sexta-feira, 29 de junho de 2012

Artesãos de Garantido e Caprichoso se dividem entre o boi e o carnaval


Ano se divide entre a festa de Parintins e ao carnaval do Sudeste.
Ansiedade toma conta da cidade na véspera da festa.

Marina Souza do G1 AM

Artesãos do Caprichoso preparam últimos ajustes para a festa do boi bumbá (Foto: Frank Cunha/G1 AM)Artesãos do Caprichoso preparam últimos ajustes para a festa do boi bumbá (Foto: Frank Cunha/G1 AM)
Às vésperas do 47º Festival Folclórico de Parintins, o clima na cidade, localizada a 369 km de Manaus, é de ansiedade. Nesta quinta-feira (28), artesões de Caprichoso e Garantido acertam os últimos detalhes para que tudo fique pronto para a festa no Bumbódromo.
Mesmo em lados opostos, as histórias dos artesãos parintinenses Silvio Nogueira, de 29 anos e de Rildo dos Santos, de 39, possuem características semelhantes: o amor pelo boi de coração e o trabalho dividido entre a festa de Parintins e do carnaval do Sudeste do país.
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Trabalhadores se dividem entre a festa do boi e o carnaval (Foto: Frank Cunha/G1 AM)Trabalhadores se dividem o boi e o carnaval
(Foto: Frank Cunha/G1 AM)
Para o torcedor e trabalhador do boi azul e branco, Silvio Nogueira, a emoção no dia que antecede o Festival é ainda mais forte. "É muito bonito ver todo mundo trabalhando aqui. Nasci no bairro de Palmares, perto do Curral do Caprichoso, que fica na parte azul da cidade. Cresci sendo Caprichoso e há 10 anos trabalho no Azul e Branco. Vivemos de amor por este ano", disse.
Segundo ele, todo o esforço realizado é recompensado. "Ficamos três meses na luta por amor ao boi. Isto ajuda a nossa família, leva a comida para a mesa, mas vai além: criamos um carinho muito grande por todos, uma verdadeira família aqui. Ficamos trabalhando na noite da festa e não assistimos a apresentação, mas é uma adrenalina muito forte só de ouvir o canto da toada e os gritos da torcida. Cada gota de suor vale a pena", declarou.
Últimos retoques são feitos nas alegorias do Caprichoso em Parintins (Foto: Frank Cunha/G1 AM)Últimos retoques são feitos nas alegorias do Caprichoso em Parintins (Foto: Frank Cunha/G1 AM)
O trabalho dele não para depois do Festival Folclórico de Parintins. De acordo com Silvio, após a festa, ele ornamenta a Festa de Nossa Senhora do Carmo, padroeira do município, e depois parte para Santos, onde trabalha por cinco meses na confecção de carros alegóricos para o Desfile das Escolas de Samba do Carnaval de São Paulo.
No lado vermelho, o sentimento é igual. Defendendo o tema "Garantido, Tradição", os preparativos do Boi do Povão são intensos. O bumbá tem como principal objetivo ser novamente campeão, conquistando assim o 29º título.
Artesão do Garantido trabalha com cuidado para deixar alegoria pronta (Foto: Frank Cunha/G1 AM)Artesão do Garantido trabalha com cuidado para deixar alegoria pronta (Foto: Frank Cunha/G1 AM)
O artesão Rildo dos Santos, 39, relatou ao G1 a rotina por trás do Garantido. "São três meses na correria para preparar tudo para o nosso boi brilhar na noite do Festival. O trabalho é pesado, mas depois dá uma forte sensação de dever cumprido", contou.
Apesar da forte rivalidade na ilha, Rildo declarou que, durante seis meses, a tensão entre os integrantes dos bumbás é esquecida. "Passamos parte do ano aqui e outra no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde trabalhamos tudo para o Carnaval. Fico seis meses respirando ares paulistas ao lado de vários torcedores do Garantido. Lá todos nos unimos por um só sentimento: o de ser parintinense".

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