Patrícia França A TARDE
Maurício Trindade responde a processo no Supremo Tribunal Federal (STF), desde 2009, pelo crime de tráfico de influência que teria sido cometido em 1997, quando era vereador em Salvador. João Bacelar teria favorecido a ONG Pierre Bourdieu em um contrato de pouco mais de R$ 64 milhões, em um ano e meio, no processo da municipalização das creches da capital.
O "caso do leite" foi denunciado por A TARDE em reportagem publicada em 30 de julho de 2004, época em que Trindade exercia mandato de deputado estadual pelo PSDB e tinha sido indicado para vice da chapa de João Henrique Carneiro, quando disputou pela primeira vez a Prefeitura de Salvador pelo PDT. O parlamentar acabou renunciando ao cargo de vice.
Procurado, nesta sexta-feira, 14, por A TARDE, o advogado do deputado, Gamil Föppel, informou que o processo, passados oito anos, está tramitando no STF em fase final de conclusão. Ele explicou que o caso seria analisado pelo ministro-relator, Carlos Alberto Menezes Direito, mas, devido a seu falecimento em 2009, a relatoria passou para o ministro José Dias Toffoli.
Para o advogado, Maurício Trindade está sendo acusado "injustamente" de ter interferido na compra de leite pela Secretaria da Saúde de Salvador. "Como integrante da Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores, dentro de sua esfera de atribuições estava a de fiscalizar o regular cumprimento da lei nos procedimentos licitatórios. Assim sendo, como havia suspeitas de favorecimento em determinado certame ocorrido em 1997, Maurício estava investigando a ocorrência dessas irregularidades", disse o advogado.
Föppel estranha que, apesar de a investigação sobre a irregularidade na compra do leite ter ocorrido em 1997, as "provas" só apareceram em 2004, "curiosamente no momento em que Maurício se candidatava a vice-prefeito de Salvador".
Irregularidades - A denúncia contra João Bacelar foi feita em outubro deste ano e está sendo investigada pelo Ministério Público e Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Além de suspeitas na licitação do contrato da Secult com a ONG Pierre Bourdieu, pesam contra a entidade o não cumprimento de serviços previstos no contrato e o não pagamento de terceirizados.
O secretário não retornou às muitas ligações feitas pela reportagem. Ele também não compareceu, pela manhã, ao anúncio do secretariado de ACM Neto, que fez uma exigência: secretários presidentes de partido devem renunciar ao comando partidário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário