domingo, 26 de agosto de 2012

Chef André Saburó mostra em Tiradentes talento que vem da infância


André Saburó era levado pelo pai para comprar peixes e frutos do mar.
Antes de administrar o restaurante, ele passou por várias funções.

Alex Araújo Do G1 MG, em Tiradentes
André Saburó (Foto: Alex Araújo/G1)André Saburó (Foto: Alex Araújo/G1)
O chef pernambucano André Saburó, de 35 anos, viajou mais de 2 mil quilômetros para participar do 15º Festival Cultura e Gastronomia Tiradentes, na Região Central de Minas Gerais. Ele considera o evento um dos melhores do Brasil e do mundo porque há uma troca de experiência constante. “A gente leva um pouco de cultura de uma cozinha para outra e vai agregando para a cultura gastronômica”, definiu.
Saburó está à frente do "Quina do Futuro",. uma das tabernas japonesas mais tradicionais de Recife, que funciona em um sobrado na Região Norte da capital pernambucana. O chef comandou um festim junto com chef amazonense Felipe Schaedler na noite de sexta-feira (24), e na tarde de sábado (25), falou na Escola Senac sobre "Culinária Japonesa em Pernambuco". O G1 MG conversou com André Saburó pouco antes do curso sobre sua carreira.
Saburó contou que praticamente nasceu dentro da cozinha e que vive no ambiente da gastronomia desde que era criança.“Quando eu tinha uns 5 ou 6 anos, o meu pai me acordava para eu ir ao mercado. Era uma grande diversão. Ele me ensinava a escolher os peixes e os frutos do mar”, relembrou. Esta rotina durou até o menino virar adolescente.
Dois anos mais tarde, aos 16 anos, ele foi para os Estados Unidos fazer intercâmbio e lá cursou a disciplina culinária doméstica. Foi a partir deste momento que despertava no jovem a vontade de virar chef de cozinha. “Vi aí que era disso que eu gostava”.
Ele retornou ao Brasil e disse que não voltaria à América do Norte, mais especificamente para estudar administração internacional na Universidade de Dallas. Apesar de ser dono de restaurante, ao falar com o pai sobre o novo anseio, o patriarca não gostou e reprovou a ideia do filho. “Pedi a ele para entrar no restaurante e ele disse que não tinha vaga, mas depois me deu a função de lavar pratos”. Esta atividade Saburó desempenhou durante três meses. Depois o pai explicou: “Para ser um bom cozinheiro é preciso ser rápido, higiênico e organizado. A pia dá essa experiência”, referiu o homem à lavação das louças.
André Saburó (Foto: Alex Araújo/G1)André Saburó (Foto: Alex Araújo/G1)
Depois, o jovem aprendiz foi promovido para cortar os legumes e o frango. Neste trabalho, ele ficou por seis meses. Garçom por um ano, Saburó conta que foi no salão onde mais aprendeu, por causa das reclamações dos clientes. Na sequência foi para o caixa e, neste período, teve a ideia de inaugurar uma entrega em domicílio. “Falei com o meu pai para contratarmos um motoqueiro para que ele fizesse as entregas, mas ele disse que quem levaria os pedidos seria eu. Eu ia a caráter, com quimono e faixa branca com a bola vermelha da bandeira japonesa amarrada na minha testa”, contou. Como entregador, Saburó trabalhou mais um ano, e em funções administrativas, na sequência.
Após todas estas experiências, o experiente comerciante mandou que o filho trabalhasse com o irmão. “O meu tio me ensinou a amolar a faca, a abrir o peixe, me ensinou onde ficava a espinha”. Cinco meses se passaram e ele conseguiu fazer o primeiro sushi. De volta ao restaurante do pai, aprendeu os mais variados pratos e a trabalhar com o visual deles. “Primeiro, o cliente come com os olhos”, ressaltou Saburó referindo à importância da apresentação da comida junto ao cliente. Com todo aprendizado, ele conseguiu virar o sushiman-chefe do restaurante do pai e, um pouco mais tarde, assumiu de vez toda a cozinha e a parte administrativa. Três meses depois, o patriarca morreu.
Saburó relembrou também que o pai, no início da carreira como comerciante, vendia pastéis japoneses em uma feira e, aos poucos, foi crescendo. Abriu um box, foi ampliando, apostou na comida japonesa e abriu o primeiro restaurante em um local que ficava embaixo da casa onde a família morava. Com 25 anos de trabalho e dedicação, os negócios se expandiram e Saburó administra um dos maiores restaurantes de comida japonesa em Recife.

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