sexta-feira, 30 de março de 2012

DEM cobra manifestação do senador Demóstenes até o início da semana


Segundo presidente da legenda, partido está 'inquieto' e quer respostas.
Gravações indicam vinculo entre senador e bicheiro preso pela PF.

Nathalia Passarinho * Do G1, em Brasília
O presidente nacional do DEM, senador Agripino Maia (RN), cobrou nesta sexta-feira (30) que o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) dê respostas até o início da próxima semana às denúncias de irregularidades no envolvimento com Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal sob a acusação de comandar um esquema de jogo ilegal.
Segundo Agripino, o partido está “inquieto” com o silêncio do senador e aguarda o discurso em plenário prometido por Demóstenes para depois se posicionar sobre uma eventual expulsão.
Como na próxima semana haverá o feriado da Páscoa, o partido quer que Demóstenes se pronuncie na tribuna do Senado até terça-feira (3). Isso porque a maioria dos parlamentares deve viajar na quarta (4).
“Na próxima semana, ele precisa se manifestar. Espero que ele rapidamente se manifeste, já que terá tempo no fim de semana para levantar todas as acusações. O partido quer que ele cumpra o prometido e fale na tribuna no Senado”, afirmou Agripino Maia ao G1.
A assessoria de Demóstenes Torres informou que ele vai passar o final de semana em sua casa, em Brasília, analisando o conteúdo do inquérito em que é investigado por ligação com Cachoeira, preso sob acusação de chefiar uma quadrilha de jogo ilegal. Gravações telefônicas obtidas pelo jornal "O Globo" e publicadas na edição desta sexta mostram que Demóstenes usou do mandato para tentar beneficiar o empresário.
O senador é alvo de investigação em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Na noite desta quinta (29), o ministro Ricardo Lewandowski determinou a abertura de inquérito e a quebra do sigilo bancário do parlamentar pelo período de dois anos - Lewandowski não informou o período de início e fim da quebra de sigilo.
De acordo com Agripino Maia, o DEM está “inquieto” com o silêncio de Demóstenes e a divulgação de novas denúncias a cada dia.
“O partido está inquieto. A posição do DEM vai depender da qualidade do argumento que o senador apresentar. A partir dessa manifestação, o Senado e o partido darão uma resposta”, disse.
Parlamentares do DEM, principalmente deputados, defendem que Demóstenes se afaste da legenda voluntariamente, para evitar desgastes. A avaliação é de que o senador dificilmente conseguirá dar explicações convincentes.
Conselho de Ética
O advogado do senador, Antonio Carlos Almeida Castro, teve acesso nesta sexta (30) às informações da investigação da Polícia Federal, que apontam um vínculo entre Demóstenes e Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso pela PF sob a acusação de comandar um esquema de jogo ilegal em Goiás.
Almeida Castro foi ao Supremo Tribunal Federal pegar cópia do inquérito. Levou apenas o material impresso. As conversas gravadas pela Polícia Federal, ainda não tinham sido transferidas para cerca de 50 DVDs. Segundo o advogado, agora será possível preparar a defesa do senador.
O advogado afirmou que o pedido do PSOL de abertura de processo para investigar Demóstenes no Conselho de Ética do Senado foi precipitado.
“O correto seria esperar a manifestação do Poder Judiciário e não fazer uma inversão – executar uma sentença sem sequer ter havido o processo”, afirmou Castro.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) discorda. Ele diz que Demóstenes tem que ser investigado pelo Conselho de Ética, porque a situação dele afeta a imagem do Senado.
“Fica muito grave porque não é um senador qualquer. É um senador que tem uma tradição de luta muito firme pela ética na política”, disse Buarque.
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) se disse constrangido porque considera Demóstenes Torres uma figura importante na crítica ao governo.
“A democracia precisa da oposição e da critica. Para mim, foi uma decepção enorme tomar conhecimento desses fatos. Agora, a posição do Senado tem que ser rigorosa, sem dúvida alguma”, declarou Requião.

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