O
plano de racionamento de energia elétrica proposto nesta quarta (25/8)
pelo governo federal – disfarçado de “bonificação” para quem economizar
energia, mas sem dizer como será pago esse bônus – poderia ser encarado
como mais uma prova da total incapacidade do presidente Jair Bolsonaro e
de sua equipe de comandar um país. Mas, na verdade, é mais uma nova e
forte evidência de um projeto em curso de destruição nacional. Os
números e os fatos são claros nessa direção.
O
Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de agosto ficou em
0,89% –a maior variação para o mês desde 2002. E, novamente, fortemente
impactado pelos preços da energia elétrica, do gás de botijão e do gás
encanado
A
escalada dos preços da eletricidade, dos combustíveis, do gás de
cozinha e do gás canalizado são parte de uma política energética
equivocada, com objetivo único e exclusivo de extinguir o papel do
Estado neste segmento e entregar seu comando à “autorregulação” do
mercado. Basta ver os planos do governo Bolsonaro para a Eletrobrás e a
Petrobrás.
A
estatal elétrica está sendo privatizada de forma apressada, e a lei que
autorizou sua venda, a partir de uma medida provisória, é tão ruim que o
próprio mercado interessado na Eletrobrás preferia que não tivesse
saído do papel.
Já
a Petrobrás vem sendo privatizada “aos pedaços”, e sob a alegação de
“aumento da concorrência”. Mais uma das mentiras criadas pelo governo
Bolsonaro, sobretudo no que diz respeito aos gasodutos de transporte, à
Gaspetro e às refinarias.
Dados
do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (Ineep) projetam que, em dez anos, a Petrobrás poderá
pagar em aluguel os R$ 36 bilhões que recebeu pela venda da
Transportadora Associada de Gás (TAG). A recente venda dos 51% que detém
na Gaspetro para a Compass, do grupo Cosan, deverá criar um monopólio
privado no mercado de distribuição de gás canalizado, já que a Cosan é
dona da paulista Comgás, a maior concessionária do país.
Quanto
às refinarias, inicialmente a Agência Nacional do Petróleo (ANP), e
recentemente o Tribunal de Contas da União (TCU), já manifestaram
preocupação com o risco de desabastecimento e de explosão de preços dos
combustíveis – elevações ainda maiores das que já estão ocorrendo. E a
constatação de que não haverá concorrência, mas sim monopólios privados,
já foi feita em estudo da PUC-Rio e em análise do BNDES.
A
pandemia escancarou a incompetência e a falta de vontade de Bolsonaro
de promover saúde – são quase 580 mil mortes por Covid e vacinas em
falta - e educação – ao vetar a oferta de internet gratuita a alunos
carentes.
Enquanto
isso, o país registra quase 15 milhões de desempregados e cerca de 20
milhões de pessoas passando fome. Bolsonaro, contudo, prefere seguir no
ataque às instituições e à democracia.
Deyvid Bacelar
Coordenador geral
Federação Única dos Petroleiros – FUP
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