domingo, 26 de fevereiro de 2012

Índio de tribo Pataxó é baleado em área ocupada na Bahia, diz polícia


Delegado não soube informar em qual circunstância homem foi atingido.
Vítima não teve ferimentos graves e deve depor esta semana.

Do G1 BA

Um índio da tribo Pataxó Hã-hã-hãe foi baleado na perna no sábado (25), na região onde fica localizada a fazenda Santa Maria, entre os municípios de Pau Brasil e Itaju do Colônia, no sul da Bahia. As informações são do delegado Francesco Denis da Silva Santana, que responde pelo policiamento na região. De acordo com o delegado, o rapaz já foi medicado e os ferimentos não representaram risco de morte, mas não há informações detalhadas sobre seu estado de saúde.
Ainda segundo o delegado, o disparo foi feito em uma área de conflito, ocupada pelos índios, e tanto a Polícia Civil quanto a Polícia Militar não têm acesso ao local. A vítima deve ser ouvida ainda esta semana, mas informações preliminares apontam que homens em um barranco teriam atirado contra o homem.
Na quarta-feira (22), um índio morreu em uma fazenda na região de Alegrias, zona rural de Itaju do Colônia. O índio tinha 39 anos e, segundo a Polícia Federal e o Departamento de Polícia Técnica, ele sofreu infarto cardíaco. A Polícia Civil chegou a afirmar que ele teria morrido durante confronto com seguranças da fazenda.
Apreensão
Funcionários do comércio e moradores de Itaju de Colônia realizaram um protesto na manhã de sexta-feira (24) pedindo providências legais para controlar a tensão instaurada pela ocupação dos índios nas fazendas da região. Por conta do ato, o comércio, que conta com cerca de 52 estabelecimentos, foi fechado.
Membros da tribo Pataxó Hã-hã-hãe começaram a se abrigar nas propriedades rurais em janeiro deste ano. Desde então, estimativas da Fundação Nacional do Índio (Funai) indicam a ocupação de 45 fazendas em Itaju e outras três em Camacan.
“Queremos que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue logo os processos para resolver este impasse porque a comunidade não pode viver em pânico. Os índios mandam recado para os moradores em tom de ameaça, dizendo para arrumar a casa que eles vão ocupar”, afirma a comerciante Carmem Lúcia Cardoso, que atua no setor de perfumaria e é secretária da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) da cidade.
De acordo com ela, uma das organizadoras da mobilização, a situação interfere na conjuntura social por conta do número de pessoas que têm ficado desempregadas, principalmente entre os trabalhadores rurais expulsos das fazendas. Por consequência, Carmem comenta que o comércio também é afetado. “As pessoas que saíram da zona rural estão abrigadas nas casas dos moradores. Elas são a nossa maior clientela, especialmente nesta época de fim de mês, quando elas vêm fazer compras”, relata a comerciante.

Mapeamento
Equipes da Polícia Federal (PF) foram enviadas na quinta-feira (23) para a área rural da cidade para realizar o mapeamento das invasões, de acordo com a delegada federal Denise Cavalcanti. O G1 entrou em contato com ela nesta manhã, porém não conseguiu comunicação. No entanto, a assessoria da corporação afirma que a estratégia para resolução do caso ainda está indefinida.
Wilson Jesus de Souza, coordenador da Funai em Pau Brasil, cidade vizinha, e que coordena as negociações, disse que os índios estão pressionando a Funai por mais apoio e têm direito ao terreno. "Têm direito porque é uma área histórica", explica. "O Supremo [Tribunal Federal] vem adiando o julgamento e acaba acirrando o embate", completa.

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