A
sessão especial articulada pelo presidente da Câmara de Itabuna, Erasmo
Ávila (PSD), na sexta-feira (8), deu visibilidade a demandas
importantes para a comunidade surda de Itabuna. O destaque ficou para a
criação de uma Central de Libras e a implantação do ensino bilíngue
(português e Libras) nas escolas municipais. Esses pedidos partiram de
membros da Associação de Surdos/as de Itabuna (Assi), entre eles o
presidente Gabriel Brandão. A sessão do Legislativo itabunense recordou
os 19 anos da Lei 10.436/02 que reconhece a Língua Brasileira de Sinais
(Libras) como meio legal de comunicação no país. Convidados aproveitaram
a sessão para defender mais direitos de inclusão para os surdos. A
professora da Uesc, Lucília Lopes, cobrou do Governo da Bahia a criação
de cargos efetivos especificamente para intérpretes e tradutores de
Libras. A professora da rede municipal,
Adneia de Oliveira, endossou a necessidade de
reformulação do currículo escolar para garantir o aprendizado em Libras.
Já o doutorando Ricardo Dantas ressaltou que os surdos "falam pelas
mãos, pela expressão facial e condenou a subalternização que nega voz e
exclui os corpos deles. Pela gestão municipal, o secretário de Governo,
Júnior Brandão, afirmou que a administração já discute internamente a
pauta da comunidade surda, apresentada ainda durante a campanha
eleitoral de Castro. Para o secretário, o Executivo tem desafios no
tocante à acessibilidade para surdos nos serviços públicos. Falando pela
FICC, Geny Xavier declarou que a Fundação prepara um projeto para
mapear o público surdo e, com isso, desenvolver políticas culturais de
inclusão. A FICC planeja contratar intérpretes de Libras para atuarem
nas transmissões online do órgão. Presidindo a sessão, Erasmo reforçou o
trabalho da Câmara para garantir o direito linguístico dos surdos, como
sinalização dos gabinetes e departamentos da Casa com a Língua de
Sinais. Ele anunciou para 31 de maio o treinamento em Libras com os
vereadores. "Essa Casa vai abraçar essa causa", declarou apontando para
um projeto de lei que levaria a sinalização com Libras para placas de
ruas, escolas e paradas de ônibus. Na mesma ocasião, o 1° Secretário,
Israel Cardoso (PTC) acrescentou que um
projeto de lei dele criando a Central de Libras virou pedido de
providência. Como geraria despesas ao município, a proposta deveria
partir do prefeito. A sessão especial pelos 19 anos da Lei da Libras foi
encerrada com um discurso, todo em Libras, da servidora efetiva da
Casa, Roberta Brandão. Ela pontuou os desafios de traduzir o conteúdo
legislativo para a população surda dado o grau de dificuldade da
tradução simultânea. "O cérebro não processa tão rápido", explicou.
Apesar do esgotamento físico e cognitivo, Roberta, que reveza o serviço
com o intérprete também concursado Manoel Messias, não escondeu a emoção
de contribuir com a inclusão de
surdos/as. "Meu compromisso de servidora pública, oferto à comunidade
surda. Língua é protagonismo, liberdade, é resistência."
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