Hospitais alegam falta de profissionais de pediatria.
Presidente da Sociedade de Pediatria contesta versão.
Movimentação intensa nas recepções dos hospitais
particulares (Foto: Biaman Prado/ O Estado)
A 1ª Promotoria da Infância e Juventude abriu investigação para apurar os motivos que levaram dois hospitais particulares a suspender o atendimento de pediatria em São Luís. Além disso, o atendimento em outros hospitais depende, em muitos casos, do plano de saúde ter ou não convênio com o estabelecimento.particulares (Foto: Biaman Prado/ O Estado)
O promotor Márcio Tadeu Marques já solicitou informações dos hospitais face à prioridade absoluta do Direito da Criança e Adolescentes, que obriga na forma do art. 227 da Constituição Federal, estado, família, sociedade e inclusive os entes empresariais como hospitais particulares, a prestarem esse tipo de serviço. Além disso, o promotor quer saber do Ministério da Saúde o impacto da medida adotada pelos hospitais na demanda de atendimento do SUS.
"Eu recebi uma petição de um hospital informando que havia essa demanda e que estava aumentando diariamente. Depois, um grupo de pediatras nos procurou demonstrando a mesma preocupação e decidi abrir essa investigação. Já encaminhei ofício solicitando informações da Sociedade de Pediatria do Maranhão, do Conselho Regional de Medicina, dos dois hospitais e do Ministério da Saúde", explicou.
Márcio Tadeu disse, ainda, que encaminhou ofício para as comissões de Saúde e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa para que o assunto venha a ser discutido numa audiência pública.
A pediatra Ana Lourdes Marques, há 26 anos na profissão, disse que a situação é preocupante e que se alguma coisa não for feita agora, ela só tende a piorar.
É inconcebível que São Luís, tendo um milhão de habitantes, tenha tão poucos leitos pediátricos"
Ana Lourdes Marques
"Do jeito que está ficou um caos. Aumentaram os atendimentos nos consultórios, nas UPAS e nos hospitais da rede pública. Nós estamos recebendo pacientes de planos de saúde que não estão sendo aceitos em hospitais particulares e a sobrecarga é cada vez maior", afirmou o pediatra Cláudio Araújo que trabalha nas redes particular e pública.
O diretor da UPC, José Luís Guimarães disse que com o aumento da demanda foi obrigado a aumentar o número de médicos e funcionários, mesmo não há a mínima condição de atender à toda população.
"Nós temos um limite. Temos limites de leitos e de consultórios. Nós não fomos dimensionados para atender a cidade inteira. Com o fechamento dessas unidades veio essa sobrecarga que cria desconforto e insatisfação dos pacientes. Nós estamos, na medida do possível tentando atender a todos os pacientes, mas isso é impossível. Já aumentamos o número de médicos e de funcionários, mas chegamos ao limite da nossa taxa de ocupação".
Direção da UPC diz que hospital está atendendo no limite da capacidade (Foto: Paulo Soares/ O Estado)
A diretora do Hospital Português, Iracema Bringel, informou que decidiu suspender o atendimento de pediatria devido à falta de profissionais especializados. Omesmo motivo foi alegado pelo diretor do Centro Médico do Maranhão, Luís Henrique Bacelar.
"Nós não tínhamos mais como fechar as nossas escalas, principalmente no fim de semana. Nós tivemos um fim de semana de horror. Precisamos de um especialista em cirurgia e não tinha ninguém. Tivemos que apelar para um outro hospital. Nós procuramos esse profissional, mas com o aumento das redes municipal e estadual, os pediatras foram na sua maioria para lá. Nós chegamos a um ponto que estávamos refém dessa situação e sujeitos a sanções dos órgãos de saúde, por isso tomamos essa decisão no passado", justificou.
O que posso adiantar é que não faltam pediatras no Maranhão"
Ronney Mendes
"O que posso adiantar é que não faltam pediatras no Maranhão. Esse é um argumento bastante utilizado, mas eu posso garantir que temos número suficiente de profissionais para que a rede funcione plenamente. E diria mais, atualmente, 30 pediatras estão fazendo residência médica em pediatria no Hospital Universitário Materno Infantil, portanto, não é esse o problema. Não posso falar sobre a gestão dos hospitais porque não estou lá dentro, mas a minha opinião de fora é que talvez pediatria não dê lucro e aí o hospital pode tomar a decisão de atender apenas pacientes que necessitam de outro tipo de atendimento", finalizou.
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