Grupo promete deixar prédio da FFLCH até o final desta manhã.
Nesta quinta, estudantes realizaram ato a favor da PM no campus.
Estudantes permanecem na reitoria da USP na manhã desta quarta (Foto: Glauco Araújo/G1)
A decisão de invadir o prédio da reitoria foi tomada após assembleia realizada na noite desta terça (1º), quando os universitários optaram por desocupar o prédio da administração da FFLCH, ocupado desde o dia 27 em protesto contra a ação da Polícia Militar na Cidade Universitária. Mas estudantes da ala radical não aceitaram o resultado e decidiram invadir o prédio da reitoria.
Dos mais de mil presentes na assembleia, 559 votaram a favor da desocupação e 458, contra. Os integrantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE) deixaram o local após a votação, mas o grupo que encabeçou a invasão não aceitou a decisão. Na nota divulgada, o grupo que decidiu pela invasão do prédio da reitoria informou que uma nova direção do movimento de ocupação foi eleita sem, entrentanto, informar o quórum da decisão.
Cerca de 20 alunos estavam na reitoria hoje
cedo (Foto: Glauco Araújo/G1)
"A assembleia deliberou ocupar por ampla maioria o prédio da reitoria da universidade. Esta ocupação é uma continuidade da ocupação da administração da FFLCH que será desocupada conforme deliberado no início dessa assembleia. Entendemos que a nossa luta está ligada a algo que ocorre em toda a universidade, por isso exigimos que o reitor João Grandino Rodas se pronuncie e atenda às nossas reivindicações. Continuaremos a luta contra a repressão e mantemos, portanto, os eixos centrais do movimento, que é a revogação convênio PM-USP e a revogação de todos os processos contra estudantes, professores e funcionários", informa o texto.cedo (Foto: Glauco Araújo/G1)
Apoio à presença da PM
Na terça, antes da assembleia, estudantes se reuniram na Praça do Relógio, na Cidade Universitária, para um ato em apoio à presença da PM no campus da USP, na Zona Oeste de São Paulo. O evento contou com a presença de alunos de diversas faculdades, como da Escola Politécnica, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), Escola de Educação e Artes (ECA) e até da FFLCH.
O protesto aconteceu dias depois de alunos da FFLCH entrarem em confronto com policiais. Na quinta, três jovens que, segundo a PM, estavam com porções de maconha, foram detidos dentro do campus. Revoltados com a abordagem, outros estudantes tentaram evitar que o trio fosse levado a uma delegacia.
Após horas de negociação, polícia e estudantes chegaram a um acordo. A caminho da saída da USP, porém, a PM foi cercada por alunos e um bate-boca começou. Um cavalete foi jogado nos PMs, que reagiram usando cassetetes e bombas de gás para dispersar o grupo. Na mesma noite, alunos invadiram o prédio da administração da FFLCH em protesto contra a presença da corporação no campus.
Organizado por meio de redes sociais, a manifestação desta terça estava prevista para reunir ao menos de 1.100 pessoas. No entanto, o número foi aquém, chegando a cerca de 200.Uma das responsáveis pelo protesto, a estudante de letras Marina Grilli disse que a maior parte dos alunos é a favor da PM, inclusive na FFLCH. “Lá dentro (FFLCH) o pessoal tem medo de falar sobre isso (apoio à PM), porque têm alguns radicais. Não são maioria, mas como costumam convocar assembleias, fazer votações, acabam encaminhando sua vontade. Mas é algo duvidoso”.
Ela é a favor que a polícia continue no campus até que a Guarda Universitária esteja mais bem capacitada. “Não faz sentido se livrar da única forma de se ter segurança aqui dentro da USP”.
O aluno de engenharia elétrica Henrique Ianelli, de 19 anos, disse que “uma pequena minoria é que tem feito essa baderna”. Ele defende, inclusive, a abordagem dentro da USP.
Oradores se mostraram a favor da realização de um plebiscito para decidir se a polícia deve ou não ficar no campus. A manifestação estava prevista para terminar no estacionamento da FEA, onde o estudante Felipe Ramos de Paiva, de 24 anos, foi assassinado.
O tenente-coronel da PM José Luiz de Souza, que acompanhou de longe a manifestação, disse que a abordagem de alunos é normal. “Não é um excesso. A abordagem é um dos recursos para reprimir ilícitos de maneira geral. É um poder legal da polícia”.
Para ele, a maioria dos alunos quer que integrantes da corporação permaneçam no campus. “Entendo que seja uma minoria que quer a saída da PM. Temos manifestações de apoio aqui no campus e pelas redes sociais”.
Convênio
Em 8 de setembro, representantes da USP e do comando da PM formalizaram um convênio de cinco anos para aumentar a segurança na Cidade Universitária. Firmaram o documento Antonio Ferreira Pinto, secretário estadual da Segurança Pública, o coronel Álvaro Batista Camilo, comandante do policiamento do estado, e o professor João Grandino Rodas, reitor da USP.
Na prática, com o convênio, foi combinado um aumento do efetivo que atua no campus da USP.Em 8 de setembro, representantes da USP e do comando da PM formalizaram um convênio de cinco anos para aumentar a segurança na Cidade Universitária. Firmaram o documento Antonio Ferreira Pinto, secretário estadual da Segurança Pública, o coronel Álvaro Batista Camilo, comandante do policiamento do estado, e o professor João Grandino Rodas, reitor da USP.
A medida foi tomada após a morte do estudante Felipe Ramos de Paiva, ocorrida na noite de 18 de maio. O jovem foi baleado quando se aproximava de seu carro em um estacionamento da FEA. Dois homens presos pelo crime foram indiciados por latrocínio.
Na ocasião, o reitor da USP disse que o objetivo de manter policiais militares no campus não era o de coibir manifestações por parte dos alunos e funcionários. “As manifestações são parte da democracia. Elas não serão impedidas”, afirmou.
Alunos prometem desocupar prédio da FFLCH até o fim desta manhã (Foto: Letícia Macedo/G1)
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