terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Plano pode não ser suficiente para setor aumentar área de cana em MT


Área de safra 2011/12 deve chegar a 224 mil hectares no estado.
Mais que investir em áreas, setor fala em mercado favorável.

Leandro J. Nascimento Do G1 MT
Produção de cana-de-açúcar deve ter um grande salto em MS na safra 2011/2012,diz Biosul (Foto: Anderson Viegas/G1 MS)Produtores aguardam liberação de dinheiro para
ampliar plantio (Foto: Anderson Viegas/G1 MS)
A liberação de R$ 65 bilhões pelo Governo Federal com objetivo de aumentar a oferta de cana-de açúçar no Brasil e consequentemente elevar a fabricação do etanol nos próximos anos pode não ser suficiente para que o setor sucrooalcoleiro de Mato Grosso amplie já nesta safra a área reservada à cultura. Restando praticamente um mês para o término do plantio do ciclo 2011/12 o segmento projeta utilizar 224 mil hectares de terra.
Jorge dos Santos, diretor-executivo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindalcool), diz que o plano que prevê a injeção de recursos e financiamentos é positivo. Mas avalia que o produtor mato-grossense está de olho no mercado. Somente com um cenário favorável ele deve apostar na ampliação dos canaviais. Ele ressalta que o setor aguarda a chegada dos recursos às instituições financeiras do estado. Isto porque as contratações não ocorrerão diretamente via Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), mas localmente.
"Estamos terminando a época de plantio. Se esses recursos não saírem nos próximos 30 dias infelizmente eles não serão utilizados para este ano e aí compromete a safra 2013, pois você precisa de 18 meses para a cana ficar pronta e ser utilizada na produção de etanol", destacou o representante.
Nesta safra Mato Grosso deve produzir em 224 mil hectares, um total de 14,1 milhões de toneladas de cana, frente as 13,1 milhões processadas anteriormente. "Se confirmarmos os 14,1 milhões de toneladas não precisaremos aumentar [a produção] a não ser que abra uma janela de mercado. Não é só ter o dinheiro operacionalizado, mas também haver um mercado favorável", salientou o diretor executivo do Sindalcool.
O que o setor considera 'mercado favorável' é segundo Jorge dos Santos a possibilidade de as indústrias mato-grossenses terem condição de exportar etanol para suprir a necessidade do produto naqueles estados brasileiros que vão também ser beneficiados com o plano.
O ramo sucroalcooleiro estima que são necessárias 150 milhões de toneladas de cana para atender de 50% a 55% o consumo de etanol no Centro-Sul brasileiro, a exemplo de Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. "Esses 150 milhões de toneladas de cana são para atender as indústiras que já existem. Há uma defasagem grande na produção. Precisamos incrementar mais 400 milhões de toneladas de cana exatamente para suprir a necessidade de mercado não em 100% mas em até 55% o consumo de etanol", ponderou Jorge dos Santos.
Consumo em queda
Com a diminuição da oferta do produto nos últimos anos e os preços mais altos, o consumidor viu-se obrigado optar pela gasolina na hora de abastecer os carros. Somente em Mato Grosso, o consumo do etanol que em 2010 chegou a 416 milhões de litros, fechou 2011 em outros 336 milhões de litros. Enquanto isso, o consumo da gasolina cresceu 24% no ano passado, chegando a 488,4 milhões de litros. A unidade da federação destina 75% de sua produção para fabricação de etanol.
Juntas, as dez indústrias ativas em Mato Grosso devem produzir nesta safra 842.891 metros cúbicos de tanol. Economista da Faculdade de Economia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Adriano Figueiredo diz que a partir do plano lançado pelo governo, o consumidor pode ser beneficiado em médio e longo prazos com a diminuição do preço do combustível. "O plano deve melhorar as lavouras, a produtividade e a eficiência da cadeia. Em termos de oferta e demanda, deve ajudar. Mas talvez a redução de preços não venha tão rápido", ponderou.
O plano
De acordo com o Governo Federal, três são as medidas em que consiste o plano: a renovação de 6,4 milhões de hectares de cana de açúcar até 2015, com um custo estimado de R$ 29 bilhões; atender à capacidade instalada das usinas, com investimentos na ordem de R$ 8,5 bilhões em 1,4 milhão de hectares para diminuir a ociosidade das usinas.
Segundo o governo, a meta anual para ampliação do canavial engloba 355 mil hectares, com valor estimado em R$ 2,1 bilhões. A maioria das indústrias está atuando abaixo de sua capacidade máxima de processamento da cana-de-açúcar. A ociosidade média estimada é de cerca de 16%.
Já a última medida tem como foco último elevar a oferta de matéria-prima para as indústrias. A demanda por etanol prevista, até 2015, vai exigir ampliação das áreas de produção de cana-de-açúcar em 3,8 milhões de hectares que envolverão recursos na ordem de R$ 23 bilhões, citou em nota o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

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