Procissão marítima acontece em Vitória no domingo (1º).
Pescadores escondem preparativos para decoração dos barcos.
O pescador João Luiz Rodrigues, de 64 anos, participa desde criança da procissão e diz que o segredo é fundamental para uma boa decoração. "A gente sempre se prepara para a procissão, que é o momento mais esperado do ano para os pescadores de Vitória, e sempre acontece um mistério quanto à decoração dos nossos barcos. Às vezes a gente até esconde os enfeites um do outro porque acontece uma certa rivalidade. Os barcos enfeitados mesmo, a gente só mostra na manhã do domingo”, conta o pescador.
São Pedro sempre nos acompanha no mar"
Álvaro Martins
Além de manifestar a fé, os pescadores aproveitam para fazer críticas sociais. “Este é o momento do ano que todos olham para a gente, para a nossa manifestação. Por isso, aproveitamos para decorar o barco com críticas, sátiras, coisas bem pensadas”, disse Robson Oliveira, de 39 anos, que vive da pesca há 20.
Pescadores estão ansiosos para procissão marítima (Foto: Leandro Nossa / G1 ES)
DevoçãoSão Pedro é conhecido popularmente como o santo protetor dos pescadores, e, logo, desperta boa parte da devoção dos homens do mar. Mas, em Vitória, São Pedro também divide o posto de padroeiro e protetor com uma santa que ‘observa’ toda a Baía de Vitória, Nossa Senhora da Penha. O Convento da Penha pode ser visto do píer dos pescadores, que também demonstram muita fé pela padroeira do Espírito Santo.
“Não podemos esquecer da santa, que está ali olhando para a gente, quando enfrentamos tempestades e problemas no mar. A homenagem é para São Pedro mas vale para todos os santos”, diz o pescador João Luiz Rodrigues.
Pescador Helson coleciona histórias em Vitória
(Foto: Leandro Nossa / G1 ES)
Histórias de pescador(Foto: Leandro Nossa / G1 ES)
Como todo bom pescador que se preze, além da fé e devoção, eles têm excelente lábia para contar histórias. Helson Oliveira, de 64 anos, é um exemplo disso. “Aqui na baía de Vitória temos muitas tartarugas. Certa vez a tempestade atingiu o mar e meu barco acabou quebrando, fiquei à deriva. Uma tartaruga estava passando, peguei o casco dela, usei como barco e voltei para a superfície”, relata, aos risos, o homem que tem mais de 50 anos de pesca.
Entre as histórias, também há muitas confusões. “Por todo o mistério que a decoração dos barcos da procissão envolve, muita gente já brigou e até roubou os enfeites um do outro antigamente”, diz João Luiz Rodrigues.
Pescador Helson coleciona histórias
(Foto: Leandro Nossa / G1 ES)
Desvendando o mistério(Foto: Leandro Nossa / G1 ES)
Mesmo com todo o segredo, os pescadores Robson e João Luiz revelaram o que estão preparando para a procissão do domingo. “Vamos fazer uma crítica à pedofilia. Com faixas e um painel com recortes de jornais com as notícias, além de bonecos que representam quem pratica esse tipo de ação, a intenção é conscientizar o povo”, desvenda Robson.
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