segunda-feira, 31 de outubro de 2011

MS registra 55,5% dos assassinatos de indígenas do país, diz Cimi

 

Relatório do Conselho Indigenista Missionário foi divulgado nesta segunda.
De janeiro de 2003 a dezembro de 2010 entidade registra 250 mortes em MS.

Do G1 MS
Cimi divulga relatório apontando a violência entre os indígenas de MS (Foto: Divulgação/MPF)Acampamento indígena destruído em Mato Grosso do Sul (Foto: Divulgação/MPF)
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) de Mato Grosso do Sul, divulgou na tarde desta segunda-feira (31), um relatório com dados referentes a violência envolvendo indígenas no estado durante os últimos oito anos. De acordo com o estudo, nos últimos oito anos, 456 indígenas foram mortos no país, sendo 250, o que representa 55,5% do total, no estado.
Os dados contidos no relatório foram registrados de janeiro de 2003 até dezembro de 2010. Segundo o coordenador do conselho, Flávio Machado, além das equipes que vão a campo, os veículos de comunicação são utilizados como fonte dos dados.
“Aqui no estado nós temos cerca de 14 missionários trabalhando e coletando os dados relacionados à violência indígena. Campo Grande, Dourados e Aquidauana são as cidades que mais temos registros de violência e é onde temos os missionários atuando”.
De acordo com o relatório, 1.200 famílias indígenas vivem em condições subumanas e cerca de 98% dos indígenas do estado, vivem em 75 mil hectares de terra, valor referente a 0,2% de todas as propriedades do estado. Para o antropólogo e especialista nas questões indígenas, Antônio Brand, a grande quantidade de índios próximos uns dos outros, aumenta os casos de violência.
“A superpopulação indígena é um dos fatores que contribui para os casos de violência. Se comparado aos parâmetros dos não índios, a superpopulação não é tão grande, mas para os padrões dos guarani por exemplo, a convivência de indivíduos em aldeias tão próximas geram situações de violência”.
Nos últimos oito anos, o Cimi aponta que a partir da análise dos veículos de comunicação, 190 tentativas de assassinato foram registradas. Além de 49 atropelamentos e 70 conflitos envolvendo a disputa por direitos territoriais.
Ainda de acordo com Brand, o repasse de recursos para a manutenção das necessidades básicas dos índios não é suficiente, e contribui para o aumento da violência. “O aumento da violência indígena é previsível. Enquanto o poder público não aumentar os recursos e não forem tomadas medidas para enfrentar as causas da violência, a situação não deve mudar”.
Segundo a coordenadora da Fundação Nacional do Índio (Funai) de Dourados, Maria Aparecida Mendes, ações afim de diminuir a violência entre os índios são realizadas periodicamente. Em setembro a cidade recebeu a visita de um grupo de representantes do governo federal. A violência entre os índios foi uma das questões analisadas pelos representantes.

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