Fabricante mudou embalagem de produtos para alavancar vendas.
Produtos são levados para 60 pontos de venda, em 28 cidades
Santa Catarina é responsável por 90% da produção brasileira de moluscos. São quase 100 fazendas marítimas que colocam no mercado dois milhões de quilos de ostras por ano
“Em uma viagem que eu fiz aos Estados Unidos, eu tomei contato com ostras defumadas e trouxe essa idéia pra cá, para trazer esse desenvolvimento para o Brasil. Visto que não tinha nenhum produto nessa linha de produção nacional, sendo Santa Catarina, o maior produtor de moluscos do Brasil, não tinha porque não partir para uma diversificação como essa”, diz o empresário Marcelo Wippel da Silva.
Tudo sai de uma fábrica de Garuva, a 210 quilômetros de Florianópolis. Seis sócios tocam o negócio.
As ostras e mexilhões já chegam fora da concha. Depois da pesagem, são mergulhados por 15 minutos numa mistura de água, sal e essência natural de fumaça. A próxima parada é num desidratador, que elimina o excesso de água. No envaze, os moluscos são organizados manualmente no vidro, que é preenchido com óleo de girassol. E uma esterilização em altíssima temperatura garante a preservação por um ano. Depois é só vender. Mas isso era um grande problema
“Depois de um estudo de mercado a gente percebeu que a embalagem não transmitia o valor que o produto tinha. Então, após algumas degustações as pessoas se surpreendiam: como um produto de tão boa qualidade poderia estar representado por uma embalagem tão simples?”, diz Silva.
Os empresários entraram no arranjo produtivo local de ostras da grande Florianópolis. Uma consultora do Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae) chamou especialistas em design para mudar as embalagens. A repaginação visual de um produto faz parte do programa de inovação e tecnologia do Sebrae, o Sebraetec
“A embalagem, sendo bem trabalhada, comunicando o produto, acaba atraindo o consumidor e consequentemente divulgando a marca da pequena empresa”, diz Luciana Sayuri Oda, do Sebrae de Florianópolis.
O novo visual, moderno e bonito, custa o mesmo preço que o antigo. A mudança rendeu o prêmio melhor embalagem brasileira, na categoria micro e pequenas empresas. E as vendas aumentaram.
E os clientes podem contar com mais produtos. A empresa planeja lançar novidades a cada quatro meses. E também produz uma segunda marca que ganha cada vez mais espaço: a de peixes defumados inteiros, em filés ou em postas. A linha também vai ganhar novas embalagens.
Os produtos são levados para 60 pontos de venda, em 28 cidades, principalmente em Santa Catarina. Mas a empresa tem participado de eventos para captar novos clientes de todo o país.
E o Sebrae já levou os produtos para dez feiras. É uma estratégia de acesso a mercado. “O Sebrae tem conseguido pontos estratégicos de vendas em feiras e leva para lá as empresas, que apresentam seus produtos e as novidades”, diz Januário Serpa, do Sebrae de Florianópolis.
Já há mais de 50 interessados em vender as ostras defumadas em conserva. “A gente tem interessados desde aqui na região sul, como também interessados em SP, RJ, Brasília, inclusive, Belém do Pará, tem interesse em comercializar esse produto lá no estado”, afirma o empresário.
Um dos motivos é que agora o produto pode ser empilhado na prateleira. A empresa aproveita o espaço para expor mais opções no ponto de venda. Como o kit gourmet, que reúne truta, ostra e mexilhão. A gerente de um empório de Joinville confirma que as mudanças aumentaram as vendas. “Hoje o cliente vê o produto, ele chama muito atenção. Valorizou muito”, diz Cleonice Ghise, gerente do empório
A chefe de cozinha Giselle Büst usa os produtos nas receitas criadas por ela. Como um espaguete de pupunha em pesto com ostras e o carpaccio de maçã verde com truta. “É só abrir os potinhos e ir direto para o forno, gratinar, marinar, carpaccios, bruschettas. A gente consegue fazer uma variedade muito grande com os pratos”, diz.
“O resultado no primeiro mês foi um impacto de 60% de aumento nas vendas e a demanda aumentou também significativamente em função da visualização do produto, da exposição”, diz o empresário.
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