Desde 2018, o brasileiro é obrigado a votar mais contra do que a favor. Lygia Maria para a FSP:
O
segundo turno será entre Lula e Bolsonaro: um déjà vu da polarização de
2018. A esquerda refuta o termo "polarização", alegando que Lula não é
da esquerda radical como Bolsonaro é de extrema direita. O próprio Lula
disse que sempre houve polarização no Brasil, lembrando o embate
histórico entre PT e PSDB. Ora, se isso fosse verdade, o PT não teria
feito uma campanha baixa e vil para tirar Marina Silva do páreo em 2014,
por exemplo.
Na
verdade, o termo "polarização" se refere mais à ideia de magnetismo,
como um ímã que possui dois polos sempre conectados (corte esse ímã ao
meio e veja como os polos negativo e positivo se mantêm nas partes
separadas). Ou seja, há uma interdependência entre PT e Bolsonaro, como
atestou o jornalista militante do PT Breno Altman, em 2018: "Por que
iríamos querer tirar Bolsonaro do segundo turno? Para perdemos as
eleições?". O PT precisa de Bolsonaro e vice-versa.
Não
é só o conservadorismo que explica o alto índice de votos em Bolsonaro e
em parlamentares bolsonaristas. Desde 2018, o brasileiro vota mais
contra do que a favor. O antipetismo não pode ser ignorado. Afinal, se o
PT ganhou quatro eleições seguidas, a sociedade brasileira não é tão
reacionária assim. Algo aconteceu nesse período, e o ex-candidato
Eduardo Jorge constatou o que foi: "O Bolsonaro é obra do Lula".
Se
o PT realmente quisesse acabar com o "fascismo" bolsonarista, deveria
ter contido sua sede de poder e o narcisismo de Lula. Em 2018, pesquisas
mostravam que Bolsonaro perderia para Marina, Alckmin ou Ciro no
segundo turno, menos para Haddad, mas o PT manteve seu candidato. Sabe
como é, democracia é bom, mas o poder é melhor.
Proponho
seguir o conselho de Millôr Fernandes e oficializar o "voto contra" de
uma vez. Com o alto índice de rejeição dos dois candidatos (Bolsonaro
com 51% e Lula com 46%), teríamos um segundo turno livre desses polos
que transformam a política brasileira num campo de forças paralisante.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
Nenhum comentário:
Postar um comentário