domingo, 30 de setembro de 2012

'Casos de violência sexual infantil vão aumentar', estima delegada no AM


Casos de 2012 representam 63% do total registrado no ano passado.
Pais e padrastos são os principais autores identificados dos crimes.

Girlene Medeiros Do G1 AM

Depca aponta que pais e padrastos são os principais autores (Foto: Girlene Medeiros / G1 AM)Depca aponta que pais e padrastos são os principais autores (Foto: Girlene Medeiros / G1 AM)
O número de casos de violência sexual de crianças e adolescentes vem crescendo em Manaus. Durante todo o ano de 2011, foram registradas 851 ocorrências de abuso sexual. Só no primeiro semestre deste ano, a estatística já chega a 63% do total do ano passado, são 543 crimes registrados pela Delegacia Especializada em Proteção à Criança e Adolescente (Depca). A perspectiva de aumento dos dados preocupa a titular da delegacia, Linda Gláucia de Oliveira. “Se a situação continuar nessa proporção, os casos vão aumentar”, ressaltou.
No ano passado, a Depca registrou 732 casos de estupros vulneráveis, quando a vítima possui idade de zero a 14 anos. A denominação "estupro" é apontada para adolescentes com idade de 14 a 18 anos. Já neste primeiro semestre, o número de estupro vulnerável já chega a 464 casos. Os demais tipos de estupros somam 79. As estatísticas indicam ainda que as ilegalidades atingem mais o sexo feminino. São 755, em 2011, e 495, este ano.
A delegada Linda Gláucia atribui o crescimento dos casos à concentração dos registros das ocorrências em uma mesma delegacia e à atuação de campanhas educativas na mídia e nas escolas. “Agora reunimos as ocorrências, mas crime sempre aconteceu só que antes não se divulgava tanto. À medida que há a informação, a sensação de impunidade diminui e o cuidado com a imagem da vítima motivam a realização das denúncias”, afirmou a titular.
Quando um Boletim de Ocorrência (BO) é feito, de acordo com os procedimento da Depca, há um sigilo mantido em relação à imagem da vítima por ser menor de idade e por se tratar de um caso que traz transtornos públicos para quem sofre a agressão.

“Quando a criança ou o adolescente vê notícias na imprensa sem a identificação, pensa que também pode denunciar um caso sem precisar ser identificado”, disse a delegada Linda Gláucia.
Após o registro da ocorrência, há um trabalho multidisciplinar feito entre a Polícia Civil e os setor de psicologia e assistência social que acompanham a vítima para a reintegração na sociedade. Segundo a titular da Depca, uma vez vítima de violência sexual, o menor tende a se excluir do convívio social. “Dependendo do caso, a gente orienta a mudar de endereço, mudar de escola ou banir a proximidade com parentes envolvidos no crime. Infelizmente, tem pais que nem acham importante esse tipo de cuidado”, ressaltou.
Pais e padrastos
De acordo com as estatísticas da Depca, a figura do padastro é a mais apontada como autor dos crimes. Em 2011, foram 161 padrastos envolvidos com violência sexual. Já, em 2012, o número já chega a 82. Os números expressivos só perdem para a figura do pai. “É preocupante saber que pais de crianças de até seis anos sofrendo a ação dos próprios pais que deveriam ser aqueles que indicam o certo e o errado. Um dos pilares da família que chega a ameaçar o próprio filho”, frisou.
A delegada mencionou que 77 pais, no ano passado, e 55 pais, em 2012 estiveram envolvidos no crimes sexuais contra a criança e o adolescente. “O autor do crime, muitas vezes, é aquela pessoa bacana que todos gostam e que ninguém imagina que vá ser um agressor. Muitas mães até duvidam e chegam a dizer que o filho tá mentindo. Na dúvida, venha a delegacia que a gente investiga”, indicou Linda Gláucia.

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