domingo, 30 de outubro de 2011

Cada pessoa nova é um fardo para o planeta, diz movimento da extinção

 

Les U. Knight lidera o Movimento da Extinção Humana Voluntária.
Para ele, os seres humanos ameaçam a vida no planeta.

Daniel Buarque Do G1, em São Paulo
Símbolo do Movimento da extinção voluntária, VHEMT (Foto: Reprodução)Símbolo do Movimento da extinção voluntária, VHEMT
(Foto: Reprodução)
O relatório da ONU sobre o estado da população mundial -que, segundo as estimativas, chegou a 7 bilhões de pessoas- tem um tom que mistura celebração e preocupação. Apesar de ter um tom comemorativo, ele aponta os desafios para a qualidade de vida de todos que vivem no planeta e indica caminhos para atingir a sustentabilidade. Para um movimento fundado nos Estados Unidos, entretanto, não há caminho real para que os seres humanos vivam de forma equilibrada com o planeta, e a única forma de alcançar uma vida feliz para todos é o da extinção.

"Somos uma ameaça à vida na Terra. Já passamos da capacidade de manter uma vida sustentável no mundo há muito tempo. Cada pessoa nova é um fardo para o planeta. Não há motivo para celebrar a chegada a 7 bilhões de pessoas", disse Les U. Knight, um dos diretores do Movimento da Extinção Humana Voluntária (VHEMT), em entrevista ao G1.
A proposta do grupo é menos apocalíptica do que seu nome pode fazer parecer. O movimento não defende suicídios coletivos, ou um apocalipse voluntário, mas apenas promove a vida "sem reprodução", sem que sejam colocados novos seres humanos no mundo. A extinção ocorreria quando todos os humanos vivos hoje morressem naturalmente após uma "longa vida".
Garoto nigeriano vende garrafas de água em Lagos (Foto: Akintunde Akinleye/UNFPA)Garoto nigeriano vende garrafas de água em Lagos (Foto: Akintunde Akinleye/UNFPA)
"O movimento é um estado mental. A única coisa que os membros do VHEMT têm que fazer é não se reproduzir. Para alguns, isso é um sacrifício. A cultura global incentiva a reprodução e é difícil lidar com esta ideia", disse. Ele ressalta, entretanto, que evitar a reprodução não é o mesmo que parar de ter relações sexuais, mas apenas incentivar o uso de métodos contraceptivos.
Segundo Knight, mesmo quem já tem filhos pode se apegar à ideia do movimento e fazer sua parte. "Não somos contra sexo e não somos contra crianças. Pelo contrário, achamos que precisamos cuidar muito bem das que já existem, e um dos passos para isso é evitar que surjam novas crianças."
Extinção
Um dos motivos apontados pelo VHEMT para defender a extinção humana é ambiental. A extinção de outras espécies está ocorrendo, diz Knight, e a destruição delas ajuda a levar ao colapso ecológico. "Estamos destruindo a cadeia alimentar e destruindo a nós mesmos. Não é possível saber quando, mas acreditamos que sem um movimento voluntário de extinção, chegaremos a uma situação em que seremos extintos de forma involuntária pela falta de condições do planeta em suportar a população mundial", explicou.
7 bilhões sete bilhões mundo habitantes ONU 2011 (Foto: Editoria de Arte/G1)
O movimento não é só ambientalista, entretanto. Há uma crítica à humanidade como um todo nele, "mas uma crítica aliada a uma preocupação com o bem-estar da humanidade que já existe. Não queremos dizimar as pessoas, mas garantir que as pessoas tenham uma vida melhor através da diminuição das pessoas no mundo, evitando colocar novas pessoas no planeta. Parar a reprodução humana melhoraria a vida das pessoas e diminuiria o impacto delas no mundo."
Segundo ele, é preciso falar de forma radical, em extinção, porque só diminuir temporariamente a população não resolveria nada. "Estamos indo na direção errada. Se diminuíssemos a população, logo logo a reprodução faria a população crescer novamente."
Knight rejeita qualquer ideia de que o controle da população deva ser feito por regiões, ou apenas em áreas mais pobres. Segundo ele, os países ricos têm uma taxa de reprodução mais baixa, mas cada pessoa nessas regiões tem um impacto maior no ambiente. "Os países ricos são os primeiros que devem parar a reprodução."
Segundo ele, milhares de pessoas apoiam o VHEMT na internet, mas deve haver "milhões" de pessoas que seguem o que é defendido pelo grupo. Mesmo assim, ele sabe que o objetivo central do movimento é mais levantar a discussão, provocar, do que de fato alcançar a extinção. "O movimento não tem chance de ser bem-sucedido, mas cada criança é um peso para o mundo. Não há justificativa para a manutenção da nossa espécie. Não podemos justificar nossa existência."

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