quinta-feira, 31 de maio de 2012

Manifestantes denunciam abandono do Arquivo Público do Pará


Acervo inclui quatro milhões de documentos, alguns únicos.
Funcionários denunciam risco de incêndio no prédio histórico.

Do G1 PA

Nesta quinta-feira (31), a partir das 9h30, pesquisadores, estudantes e profissionais de arquivologia e história fazem um ato em defesa do Arquivo Público do Pará (Apep). Sediado em um prédio histórico, no bairro do Comércio em Belém (PA), o Arquivo está abandonado, segundo os manifestantes.
Durante a programação também serão recolhidas assinaturas que deverão ser encaminhadas à Secretaria de Estado da Cultura (Secult), à qual o Apep é vinculado, solicitando providências para reverter a situação precária do órgão, e ao Ministério Público, para que interceda na questão.
O protesto começou a ser organizado depois de denúncia feita por uma funcionária do arquivo de que um curto-circuito ocorrido na madrugada de 18 de maio poderia ter provocado um incêndio no prédio centenário, pondo em risco o acervo de milhares de documentos. A denúncia ganhou as redes sociais, mobilizando a comunidade acadêmica de Belém e recebendo a adesão de pesquisadores e professores de História da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Segundo a funcionária, Ethel Valentina, o recente curto-circuito não é um fato isolado. Em 2011 teriam sido registradas pelo menos duas ocorrências semelhantes no prédio. Por causa dessa última, aparelhos elétricos, como condicionadores e desumidificadores de ar, começaram a ser desligados todas as noites, certamente acarretando prejuízo para a documentação, que precisa de climatização adequada.
História da Amazônia  – Construído no século XVII para ser a sede do Banco Comercial do Pará, o local onde funciona o Apep é um importante monumento arquitetônico do Estado. Sua função de guarda de documentos produzidos pelo antigo Estado do Grão-Pará e Maranhão e, posteriormente, Estado do Grão-Pará e Rio Negro, data de 1894, sendo oficializada no ano de 1901, quando foi criada a Biblioteca e Arquivo Público do Pará. Apenas em 1986 a biblioteca e o arquivo se separaram, gerando unidades autônomas.
Ao longo de sua história, o Apep constituiu-se como o mais importante arquivo histórico da Amazônia e um dos mais destacados do Brasil. Em suas estantes, cerca de quatro milhões de documentos, muitos em exemplares únicos, levaram a Unesco a conceder ao arquivo o selo “Memória do Mundo”, em função de seu valor histórico e cultural.
Diariamente passam por sua sala de pesquisa estudantes, professores e pesquisadores de História e outras áreas de conhecimento, além de cidadãos buscando informações de caráter pessoal e familiar. "As informações guardadas no seu acervo são fundamentais para a construção do conhecimento histórico da Amazônia. A sua perda certamente comprometeria, de forma irremediável, a memória da região", acredita Ethel Valentina.

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