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