A microbiota intestinal auxilia no fortalecimento do sistema imune, que por sua vez pode fazer com que nosso organismo fique menos suscetível a infecções ou lide melhor com elas
Foto: Divulgação
Detectada pela primeira vez no final do ano retrasado, a covid-19 ainda assola o mundo. O mal continua sem tratamento medicamentoso, mas diversas vacinas já foram produzidas e aplicadas, trazendo um pouco de alento à humanidade. Doença infecciosa causada pelo vírus da família corona, a covid-19 pode ser combatida por outro microrganismo presente em grande quantidade (bilhões) no nosso organismo: as bactérias. Principalmente aquelas presentes no intestino. Elas têm um papel importante no fortalecimento do sistema imune, ou seja, podem fazer com que nosso organismo fique menos suscetível a infecções ou lide melhor com elas.
No posfácio de seu livro, “O lado bom das bactérias - O
poder invisível que fortalece sua defesa natural para ter uma vida mais
feliz e longeva”, o farmacêutico, bioquímico e pós-doutor em
microbiologia, Alessandro Silveira, explica a relação entre as bactérias
intestinais e a Covid-19 e como nosso microbioma atua contra a doença.
Silveira
relata inicialmente que vírus são organismos simples formados por
proteínas e material genético (DNA ou RNA), podendo ou não estar
envoltos por uma membrana externa, chamada envelope. “Os vírus precisam
obrigatoriamente infectar as células, pois não conseguem sobreviver por
muito tempo e se multiplicar fora delas”, afirma.
Conforme o
bioquímico, os vírus infectam as células aproveitando-se de “fechaduras”
(proteínas) que elas possuem para a entrada de substâncias fundamentais
(nutrientes e hormônios, por exemplo) ao seu funcionamento. Os
microrganismos possuem “chaves” que se ligam apenas àquelas fechaduras
com encaixe perfeito. Eles adentram à célula, obrigando-a a produzir
novas partículas virais que infectam novas células e assim
sucessivamente.
No caso da Covid-19, a doença acomete o
indivíduo através da ligação do vírus com os receptores (fechaduras)
ACE2. O trato respiratório superior (mucosa oral, nasal e garganta),
possui esses receptores, daí a facilidade de infecção quando o
microrganismo entra em contato com esses locais.
Não obstante à
ligação inicial com as vias respiratórias, segundo o pós-doutor em
microbiologia, o órgão com mais quantidade de “fechaduras” para as
“chaves” da Covid-19 é o intestino, o que demonstra a sua relação com a
doença e explica porque vários artigos científicos associam à Covid-19
com manifestações intestinais. “Diarreia e dor abdominal são sintomas
comuns em pessoas com a doença e, muitas vezes, estão diretamente
relacionadas à gravidade do quadro”, diz.
O pós-doutor em
microbiologia explica que, tal qual ocorre com qualquer doença
infecciosa, algumas práticas devem ser adotadas como estratégia de
defesa contra a Covid-19. Uma delas é evitar o contato com o agente
patogênico - por isso a importância de usar máscaras, lavar as mãos e
praticar o isolamento social. Diagnóstico precoce para facilitar o
atendimento também é recomendável. Assim como tratamento adequado. “No
caso da covid-19, já que ainda não existe nenhum medicamento eficaz para
combater a doença, indica-se repouso, alimentação leve e hidratação.
Nos casos de piora do quadro é recomendável que a pessoa procure
atendimento médico”, destaca.
Outra estratégia importante de
defesa contra a Covid-19 é o fortalecimento do sistema imune. Neste
ponto entram em ação o intestino e as bactérias boas presentes no órgão.
De acordo com Silveira, nossa microbiota age contra a infecção pelo
coronavírus em quatro frentes. A primeira delas é a imunidade natural,
que protege nosso organismo inicialmente contra infecções. Dessa
maneira, as bactérias dificultam a ligação entre o vírus e as células,
fazendo com que o sistema imune destrua rapidamente o microrganismo
potencial causador de doença. A segunda frente é a imunidade específica.
Ela produz anticorpos fazendo com que pelo menos a curto prazo fiquemos
protegidos contra novas infecções.
A terceira frente, informa
o bioquímico, é a atividade antiviral, na qual as bactérias de defesa
intestinal produzem substâncias com ação antimicrobiana, responsáveis
pela destruição de potenciais patógenos. A quarta e última frente é a
supressão de receptores. Nela, conforme Silveira, as bactérias conseguem
retirar a “fechadura” da célula, fazendo com que o vírus – mesmo com a
"chave" certa - fique para o lado de fora e seja mais facilmente
eliminado pelo sistema imune.
Ciente do papel do microbioma no
fortalecimento do sistema imune e deste no combate à infecção por
Covid-19, vale destacar, segundo o pós-doutor em microbiologia, algumas
ações que auxiliarão no desenvolvimento das melhores bactérias do
intestino. São elas: dieta saudável e balanceada (com ingestão de comida
natural); pouca ingestão de bebidas alcóolicas; boa hidratação (pelo
menos dois litros por dia); uso de suplementos vitamínicos, com
indicação clínica; sono reparador e de qualidade (cerca de oito horas
por dia); prática de exercícios físicos (pelo menos 30 minutos diários);
diminuição do estresse; e evitar o uso de anti-inflamatórios e
antibióticos sem indicação médica. Tais medicamentos, utilizados em
quantidade excessiva e de maneira contínua podem causar disbiose
(desequilibrio intestinal).
Ficha Técnica do livro O Lado Bom das Bactérias
Título: O lado bom das bactérias
Autor: Alessandro Silveira
Subtítulo: O poder invisível que fortalece sua defesa natural para uma vida mais feliz e longeva
ISBN: 978-65-5544-071-3
Formato: 16x23
Páginas: 192
Preço de capa: R$44,90
Autor: Alessandro Silveira
Lançamento: 10 de março de 2021
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