Agricultores do Médio Solimões estão colhendo as safras.
Plantas produzem fibra natural usada na confecção das sacas de café.
Eles estão colhendo um mês antes do que o previsto, para não perder toda a safra. Mas os pés de malva ainda estão pequenos, não estão maduros. Mesmo o que é aproveitado está verde demais.
Se a planta ficar uma semana dentro da água, o talo apodrece e não dá mais para colher. Socorro é produtora de fibras há 20 anos e diz que nunca viu o Rio Solimões chegar assim tão perto da plantação no mês de fevereiro.
Depois de amarradas em feixes, as hastes ficam em uma área encharcada por pelo menos quatro dias. Aí começa outra etapa a produção, onde a água ajuda.
Os feixes ficam “afogados”, ou seja, submersos para facilitar a retirada da fibra. Esse trabalho começa às seis da manhã e só termina seis da tarde, todo tempo assim, dentro d´água.
Eles dizem que não tem jacaré, nem piranha, mas sobram formigas. São tantas que elas fazem uma espécie de jangada umas sobre as outras para não afundar.
Em outro ponto do médio Rio Solimões, no município de Manacapuru, o maior produtor de fibras naturais do Brasil, Josué Rema conta que a plantação deveria ser colhida no fim de março, mas já está tudo perdido.
Em todo o estado do Amazonas o prejuízo nessa safra pode chegar a 35%.
"A safra deste ano estava estimada em 14 mil toneladas, mas vamos colher nove mil toneladas, quer dizer, de quatro a cinco mil toneladas serão perdidas esse ano”, conta Zacarias Gondim, técnico do Idam, Instituto de Desenvolvimento Florestal Sustentável do Amazonas.
Para piorar a situação dos produtores de fibra do Amazonas eles não receberam ainda a subvenção de R$ 0,20 por quilo, geralmente é paga pelo governo do estado no mês de janeiro para ajudar nas despesas da colheita.
A maior cooperativa da região que reúne 262 produtores já está recebendo a produção do interior, mas ainda não tem para quem vender por causa da concorrência da fibra importada da íÍndia. Mesmo com o preço de R$ 1,70 o quilo, muito abaixo do esperado.
“É pouco. Ano passado nós fechamos a R$ 2,20 o quilo, uma queda bem significante para os produtores. A fibra é a poupança do produtor e esse ano está muito difícil para nós”, explica Eliana Medeiro, presidente da Cooapem, Cooperativa Mista Agropecuária de Manacapuru.
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