Colocar sob o império da lei a cidade e a região fluminense não é um atentado contra a população. Devemos cerrar fileiras em torno às autoridades legitimamente constituídas, com a finalidade de restabelecer “a lei e a ordem”. Ricardo Vélez-Rodríguez para o Instituto Liberal:
Leonel
Brizola deu largada ao seu ciclo populista à frente do governo do
Estado do Rio de Janeiro, quando da sua eleição como governador, para o
período de 15 de março de 1983 até 15 de março de 1987. Durante a sua
campanha, Brizola falou duas asneiras: 1ª – “polícia não sobe morro”, ao
ensejo do “socialismo moreno” professado pelo populista gaúcho; 2ª – a
situação calamitosa da economia brasileira, em 1983, decorria das
“perdas internacionais” causadas pelas empresas multinacionais. Ora,
essa declaração irresponsável fez com que, com a sua eleição, 800
empresas abandonassem o Estado do Rio e se realocassem nos Estados
vizinhos, notadamente em São Paulo e em Minas Gerais, dando ensejo a uma
situação grave de desemprego no Rio de Janeiro.
Após
38 anos da eleição de Brizola para o governo do Estado do Rio, o STF
caiu na mesma esparrela populista, tornando os morros cariocas
santuários do crime organizado, nas 1.531 favelas da cidade, ao impedir a
Força Pública de se tornar presente nesse cenário, ao longo desta
duradoura pandemia. Concordo com o procurador de Justiça Marcelo Rocha
Monteiro, no sentido de que tal disposição simplesmente abriu as portas
para que o crime organizado se fortificasse nessa terra de ninguém, à
custa da vida, segurança e bens das populações que viraram reféns dos
bandidos e abrindo um espaço de insegurança para os restantes habitantes
da outrora “cidade maravilhosa”. O saudoso Gilberto Paim, nos estudos
por ele realizados sobre a violência nas favelas com motivo do
narcotráfico no Rio, destacava que, nessa parte do Brasil, ao longo das
últimas décadas, mais de 1,7 milhão de pessoas viraram reféns do crime
organizado. Ora, as autoridades não podem fingir que tudo está bem e
devem desenvolver políticas dirigidas a restabelecer o império da lei e
da ordem nessa parte do Brasil.
A
cidade está pagando um alto preço pelo populismo do STF, como, aliás,
pagou um alto preço cobrado pelo populismo do “socialismo moreno”
brizolista. A recente ação da polícia civil no conjunto de favelas do
Jacarezinho não foi exercida à margem da lei, mas, como as próprias
autoridades cariocas destacaram, foi uma ação em cumprimento de mandados
da Justiça, para prender suspeitos de terem cometido crimes diversos. O
resultado foi um sanguinolento confronto entre agentes da ordem e
marginais, no dia 6 de maio deste ano, que cobrou a vida de 27 pessoas.
Resultado lamentável, que não pode ser colocado, indiscriminadamente, na
conta dos que agem em defesa das instituições, mas que decorre, em
primeiro lugar, do reforço dos traficantes que se tornaram fortes na
região, criando verdadeiros bunkers inexpugnáveis, de onde atacam com
armamento pesado os representantes da Lei. Se houve excesso de parte das
forças policiais, as instituições têm mecanismos para apurar. O que não
pode ser admitido, em hipótese alguma, é a célere e total condenação da
ação policial, que se desenvolveu em cumprimento de mandados da Justiça
e observando os procedimentos legais. Fazer o que alguns comunicadores,
políticos e analistas fazem, no sentido de simplesmente descarregar
toda a responsabilidade pelas mortes sobre as costas da polícia e das
autoridades competentes, somente favorece os interesses do crime
organizado.
O
que estamos assistindo na cidade do Rio de Janeiro é a presença de
grupos marginais que agem com tática de guerrilha urbana contra as
instituições democráticas e a população em geral. Não é de hoje essa
constatação, que já leva décadas de se ter tornado, infelizmente, uma
praxe no cenário carioca. Colocar sob o império da lei a cidade e a
região fluminense não é um atentado contra a população. Devemos cerrar
fileiras em torno às autoridades legitimamente constituídas, com a
finalidade de restabelecer “a lei e a ordem”.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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