domingo, 29 de abril de 2012

Concorrência com a Índia prejudica produtores de juta amazonenses


Cheia do rio Solimões também causa prejuízos aos agricultores.
Estoque de cooperativa tem 600 toneladas de fibras à espera de comprador.

Do Globo Rural
A cheia do rio Solimões prejudica a safra da juta e da malva na Amazônia. Os produtores de juta do município amazonense de Manacapuru estão perdendo a produção e enfrentando a concorrência com a Índia. Segundo a cooperativa de produtores de fibra natural da Amazônia, o quilo da juta produzida no estado está valendo R$ 2,50. O produto indiano chega ao Brasil por R$ 1,50 o quilo.
É preciso mergulhar na água misturada à lama para tentar salvar parte da produção. Um feixe de malva seco pesa pouco mais de um quilo, mas encharcado passa dos 20 quilos.
A cheia intensa pegou de surpresa os produtores de fibras naturais da Amazônia. Não deu tempo da juta e da malva crescerem antes da água invadir a lavoura. Edvaldo Menezes perdeu mais da metade da produção semeada em cinco hectares.
O agricultor Oswaldo Lima pegou financiamento no banco para comprar sementes que renderiam sete toneladas de fibras, mas conseguiu colher apenas 1,5 tonelada e não tem como pagar a dívida.
Os produtores também enfrentam a concorrência da Índia. Há 20 anos, Eliana Medeiro trabalha com juta e malva e diz que nunca viu uma crise igual a essa. Ela é presidente da maior cooperativa de produtores de fibra natural da Amazônia, que reúne 242 agricultores.
Seiscentas toneladas de fibras estão no galpão da cooperativa prontas para serem vendidas, mas não há compradores para o produto. Os armazéns das tecelagens ainda estão cheios de juta e malva da safra do ano passado.
Uma das três indústrias de sacos de fibras do Amazonas tem no estoque 1,3 milhão de sacos. Não há comprador porque os principais clientes, os exportadores brasileiros de café, castanha e cacau, compram o produto asiático, que é mais barato. Segundo as tecelagens do Amazonas, os sacos da Índia abastecem quase 70% do mercado brasileiro.

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