quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

VW do Brasil espera efeitos da crise europeia com investimento na mão

 

Para Thomas Schmall, problema de competitividade é o que preocupa.
Local onde será produzido novo compacto será decidido em 2012.

Priscila Dal Poggetto Do G1, em São Paulo
volkswagen up! (Foto: Frank Augstein/AP)Volkswagen Up! será produzido no Brasil
(Foto: Frank Augstein/AP)
Os efeitos da crise da Europa vão bater às portas brasileiras no ano que vem, de acordo com a Volkswagen do Brasil. Porém, a companhia não está nem um pouco preocupada com isso. O presidente da Volkswagen do Brasil, Thomas Schmall, acredita que o governo irá tomar medias rápidas para evitar uma brusca queda de vendas de veículos no início de 2012. Com a confiança no país, Schmall agora só se preocupa com o estudo de uma possível nova fábrica por aqui e com o que vai fazer para tornar as operações locais mais competitivas. No entanto, segundo ele, tudo terá de ser resolvido no ano que vem.
“No pior dos cenários para o ano que vem, o setor terá o mesmo volume de vendas deste ano. No melhor, terá um crescimento de 3%”, disse o executivo na noite desta quarta-feira (30) em evento em São Paulo. Segundo ele, o governo brevemente vai “afrouxar” as medidas macroprudenciais e, com mais dinheiro no mercado, os bancos vão poder investir ainda mais nas linhas de financiamento para aquisição de veículos. Por esse motivo, Schmall vai esperar até a primeira quinzena de dezembro para decidir sobre as férias coletivas de seus funcionários.
Outra “mão” que o governo vai estender às montadoras instaladas no país será o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos veículos importados fora do acordo Mercosul-México, que entra em vigor no dia 16 deste mês e terá prazo de 12 meses. Para Schmall, este período será o grande desafio das montadoras, porque elas terão um ano para achar meios de deixar os produtos nacionais mais competitivos, sem perder a qualidade.
Volkswagen Amarok cabine simples (Foto: Divulgação)Volkswagen Amarok cabine simples estreia no Brasil (Foto: Divulgação)
“A parede foi empurrada, mas ela continua lá. Temos que achar soluções para melhorar a nossa competitividade, porque uma hora esse problema vai estourar”, diz Schmall. De acordo com estudo encomendado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção brasileira de veículos chega a ser 40% menos competitiva do que a da China, por exemplo. E é com esse argumento que as montadoras vão pressionar o governo para diminuir o custo Brasil.
Possível fábrica
A carta na manga está nos investimentos dessas companhias para os próximos anos. A da Volkswagen, por exemplo, pode ser considerada uma das de maior peso neste truco. Até 2016 ,a companhia vai investir R$ 8,7 bilhões para novos modelos e melhorias nas plantas locais. Fora esse investimento, a companhia prepara a produção de um novo compacto no país, o Up!, o que significa uma nova onda de investimento.
Embora já existam muitas especulações no mercado sobre uma nova fábrica, Thomas Schmall afirma que nada foi decidido. Há ainda chances de uma instalação já existente ser ampliada. “Uma fábrica é uma decisão para 100 anos, existem mais de 200 itens para  avaliarmos sobre o assunto, fora a questão financeira”, ressalta o executivo. Segundo ele, a lista de estados que já se candidatam para abrigar a nova fábrica só aumenta.
Black Gol tem a cor negra predominante (Foto: Rodrigo Mora/ G1)Black Gol tem a cor negra predominante (Foto: Rodrigo Mora/ G1)
“As regiões que não têm parque de fornecedores instalados são as que mais dão benefícios fiscais. O que é natural, uma coisa tem que compensar a outra. Mas ainda nada foi decidido”, afirma.
Se a futura fábrica for tirada dos planos, quem deve ganhar a preferência para uma  reforma é a gigante unidade de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Ela já larga na frente pela proximidade em relação ao Porto de Santos, o que facilita as exportações para o Mercosul e para a distribuição dos veículos no Nordeste do país. Um cenário bem diferente ao vivido pela empresa entre 2005 e 2006, quando chegou a ser cogitado o fechamento desta planta.
Amarok cabine simples
Não foi desta vez que o presidente da VW do Brasil falou sobre quantos lançamentos prepara para o ano que vem, mas afirma que vai antecipar alguns para a peteca não cair quando os efeitos da crise europeia chegarem. Os únicos modelos lançados neste período de transição de 2011 para 2012 são a edição especial Gol Black, avaliada pelo G1, e a versão cabine simples da picape Amarok. Sobre o novo produto, a Volkswagen preferiu não comentar sobre expectativas de vendas ou mesmo sobre o mix em relação à cabine dupla. Para a Volkswagen, ainda é muito cedo para falar de 2012.

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