Dia Mundial do Sem Tabaco é realizado nesta quinta-feira (31) (Foto: Vanessa Bahé/G1) O vício do cigarro atinge aproximadamente 140 mil adultos, entre homens e mulheres, em Manaus. Este número representa 11,9% de fumantes adultos, entre um total de 1.176.470 habitantes maiores de 18 anos na capital em 2011. Os registros de fumantes apresentam queda no estado, de acordo com levantamento do
Ministério da Saúde. Atualmente, a média de fumantes na capital é 2,9 pontos percentuais abaixo da média nacional, calculada em 14,8%.
Uma das maiores preocupações dos profissionais da saúde são os reflexos deste vício. O cigarro ocasiona diversos tipos de doença, como o câncer de laringe. Na região metropolitana de
São Paulo, por exemplo, o número de incidência desse tipo de tumor é de 16 casos para cada 100 mil habitantes, quase três vezes maior que a média mundial, de 6 a 7 casos por 100 mil pessoas.
Segundo dados da pesquisa em Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada pelo Ministério da Saúde em 2011, em
Manaus foram diagnosticados 16 novos casos de câncer de laringe somente na rede pública de hospitais. Em 2011 também foram registrados 23 casos de pessoas que vieram à óbito devido ao tumor na laringe.
Contudo, o percentual de fumantes ativos vem diminuindo a cada ano. De 2006 para 2011, houve redução de 4,3 pontos percentuais, passando de 16,2% para 11,9%. Entre os fatores que influenciaram diretamente na redução do número de fumantes em Manaus, estão as ações voltadas ao combate ao tabagismo, como o Dia Mundial sem Tabaco.
A meta do Ministério da Saúde em todo país é de que 20 a 30% dos fumantes saiam do vício. Em Manaus, esta meta vem sendo superada anualmente por conta de grupos como este. Em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), no bairro Armando Mendes, Zona Norte, um projeto existe há três anos e já apresenta números positivos.
Em 2009, 153 pessoas foram atendidas. Em 2010, o número subiu para 355. No ano passado passou para 627. Desses, 57% deixaram o cigarro, número superior a meta nacional (14,8% da população com mais de dezoito anos).
Riscos à saúde
No Dia Mundial Sem Tabaco, comemorado nesta quinta-feira (31), o
G1 entrevistou o professor da Universidade Federal do
Amazonas (Ufam) e Doutor Honoris Causa, especializado em cabeça e pescoço, João Bosco Botelho, Pós-Doutor em Otorrinolaringologia e Cirurgia Cervico-Facial, pela Universidade François Bichat, na França.
De acordo com João Bosco Botelho, sensação de caroço no pescoço, falta de ar ou dificuldade para respirar, dor ao engolir e rouquidão persistente e sem causa aparentes, são os principais sintomas desse tipo de câncer.
Para os que fumam cigarro industrializado, de palha ou cachimbo, o risco de se desenvolver um tumor na laringe é de 12 vezes maior. Os fumantes passivos também estão sujeitos à adquirirem um câncer de laringe, adverte o doutor.
De acordo com o especialista, os riscos também se estendem para aqueles que consomem bebidas alcoólicas. Para quem bebe um copo de cerveja por semana o risco de desenvolver um câncer de laringe é de quatro vezes maior; para quem bebe dez doses de cachaça por semana o risco é de seis vezes maior para quem bebe dez doses de uísque por semana o risco é de dez vezes maior.
O câncer de laringe pode ser tratado de duas formas, segundo João Bosco. "Dependendo da localização e da extensão do câncer, ele deve ser tratado através de cirurgias, sessões de quimioterapia ou radioterapia, ou através de tratamentos combinados", explicou o médico.
Para reduzir as chances de se adquirir um câncer de laringe, o médico listou dicas em relação à alimentação:
- Consumir bastante proteína, de preferência as encontradas no frango ou peixe;
- Consumir também legumes, verduras e frutas ricas em vitaminas, em especial os que contêm as vitaminas A, B2, C e E, e sais minerais.
- Também devem ser evitados alimentos muito temperados, fritos ou gordurosos e líquidos quentes demais ou gelados.