Recuperação pós-pandemia e gastança sem precedentes nos Estados Unidos aumentam os preços do trio básico: petróleo, comida e minérios. Vilma Gryzinski:
É
um miniboom ou um novo superciclo? Economistas ainda não fecharam um
consenso, mas os preços em alta não deixam dúvidas: tudo aquilo que o
mundo precisa para viver, gerar energia e produzir está subindo – e deve
subir mais ainda.
Dinheiro
não falta. Os Estados Unidos, e em menor escala a Grã-Bretanha, estão
derramando investimentos em obras de infraestrutura – dois trilhões de
dólares, só no mais recente pacotão proposto por Joe Biden.
O
presidente americano quer não apenas remendar estradas, pontes e
similares, mas refazer tudinho de acordo com normais ambientais mais
estritas. E praticamente tudo que cospe menos poluentes na atmosfera, de
painéis solares a baterias elétricas para os carros elétricos que se
tornarão progressivamente obrigatórios, leva cobre.
O
“ouro vermelho” já passou de 10 mil dólares a tonelada de pode chegar a
11 mil no ano que vem. Isso se não acontecer um cisne negro como a
eleição de um ultra-esquerdista delirante como Pedro Castillo como
presidente do Peru, o país que se tornou o segundo maior produtor
mundial, compartilhando com o vizinho Chile, o campeão, as reservas
criadas pelo choque das placas tectônicas ao longo da costa do Pacífico.
O
professor primário e sindicalista, à frente nas pesquisas, já prometeu
nacionalizar tudo o que a terra dá no Peru e expulsar os “estrangeiros
exploradores” num prazo de 72 horas depois de eleito.
Nem
Mario Vargas Llosa criaria um personagem como Castillo, que faz
campanha a cavalo, de poncho e chapéu de camponês, prometendo um paraíso
socialista sob o lema “chega de pobres num país tão rico”.
Intervalo
para rememorar: o Peru já teve um governo estatizante na década de
setenta, nada menos do que um ditador militar de esquerda, Juan Velasco
Alvarado, um dos vários personagens peruanos que nem o realismo mágico
dá conta de retratar.
Catástrofes
políticas ou pura e terminal incompetência são os problemas habituais
no caminho de países como o Peru. Ou do Brasil, um formidável campeão de
commodities que tem agora uma nova chance de dar um salto estrutural.
Ou de cair no mesmo buraco que o último superciclo propiciou, o do
populismo de esquerda à moda bolivariana.
Com
ou sem governantes minimamente não imbecilizados, as commodities sobem.
O Goldman Sachs previu um aumento de 14% nos próximos seis meses.
Minério de ferro, o paládio que diminui emissões dos carros e madeira
tiveram altas recorde.
O
petróleo pode chegar a 80 dólares o barril. Quem ainda se lembra que,
quando começou a pandemia, ele entrou no vermelho porque os espaços de
armazenamento estavam com capacidade esgotada?
É
claro que, com os motores do mundo esquentando, dos Estados Unidos à
China, a demanda pressiona os preços. O aumento de custos é repassado e
tudo acaba redundando em inflação.
“Os
custos estão subindo, subindo, subindo. O aço sobe todo dia,” anotou
Warren Buffet, o legendário investidor, falando como dono da maior
construtora dos Estados Unidos. “Estamos vendo uma inflação
substancial”.
O Brasil leva tanto o bônus quanto o ônus dessa nova fase das commodities.
Um dos bônus: a previsão de que este ano o país terá o primeiro superavit nas contas externas desde 2007.
Dá
até para sonhar em forjar na soja o milagre do pão para todos os
brasileiros – mais o bife e o iogurte, todos propiciados pela mais
valiosa das commodities: os empregos.
Com todas as suas maluquices, Pedro Castillo tem razão em dizer que um país rico não pode ter tantos pobres.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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