quinta-feira, 28 de junho de 2012

Unesco cobra do Brasil medidas para conservação de Brasília


Comitê espera em fevereiro relatório sobre progressos na conservação.
Perda de título de patrimônio nunca esteve em discussão, diz Iphan.

Rafaela Céo Do G1 DF

Praça da 308 Sul: projeto paisagístico de Burle Marx (Foto: Jamila Tavares / G1)Praça da 308 Sul: projeto paisagístico de Burle Marx
(Foto: Jamila Tavares / G1)
O Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco aprovou nesta quarta-feira (27), em reunião em São Peterbursgo, na Rússia, o documento elaborado por uma missão do órgão em junho passado que aponta uma série de problemas na conservação de Brasília.
O órgão determinou que o Brasil deve apresentar, em fevereiro de 2013, um relatório mostrando os progressos empreendidos na manutenção de Brasília como patrimônio da humanidade.
O relatório do governo brasileiro será avaliado na 37ª Reunião do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco, em junho do próximo ano. O comitê pode acolher o texto, sem novas ressalvas, caso as informações fornecidas sejam consideradas satisfatórias, ou produzir novas recomendações e comentários, se a atuação brasileira para a conservação da capital for entendida como insuficiente.

O colegiado, formado por representantes de 21 países, confirmou os principais pontos do relatório preliminar que indicou os problemas nos cuidados com a cidade. O documento foi produzido a partir da visita feita por especialistas do organismo internacional, em março deste ano.
A Secretaria de Cultura do Distrito Federal divulgou uma nota onde informa que vai continuar trabalhando pela preservação do projeto original de Lúcio Costa tombado pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade.
Na nota a secretaria diz que está negociando junto ao governo a restauração de 100% do patrimônio tombado de Brasília, até o ano de 2014.

Entre as causas das falhas na conservação da capital federal estão a especulação imobiliária e pressão relacionada à Copa do Mundo de 2014, indica a avaliação. Alguns empreendimentos, como o Estádio Nacional de Brasília e o Veículo Leve sobre Trilhos,  diz o estudo, não respeitavam as diretrizes de conservação.
A missão também apontou “o estado grave de deterioração” da W3. Os especialistas observaram a alteração do uso residencial das casas geminadas e consideraram fundamental a intervenção na área para evitar expansão das irregularidades.
O desenvolvimento das 30 regiões administrativas do DF também foi alvo de avaliação. A orientação da Unesco é por uma estratégia de desenvolvimento que considere o Plano Piloto e essas áreas que circundam a capital federal.

Manutenção do títuloNo início de junho, quando da divulgação do relatório preliminar de avaliação da visita, o governo do Distrito Federal comemorou a manutenção do título de patrimônio humanidade.
A assessoria do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) explica, porém, que apesar da inspeção da Unesco ter avaliado o estado de conservação da cidade, o título não esteve em risco.
A perda de título de patrimônio da humanidade não é um rito sumário ou corriqueiro. É iniciada com a inclusão do sítio na lista de patrimônio em perigo. Até hoje, desde que a Unesco começou a tratar de patrimônios mundias, em 1972, apenas dois sítios perderam o título: Vale do Elba, em Dresden, Alemanha, e o Santuário Oryx, em Omã.

Na reunião do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco deste ano, que ocorre até o próximo domingo (1º), alguns pontos já foram indicados para lista em perigo, entre eles, a cidade mercantil marítima de Liverpool (Reino Unido) e as fortificações da costa caribenha do Panamá. Ambos pela definitiva descaracterização pela qual vêm passando.

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