domingo, 29 de julho de 2012

Em GO, criação de perus movimenta economia de município de Mineiros


Brasil é o segundo produtor mundial de carne de peru, ave nativa dos EUA.
País ocupa o primeiro lugar na criação e no consumo da ave.

Do Globo Rural

O município de Mineiros fica no sudoeste do estado de Goiás. Tem 53 mil habitantes e leva este nome em homenagem aos fazendeiros do Triângulo Mineiro que se estabeleceram por lá no final do século dezenove. Uma das principais fontes de renda da região são as granjas de criação de perus, que abastecem um frigorífico gigantesco. Por este motivo, Mineiros também é conhecida como a terra do peru.
Toda a carne produzida é exportada para a Europa, África e Ásia. O frigorífico abate 28 mil perus por dia, que rendem quase 200 toneladas de carne.
Mineiros (Foto: Arte G1)
A carne do peru não fica em Mineiros, mas gera muita riqueza, uma delas é o emprego. Cerca de 10% da população ativa da cidade está ligada à produção de peru.
Os ovos que dão origem aos peruzinhos vêm de muito longe. As matrizes puras são desenvolvidas em Lewisburg, nos Estados Unidos, e incubadas em Palmas, no estado do Paraná. Com um dia de vida os peruzinhos viajam 1.600 quilômetros para chegar em Mineiros.
Mas não são eles que vão para as granjas de engorda e sim os filhos deles. A granja encarregada de alojar os peruzinhos até a fase reprodutiva chama-se matriseira. Para entrar no local é preciso tomar banho e vestir roupas e calçados especiais. Em cada ambiente existem cuidados extras para evitar as doenças. Os machos e as fêmeas são mantidos em galpões separados.
São cinco aves por metro quadrado totalizando 6.500 em cada galpão. Ao contrário das fêmeas, os perus são muito barulhentos. A idade reprodutiva deles começa por volta dos sete meses. O cruzamento é feito através da inseminação artificial.
Assista ao vídeo com a reportagem completa e confira como funciona o processo de inseminação artificial.
Um teste chamado de ovoscopia é feito aos 15 dias de incubação para saber se os ovos estão galados. Luzes são acesas embaixo das bandejas, os que estão férteis não permitem a passagem da luz, os outros não desenvolveram o embrião e serão descartados.
Três dias antes do nascimento dos filhotes, os ovos entram em uma máquina, que foi desenvolvida para aplicar uma vacina no peito do peruzinho que está prestes a nascer. Para acertar o alvo, os ovos são colocados de pé e com a parte maior para cima.
Depois do nascimento é preciso separar os machos das fêmeas. A sexagem é um trabalho feito por gente especializada. A diferença é pequena e difícil de enxergar. A extremidade do órgão sexual feminino é lisa e ovalada e a do órgão masculino tem uma cavidade no meio.
Separados por sexo, os peruzinhos serão distribuídos aos produtores que fazem a segunda fase da criação, chamada de iniciação. São ao todo 13 granjas que alojam quase 500 mil aves por mês.
A oferta de trabalho atrai gente do país inteiro. Jair Resende está recebendo 44 mil peruzinhos. Nos primeiros dias o trabalho dele é dobrado, Jair passa o dia inteiro no galpão ensinando os filhotes a encontrar o caminho da ração e da água.
Cumprida essa fase, a granja funciona quase sozinha. A temperatura é mantida entre 28 e 30 graus, quando necessário, os exaustores renovam o ar e o abastecimento dos comedouros e bebedouros também é automatizado.
Com apenas um dia de vida, os peruzinhos pesam 60 gramas e têm de ganhar 18 quilos em 135 dias para serem encaminhados para o abate. Comparando com o frango, eles chegam à idade de abate bem mais cedo que o peru, por volta de 40 dias.
A última etapa da criação começa aos 37 dias de vida, quando os perus vão para as granjas de engorda. São ao todo 94 criadores que trabalham no sistema de integração com o frigorífico. A empresa fornece os animais e a assistência técnica.
O contrato entre os criadores e o frigorífico foi firmado antes da instalação das granjas. O projeto foi financiado pelo Banco do Brasil através do FCO, Fundo de Desenvolvimento do Centro Oeste. O frigorífico garante o pagamento das parcelas do banco, adianta o dinheiro para os custos da granja e ainda libera uma retirada mensal fixa para cada criador, o saldo líquido, uma espécie de preço mínimo, que pode aumentar dependendo da produtividade da granja.
As granjas estão contribuindo para a diversificação das atividades das fazendas da região. Cada núcleo com dois galpões ocupa apenas quatro hectares. Os núcleos obedecem uma distância mínima e são isolados por barreiras de eucaliptos para evitar a transmissão de doenças. No restante da área, cada um toca um tipo de negócio.
A produção agrícola de Mineiros também foi beneficiada pela criação de perus, hoje as fábricas de ração consomem quase todo o milho e a soja da região. Somando tudo calcula-se que mais de 10 mil pessoas estejam envolvidas direta ou indiretamente com a atividade.
O Brasil produz 337 mil toneladas de carne de peru por ano, 90% é exportado já que o consumo no Brasil fica muito restrito à época de Natal.

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