'Prefiro chegar até o fim' diz aluno que estuda à noite em escola sem energia

Colégio fica no assentamento Rio das Pedras, em Barreiras, oeste da Bahia.
Durante o dia, escola pertence a rede municipal; a noite funciona pelo estado.

Do G1 BA, com informações da TV BA

No assentamento Rio de Pedras, em Barreiras, oeste da Bahia, onde moram cerca de 60 famílias. Durante o dia a escola pertence a rede municipal  e a noite o colégio funciona pelo estado. São 105 alunos. Vinte e dois deles esquecem o cansaço do dia inteiro de trabalho para encarar a sala de aula noturna.

Em frente ao quadro, um monitor transmite via satélite as aulas de professores de Salvador. O investimento alto em tecnologia facilitou a vida dos alunos que estudam no primeiro ano, mas há um grande contraste. A escola está sem energia desde o início do ano e para que os alunos não fiquem na completa escuridão. Um cabo que fica exposto no chão traz energia de uma igreja da comunidade.

As únicas cadeiras que existem são velhas e quebradas. Alguns alunos preferem assistir as aulas em pé. “Essas cadeiras são dos alunos do primário, e a nossa do primeiro ano ainda está para chegar”, disse uma das alunas.

Apesar das dificuldades e da falta de estrutura os alunos mostram vontade para continuar nos estudos. “Eu prefiro chegar até o fim dos meus estudos, com fé em deus”, disse outro aluno. Alguns professores viajam até 100km para dar aula no assentamento, enfrentando a precariedade da escola. “Eu acho que o importante é não pensar só em você, mas sim nos alunos”, contou o professor Tiago Luz. O número de alunos na escola poderia ser muito maior. A metade que estudava no local prefere pegar o ônibus para ir a escola mais próxima que fica a 35km de distância.

“Eu pego ônibus aqui as 17h40 e chegamos lá as 19h10. Já chego cansada porque a estrada é ruim e nós passamos mais tempo dentro do ônibus do que na escola. Perco até a vontade de estudar. Quando chego em casa já é meia noite”, conta a estudante Jéssica Leite.

Os ônibus são muito ruins, duros e sujos. São vários tombos que o ônibus dá, então chego na escola toda dolorida e perco até a vontade de estudar”, explica Regiane Leite.

A mãe de uma aluna, que prefere não se identificar, pede melhorias na instituição, com medo que ela feche, prejudicando ainda mais os alunos. “Se tirarmos isso aqui e alguém vier tirar isso da gente vai ser pior. Porque tem alunos que precisam sair, se deslocar dessa comunidade para outra. Então tendo uma escola que tenha uma estrutura melhor, ninguém vai precisar sair daqui para ir para outro lugar”, diz.

A secretaria de educação de Barreiras disse que vai mandar uma equipe no assentamento Rio das Pedras para fazer uma vistoria na escola.