Construir cidades melhores não é uma questão partidária; é preciso uma
correção dramática de curso para a sobrevivência das cidades grandes.
Artigo de John Cox, ex-candidato republicano ao governo da Califórnia,
traduzido para a Gazeta do Povo:
São tempos difíceis para quem vive em muitas de nossas grandes
cidades. A pandemia de Covid-19, uma onda crescente de crimes violentos e
a apatia ou até mesmo hostilidade direcionada à aplicação da lei estão
levando muitos dos moradores em áreas urbanas a refletir se vale a pena
viver em uma das grandes áreas metropolitanas.
De acordo com uma pesquisa reveladora do Gallup, se pudessem
escolher, apenas 12% dos americanos prefeririam viver nas grandes
cidades.
Atualmente, 80% da população vivem nas áreas urbanas, mas a
experiência bem-sucedida de poder trabalhar em casa pode inaugurar uma
era de saída das grandes cidades. Esta pode ser uma opção bastante
atraente para a Califórnia urbana, onde alguns locais estão atingindo o
ponto de ebulição em algumas questões sociais.
São Francisco, Los Angeles e San Diego já foram um dia motivo de
inveja para o resto da nação. Agora, essas cidades estão experimentando
um êxodo de residentes.
Taxas de assassinatos estão aumentando nas grandes cidades neste ano,
inclusive em San Diego e Los Angeles. O prefeito Eric Garcetti endossou
a redução do financiamento para a força policial de Los Angeles que já
encara um orçamento diminuto. O Departamento do Xerife de Los Angeles
contabilizou a taxa média de oficiais por habitantes em um índice de 2,4
para 1.000, quase 63% menor do que a média nacional.
A política impede que esses departamentos subfinanciados façam seu
trabalho. Por exemplo, a Califórnia declarou-se como um estado santuário
[termo jurídico americano que indica que o estado limita sua cooperação
com os esforços do governo nacional para fazer cumprir a lei de
imigração], ao mesmo tempo em que o tráfico sexual de jovens meninas e o
contrabando praticado por uma elaborada rede de cartéis chegaram a um
nível crítico.
“Não se trata de política, se trata de segurança pública,” observou
corretamente o chefe de polícia de San José, Eddie Garcia, depois que
uma mulher californiana de 59 anos ser morta em sua casa por um
imigrante ilegal. “Ele poderia ter sido identificado e entregue à
polícia por pelo menos seis vezes.”
Nossas cidades estão experimentando um aumento constante da falta de
moradia; em São Francisco a quantidade de sem-teto aumentou em 17% entre
2017 e 2019.
Piorando as coisas para os que já estão sem-teto, as políticas de
extrema-esquerda também acabam aumentando o custo da moradia, comida e
combustíveis. Os californianos pagam em média 55,8% a mais pela
eletricidade residencial do que os outros americanos, graças a uma
mudança obrigatória, forçada pela política, para formas mais caras e
menos confiáveis de energia.
Não só os contribuintes tiveram que suportar contas de luz
artificialmente altas, mas enquanto se abrigavam em meio a temperaturas
escaldantes eles também tiveram que enfrentar a praga recente de
apagões. Desestabilizar o sistema da rede elétrica de um estado não é
apenas uma loucura irresponsável, é perigoso.
Como se tudo isso ainda não fosse suficiente, a Califórnia tem uma
das maiores taxas de imposto do país e ocupa o 48.º lugar em liberdade
regulatória por causa das medidas restritivas e de um clientelismo
crescentes, de acordo com o Instituto Cato.
Alguns políticos de Sacramento acham que é uma boa ideia aumentar a
nossa já ridícula alíquota de imposto de renda, retroativa a janeiro
passado. Seja bem sucedida ou não, a ideia manda uma mensagem poderosa
para aqueles cujo capital mantém o sonho californiano: caiam fora antes
que seja tarde demais. Essas políticas também sufocam os empreendedores
que lutam para pular os obstáculos burocráticos e abrir novos negócios,
assim como acabam prejudicando os trabalhadores.
De fato, essas condições foram criadas por anos de medidas
fracassadas, guiadas por um establishment de claro interesse político. O
resultado é o estímulo à saída de uma massa de famílias e trabalhadores
talentosos das cidades da Califórnia. As consequências da pandemia
certamente vão acelerar ainda mais essa tendência.
Reverter décadas de regulamentações habitacionais fracassadas
diminuiria drasticamente a falta de moradia. Restrições onerosas de
zoneamento urbano e leis de construção aumentaram a taxa de sem-teto na
Califórnia, já que o estado tem um dos maiores custos de moradia do
país. A simplificação dessas regulamentações incentivaria a construção
de empreendimentos habitacionais seguros e acessíveis para as pessoas
que, de outra forma, acabariam nas ruas.
A necessidade de políticas que libertem pequenas empresas e
empreendedores é particularmente evidente no setor imobiliário, mas a
mesma mentalidade deve orientar o trato de todas as políticas
econômicas.
Uma sorveteria não pode levar dois anos para ser aberta, e as cidades
devem acabar com esses atrasos, cortando regulamentos supérfluos e
redundantes. Por muitos anos, os funcionários monetizaram as funções
regulatórias do governo em detrimento da inovação.
Construir cidades melhores não é uma questão partidária; democratas e
republicanos sabem que precisamos de uma correção dramática de curso
para a sobrevivência de nossas grandes cidades.
Não concordamos com todas as decisões políticas, mas ambos os lados
podem e devem construir cidades que ofereçam aos cidadãos uma grande
qualidade de vida, inovação, crescimento do emprego, um ambiente
saudável e proteções para os indivíduos e suas propriedades.
John Cox é um ex-candidato
republicano a governador da Califórnia e fundador da C.H.A.N.G.E. CA.
(Citizens for Honest and Non-Partisan Government Effectiveness).
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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