quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Ministério das Comunicações destaca avanço da internet 5G

 


No balanço das atividades de 2020 está a ampliação da rede de internet

Agência Brasil
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Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

 

Recriado em junho deste ano, o Ministério das Comunicações (MCom) publicou na noite de quarta-feira (30) um balanço de ações realizadas ao longo de 2020, em áreas como o 5G, o Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), a ampliação da rede de internet, as medidas de digitalização do governo e os avanços da TV Digital. “A recriação da pasta ocorreu meses depois de um passo importante para a implementação do 5G no país: a publicação, em janeiro, de regras para o leilão da tecnologia”, destacou.

De acordo com o ministério, a medida vai garantir a cobertura de rede em cidades, vilas, áreas rurais e urbanas isoladas com população superior a 600 habitantes, além de rodovias federais e da instalação de infraestrutura, especialmente de fibra ótica, em municípios hoje não atendidos. Essas serão algumas das contrapartidas que as empresas vencedoras do leilão terão de cumprir.

“Para 2021, é esperada a maior revolução tecnológica em telecomunicações da década. O leilão do 5G no país deve ser concluído até o fim do primeiro semestre, dando início a uma nova era de conexão em altíssima velocidade, com aplicações em diversas áreas, como transportes, telemedicina, agricultura e educação, e uma infinidade de outras aplicações ainda por serem descobertas”, afirmou a pasta.

Wi-Fi Brasil
Em 2020, o Ministério das Comunicações atingiu a marca de 12.715 pontos de internet instalados pelo programa Wi-Fi Brasil. Mais de 80% desses equipamentos encontram-se nas regiões Norte e Nordeste, e mais de 9,5 mil estão situados em escolas, beneficiando 2,6 milhões de estudantes.

O programa também atende postos de saúde, unidades de segurança pública, aldeias indígenas, quilombos, assentamentos rurais e outros equipamentos públicos localizados em locais remotos, onde não chega internet por fibra ótica, nem por sinal de rede móvel de dados.

Além dos pontos disponibilizados pelo satélite, uma parceria entre o MCom, o Ministério da Saúde e a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) levou internet a 1.252 unidades de saúde da família. A ideia é expandir a rede para 16 mil novas unidades.

Norte e Nordeste Conectados
O governo também implementou este ano os programas Norte Conectado e Nordeste Conectado. As iniciativas têm o objetivo de promover o tráfego de dados por fibra ótica, permitindo conexões de altíssima velocidade em locais até então desassistidos.

No caso da região Nordeste, o programa já beneficiou municípios em Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Bahia com a ativação de uma rede principal de cabos de fibra ótica que permite a transmissão de dados a 100 Gbps. Também foram firmadas parcerias com empresas para levar infraestrutura de fibra ótica para 16 cidades-polo e ampliação da oferta de serviços.

Já o programa Norte Conectado vai aproveitar a estrutura do projeto Amazônia Conectada – executado pelo Exército – para beneficiar 9,3 milhões de brasileiros. Para atender a toda essa demanda, numa região cercada por rios e com áreas de difícil acesso, estão previstos 10 mil quilômetros de cabo de fibra ótica. O projeto está em fase de conclusão do processo licitatório para o fornecimento dos cabos.

Investimentos
O Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel) completou 20 anos em 2020 com o repasse de um montante de R$ 427 milhões, o maior da história em um único ano, segundo o ministério. O volume representa um aumento de 390% em relação à média dos recursos reembolsáveis entre 2001 e 2018. O repasse foi liberado para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e ao Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD).

De acordo com a pasta, o investimento permite o desenvolvimento e a ampliação da utilização de tecnologias de Internet das Coisas em sistemas agrícolas, de transporte, saúde, segurança e soluções para a internet 5G. Estima-se que 41 mil empregos diretos e indiretos sejam criados a partir da execução dos projetos financiados.

Nova lei do Fust
O governo federal também conseguiu dar nova destinação aos recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust). Antes, os investimentos eram aplicados exclusivamente para telefonia fixa, como os orelhões. Agora, o dinheiro do fundo será voltado para projetos de conectividade em regiões rurais, principalmente, sem ou com pouco acesso à internet.

Com a mudança, o Fust ampliará a conexão a pecuaristas, agricultores, escolas rurais e famílias de baixa renda que, hoje, não têm acesso à internet. Um dos setores mais beneficiados será o agronegócio, uma vez que produtores passarão a contar com a modernização do cultivo, manejo e colheita com a ajuda de sistemas dependentes da internet.

Internet das Coisas
Sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro, a Lei nº 14.108/2020 zerou alguns tributos sobre equipamentos com sistemas máquina a máquina que utilizam internet. É a lei conhecida por incentivar a chamada Internet das Coisas (conhecida como IoT, na sigla em inglês, Internet of Things). Esse tipo de tecnologia vai desde geladeiras conectadas, pelas quais é possível ver imagens do seu interior e ser avisado de que alguns produtos acabaram, até máquinas agrícolas capazes de controlar a irrigação e transmitir informações sobre o solo, o que garante ao produtor mais eficiência do plantio à colheita.

“A medida irá aquecer a indústria, baratear a tecnologia e trazer mais investimentos e empregos para o Brasil. A expectativa é de que o incentivo ao setor seja responsável pela criação de até 10 milhões de empregos nos próximos anos”, informou a pasta.

Regulamentação da Lei Geral das Antenas
De acordo com o ministério, trazer o 5G para o Brasil requer uma série de investimentos em infraestrutura e de modernização em leis. Em setembro, o governo federal regulamentou a chamada Lei Geral das Antenas. Pela nova regra, a infraestrutura de telecomunicações poderá ser instalada em vias ou bens públicos de uso comum, sem que seja necessário o pagamento de taxas para a implantação, é o chamado “direito de passagem”.

Em outras palavras, a regulamentação reduz o custo de implantação de torres, cabos de fibra ótica e outros equipamentos, permitindo a expansão da cobertura. A medida também dá celeridade aos processos de licenciamento, especificando um prazo máximo de 60 dias para a emissão de uma decisão do órgão competente. Decorrido o prazo, a empresa fica autorizada a instalar a estrutura. Até então, o tempo de espera chegava a ultrapassar dois anos.

Conecta BR
A regulamentação da Lei Geral das Antenas também inclui a política do programa Conecta BR, que prevê a instalação de estruturas de telecomunicações em várias modalidades de obras públicas, como rodovias federais, estaduais e distritais, ferrovias, sistemas de transporte público sobre trilhos ou subterrâneos, linhas de transmissão de energia elétrica, gasodutos, oleodutos, redes de esgoto e de drenagem.

No caso de obras estaduais, distritais ou municipais, só é obrigatório quando a metade do custo da empreita é financiado por recursos federais.

Vsat
O governo também editou uma Medida Provisória que prevê a desoneração de antenas que recebem sinal via satélite de pequeno porte, conhecido como Vsat. Segundo o ministério, a medida é importante pois há localidades no país onde a internet só consegue chegar por esse tipo de satélite.

Debêntures incentivadas
O Ministério das Comunicações também editou cinco portarias que autorizaram a emissão de R$ 4,2 bilhões em debêntures incentivadas. Com isso, empresas do ramo de telecomunicações que tiveram seus projetos aprovados poderão captar recursos para financiar a expansão e melhoria de seus serviços.

Debênture é um meio de “emprestar” dinheiro a uma empresa e ser remunerado por juros pré-fixados, com rentabilidade superior a outros tipos de investimentos em renda fixa. No caso das debêntures não incentivadas a alíquota do Imposto de Renda (IR) segue uma tabela regressiva a depender do prazo de aplicação – quanto mais tempo deixar o dinheiro investido, menos imposto deverá ser pago.

A diferença básica da modalidade incentivada em relação às outras está na redução da taxação do IR. No caso de pessoa jurídica, o percentual cai de 22,5% para 15%. Já as pessoas físicas ficam isentas.

Cidades Digitais
Para melhorar a estrutura de telecomunicações no país, o governo levou fibra ótica a 23 cidades brasileiras, conectando os equipamentos públicos desses municípios, para dar mais agilidade na prestação de serviços a partir da implantação das redes. Desde que foi criado, o programa já implementou a rede em 180 cidades.

TV Digital
De acordo com o Ministério das Comunicações, atualmente, 96% dos domicílios brasileiros têm uma ou mais televisões. No país, 80,69% da população já recebe o sinal de TV digital. A meta da pasta é ter 100% de abrangência do sinal digital até 2023. Em novembro deste ano, foi aprovado o projeto que destina mais de R$ 900 milhões remanescentes do desligamento do sinal analógico para a digitalização da TV em 1,7 mil. Com isso, 24 milhões de brasileiros serão beneficiadas com a chegada do sinal com mais qualidade.

Em 2020, o MCom publicou diversos normativos para facilitar a interiorização das retransmissoras de televisão. Segundo a pasta, com as novas regras, o processo de autorização de novos canais ficou menos burocrático e mais rápido, o que deve ampliar a oferta de conteúdo aberto e gratuito para a população.

Radiodifusão
Um mutirão realizado pelo MCom analisou 900 processos de Serviços de Retransmissão de Televisão (RTV). Também foram avaliados outros 770 processos de radiodifusão educativa, comunitária e estatal. O objetivo é ampliar o acesso a esses canais de comunicação e diversificar o conteúdo oferecido à população. O ministério fez, ainda, a avaliação 2.061 processos relativos a renovações de outorgas e outros tipos de solicitações.

Comunicação institucional
Em 2020, o MCom também realizou uma série de campanhas de divulgação relativas a assuntos de interesse público. Entre elas se destacam o lançamento do Pix, novo meio de pagamento e transferência de dinheiro, e a nova cédula de R$ 200, que trouxe o lobo-guará estampado.

Houve ainda produções institucionais da Semana do Brasil 2020, da Semana Nacional do Trânsito, da conscientização das famílias sobre os riscos da exposição de crianças na internet, do cuidado precoce de pacientes com a covid-19, do combate à dengue, entre outras iniciativas.

O MCom também promoveu a ação Povo Heroico, como uma forma de homenagear pessoas comuns que tenham realizado algum ato merecedor de reconhecimento público, bem como heróis de renome da história nacional.

OCDE
Dois estudos contratados junto à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) tiveram os resultados apresentados em 2020. As pesquisas foram desenvolvidas com o objetivo de fazer levantamentos sobre conectividade, telecomunicações e radiodifusão.

Uma dessas pesquisas, denominada “A Caminho da Era Digital”, foca nas propostas e resultados já obtidos da Estratégia Brasileira para a Transformação Digital (E-Digital). O outro, intitulado “Telecomunicações e Radiodifusão no Brasil” abordou o desempenho brasileiro nesses setores, assim como as políticas e regulamentos. Alguns dos requisitos já foram cumpridos e outros estão em andamento.

*Com informações do Ministério das Comunicações.

Marcel van Hattem acusa o STF de legislar: ‘Sem o menor pudor’

 


Candidato à presidência da Câmara dos Deputados voltou a subir o tom contra os ministros

Raphael Minho
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Foto:  Michel Jesus/Câmara dos Deputados
Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados

 

O candidato à presidência da Câmara dos Deputados, Marcel van Hattem (Novo-RS), voltou a subir o tom das críticas contra o Supremo Tribunal Federal (STF), após o ministro Ricardo Lewandowski decidir prorrogar as medidas excepcionais adotadas em função da pandemia da Covid-19.

De acordo com o deputado federal, o STF tem legislado no lugar do Parlamento.

“Isso é um absurdo completo. O STF está substituindo o Parlamento sem o menor pudor. Esmagando-o! Independentemente do mérito, é mais um ataque ao Estado de Direito vindo de um ministro do STF, justamente quem deveria defender nossa Constituição e a separação de poderes”, publicou nas redes sociais.

Fogos de artifício explodem no alto de ruas vazias na Austrália

 


Fogos subiram aos céus em Sydney, mas o porto estava vazio

Agência Brasil
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Foto: © AAP Image for NSW Government/Mick Tsikas/Direitos reservados
Foto: © AAP Image for NSW Government/Mick Tsikas/Direitos reservados

 

Os fogos de artifício da Casa da Ópera de Sydney subiram aos céus, mas o porto abaixo estava vazio como uma cidade fantasma, uma despedida apropriadamente assustadora por um ano que não passará despercebido.

Nenhum show de luzes iluminará Pequim do alto da torre de TV. Os leões da Trafalgar Square de Londres serão barrados. Em Roma, as multidões não se reunirão na Praça de São Pedro, o Papa não conduzirá missas e os foliões não farão seu mergulho anual no Tibre.

Nos Estados Unidos, no lugar de centenas de milhares de nova-iorquinos amontoados ombro a ombro na Times Square, o público será um pequeno grupo pré-selecionado de enfermeiras, médicos e outros funcionários importantes, com suas famílias mantidas a dois metros de distância em espaços socialmente distantes.

Adeus, 2020. Olá, 2021
Com mais de 1,7 milhão de mortos e 82 milhões de infectados em todo o mundo desde a última véspera de Ano Novo – mas com esperança de que novas vacinas possam ajudar a controlar a pandemia – o final deste ano é como nenhum outro na memória. Angela Merkel, em seu 16º discurso de véspera de Ano Novo como chanceler alemã, disse isso.

“Acho que não estou exagerando quando digo: nunca nos últimos 15 anos achamos o ano velho tão pesado. E nunca, apesar de todas as preocupações e algum ceticismo, aguardamos o novo com tanta esperança.”

“Eu só posso imaginar o quão amargo deve ser para aqueles em luto por entes queridos perdidos para o coronavírus ou que estão tendo que lutar contra as repercussões de uma doença quando o vírus é contestado e negado por alguns indivíduos sem esperança”, disse Merkel, de 66 anos, que afirmou que será vacinada assim que possível.

A Alemanha proibiu a venda de fogos de artifício para desencorajar as multidões. As autoridades em Berlim disseram que a polícia “puniria os violadores de forma consistente”.

“ANO do INFERNO”
Na Austrália, onde os fogos de artifício da Sydney Opera House foram televisionados para todo o mundo como a primeira grande exibição visual do ano novo, o movimento foi restringido, as reuniões proibidas e as fronteiras internas fechadas. A maioria das pessoas foi impedida de ir ao centro de Sydney na noite de quinta-feira.

“Que ano do inferno”, disse Gladys Berejiklian, premiê do estado de Nova Gales do Sul, que inclui Sydney. “Esperançosamente, 2021 será mais fácil para todos nós.”

No Reino Unido, onde uma variante altamente contagiosa do vírus está se espalhando e a maioria das pessoas está sob estritas restrições, as autoridades fizeram uma campanha de mensagens públicas em outdoors e na mídia pedindo às pessoas que “vejam o Ano Novo com segurança em casa”.

Barreiras foram erguidas em locais públicos como a Trafalgar Square e a perto do Parlamento em Londres.

Na Itália, o país europeu que viu mais mortes de Covid-19, bares, restaurantes e a maioria das lojas foram fechados, e há toque de recolher para a véspera de Ano Novo entre 22h e 7h.

O papa Francisco cancelou os planos de liderar as missas nesta quinta-feira e no dia 1º em razão de uma crise ciática.

Na França, onde o toque de recolher noturno também estará em vigor, não mais do que seis adultos poderão se reunir ao redor da mesa, mas haverá celebrações – pequenas, talvez, mas com estilo.

Em “A la Ville de Rodez”, uma delicatessen parisiense sofisticada, o gerente Brice Tapon preparava pacotes de foie gras, trufas e patê para grupos de dois ou três.

“Eu vou … me encher de foie gras, champanhe e toda essa comida”, disse Annie Chaplin, uma cliente. “E eu vou ficar em casa.”

China dá aprovação provisória para sua 1ª vacina em massa para o coronavírus

 


O imunizante e outros dois feitos no país já haviam recebido apenas autorização para uso emergencial

Redação
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Foto: AFP/Arquivos
Foto: AFP/Arquivos

 

A Administração Nacional de Produtos Médicos da China, órgão que é o principal regulador de medicamentos do país, deu na noite da quarta-feira (30) autorização provisória para uma vacina em massa contra a Covid-19 desenvolvida pela estatal Sinopharm.

Segundo o portal Terra, na quarta-feira, a Sinopharm afirmou que o seu imunizante teve eficácia de 79% na proteção contra o coronavírus na fase 3 de ensaios clínicos no exterior.

A vacina e outras duas que estão sendo feitas no país já haviam recebido apenas autorização para uso emergencial. Pequim, capital do país, permitiu isso para vacinas que ainda não tinham concluído os testes clínicos, quando considerou urgente ajudar com a emergência pública de saúde.

Litoral catarinense registra aglomerações e ruas lotadas no fim de ano

 


Aglomerações, ruas lotadas e descumprimento do distanciamento social e uso de máscara tem sido características da região no período festivo

Redação
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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

 

O litoral de Santa Catarina volta a chamar a atenção das autoridades após ser palco de novos episódios de descumprimento dos protocolos de combate a disseminação do novo coronavírus. Nos municípios de Garopa, sul do estado, e Balneário Camboriú, no norte catarinense, tem sido bastante comum encontrar ruas e praias lotadas, aglomerações e a falta de uso de máscara.

Em Santa Catarina já são 5.206 mortes por Covid-19, de acordo com o balanço divulgado pelo governo do estado, nesta quarta-feira (30).

Na Praia da Ferrugem, em Garopa, dezenas de pessoas festejavam sem máscaras e nenhum cuidado em via pública deste o início da tarde desta quarta. A polícia militar precisou ir ao local dispersar a população.

Em Balneário Camboriú, aproximadamente dez locais foram vistoriados, com alguns estabelecimentos notificados por descumprimento de protocolos sanitários, além veranistas em casas na Praia do Estaleirinho que receberam orientações em relação à perturbação do sossego e medidas de combate à Covid-19.

Norma da Receita Federal agiliza importação de vacinas contra o coronavírus

 


Instrução Normativa foi publicada nesta quinta-feira (31) no Diário Oficial da União

Agência Brasil
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Foto: Governo de São Paulo
Foto: Governo de São Paulo

 

Por Kelly Oliveira

As vacinas contra Covid-19 foram incluídas na lista de produtos com importação facilitada. Em instrução normativa publicada hoje (31), no Diário Oficial da União (DOU), a Receita Federal definiu que as vacinas fazem parte da lista de mercadorias sujeitas a entrega antecipada, devido à emergência de saúde pública.

Em nota, o órgão explicou que as vacinas “poderão ser entregues ao importador antes da conclusão da conferência aduaneira, enquanto permanecer a situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional decorrente da doença causada pelo novo coronavírus.”

“O objetivo da medida é manter um fluxo rápido de abastecimento de bens, mercadorias e matérias-primas destinadas ao combate à pandemia, mediante a agilização da entrega da carga e permissão de sua utilização”, acrescentou.

Escolas públicas do país perderam quase 650 mil matrículas, aponta Censo Escolar 2020

 


Os dados foram divulgados no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira (31) pelo Ministério da Educação

Redação
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Foto: Paula Fróes/ GOVBA
Foto: Paula Fróes/ GOVBA

 

As escolas públicas do Brasil tiveram queda de quase 650 mil matrículas entre 2019 e 2020, conforme mostra os dados finais do Censo Escolar da Educação Básica 2020, divulgados no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira (31) pelo Ministério da Educação.

De acordo com o G1, os dados refletem a situação anterior à pandemia, e têm a data de 11 de março como referência. Segundo o levantamento, em 2020 houve 35.961.237 matrículas na educação básica pública – da creche ao ensino médio, incluindo a educação de jovens e adultos.

No entanto, comparando com o ano de 2019, o Censo Escolar apontou que no ano passado havia 36.611.223 matrículas. Ou seja, uma diferença de 649.986 ou queda de 1,7%.

Ainda conforme o G1, as principais quedas e aumentos percentuais na educação básica pública, de acordo com o Censo Escolar 2020, são:

Queda de 30,4% nas matrículas do ensino fundamental integral dos anos finais (6º ao 9º ano); queda de 21,21% em matrículas no ensino fundamental integral dos anos iniciais (1º ao 5º ano); aumento de 21,51% nas matrículas no ensino médio integral; queda de 10,15% nas matrículas da educação de jovens e adultos (EJA) do ensino fundamental.

Os anos finais do ensino fundamental e o ensino médio são considerados as etapas mais problemáticas nas avaliações de ensino e aprendizagem. Em 2019, pela quarta vez consecutiva, o Brasil não atingiu o mínimo proposto para este nível de ensino, segundo dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Os dados completos, incluindo escolas privadas, serão divulgados em janeiro de 2021.

WhatsApp vai parar de funcionar em celulares mais antigos; veja a relação

 


Os celulares atingidos têm uma idade média de 7 anos.

Tribuna da Bahia, Salvador
31/12/2020 10:30 | Atualizado há 8 horas e 33 minutos

   
Foto: Pixabay/Reprodução

O WhatsApp vai parar de funcionar em milhões de celulares no mundo todo a partir da próxima sexta-feira (1). Anualmente, o aplicativo de mensagens mais famoso do planeta deixa de funcionar em smartphones mais antigos, fato que se repetirá no primeiro dia de 2021, de acordo com o site GizChina.

Desta vez, o WhatsApp vai ficar fora de celulares com Android inferior à versão 4.0.3. Já no caso dos iPhones , o mensageiro vai parar naqueles com iOS anterior à versão 9. Isso significa que aos poucos esses celulares, tanto com sistema Android quanto IOS, não poderão realizar algumas funções. A previsão é que ele pare completamente de funcionar em 1º de fevereiro de 2021.

Os celulares atingidos têm uma idade média de 7 anos. São todos os que têm os sistemas operacionais inferior à versão 4.0.3 no Android, à 9.0 no iOS ou ao KaiOS 2.5.1 no Linux.

De acordo com o Facebook, em sistemas mais antigos é mais difícil garantir segurança dos usuários e, por isso, a empresa tomou essa decisão.

O WhatsApp Web também deixará de funcionar no navegador Edge Legacy, a partir de 9 de março, e no Internet Explorer, a partir de 17 de agosto.

Veja a lista:

iPhone

iPhone 3G e 3GS

iPhone 4

LG Optimus Black (e modelos anteriores)

Motorola Droid Razr

Samsung Galaxy S2

HTC Desire

Fonte: IG

Solidariedade o grande remédio de 2020

 


Cidade da Criança reiventa seu fazer social adequando suas ações a uma nova rotina online

Tribuna da Bahia, Salvador
31/12/2020 16:30 | Atualizado há 2 horas e 12 minutos

   
Foto: Divulgação

Desde o final março com o anúncio das medidas de segurança e enfrentamento ao Covid-19, a Cidade da Criança precisou reinventar o seu fazer social, adequando suas ações a uma nova rotina online buscando atenuar os impactos causados pelo novo coronavírus. Com mais de 22 anos de trabalho em Simões Filho, a instituição entendeu que a solidariedade seria uma das principais armas de enfrentamento a pandemia e que as organizações da sociedade civil iriam exercer um papel fundamental junto as suas comunidades. 

Percebendo o seu relevante papel junto à comunidade simõesfilhense, a Cidade da Criança em conjunto com os parceiros Instituto Robert Bosch, Associação Primavera, Aktionskreis Pater Beda, Fondaution Coca Cola e Instituto Coca-Cola Brasil passaram a se mobilizar na busca por manter o vínculo de cuidado estabelecido com a comunidade por meio de doações, informação sobre o vírus, formações e cursos online. 

Por isso, no decorrer de 2020, a instituição realizou 4 ações das campanhas “Estamos Nessa Juntos” e “Quem tem fome não pode esperar”, distribuindo no total 887 cestas básicas e kits de limpeza, totalizando mais de 20 toneladas e 2 mil máscaras de pano reutilizáveis para proteção contra o vírus, confeccionadas por artesãs que fazem parte do projeto Mercado de Oportunidades, beneficiando mais 3.455 pessoas em nosso município. 

E pensando num apoio mais amplo ao município, a instituição buscou realizar ações de conscientização por meio de mensagens de sensibilização transmitidas na rádio comunitária e com um carro de som que percorreu 20 bairros de Simões Filho, além de postagens em suas redes sociais.

Confira dicas de como manter a alimentação saudável e evitar excessos no verão

 


As frutas são grandes aliadas da saúde

Tribuna da Bahia, Salvador
31/12/2020 13:30 | Atualizado há 5 horas e 9 minutos

   
Foto: Divulgação

O verão chegou e, junto com ele, o período de festas de fim de ano, férias e muitas mudanças na rotina. O problema é que as comemorações chegam acompanhadas de muitos exageros, os maiores vilões da qualidade de vida. A gastroenterologista Dra. Maria Adelia Almeida Meneses, explica que uma alimentação saudável e equilibrada é uma tarefa que deve ser cumprida durante o ano todo, “porém, no Verão, devemos ter um cuidado especial em virtude das temperaturas mais elevadas levarem a uma maior perda de líquidos e minerais, devido à transpiração excessiva”. Então, além de ajudar aqueles que desejam entrar em forma, escolher os alimentos certos vai deixar o corpo mais preparado para enfrentar o calor.

“Dessa forma, deve-se ter uma boa hidratação com maior consumo de água, chás gelados, sucos naturais e líquidos em geral, em especial a água de coco, considerado isotônico natural, além de refeições mais leves à base de frutas, verduras e legumes, cereais integrais, carnes brancas de peixes e aves, carnes vermelhas magras, evitando frituras e alimentos gordurosos”, destaca a médica. Comer demais pode sobrecarregar o sistema digestivo causando má digestão, além de provocar desconfortos como refluxo e dores abdominais. O ideal é sempre comer em pequenas quantidades, sem se privar dos alimentos favoritos.

E quando o assunto é alimentação saudável, as frutas desempenham um papel fundamental. “As frutas devem compor uma alimentação balanceada sempre, pois como se sabe, são fontes de vitaminas, como C, A, B, minerais e fibras. No Verão, em função não apenas do calor, mas também da maior prática de exercícios físicos, recomenda-se o consumo daquelas com maior proporção de água em sua composição, em função de sua alta capacidade de hidratação”, afirma Maria Adelia. Então, a dica é abusar de frutas como: melancia, melão, abacaxi, laranja, limão, tangerina, morango, pêra, entre outras.

Os vilões da alimentação saudável

Sal e açúcar são grandes vilões para a saúde, destaca a gastroenterologista do IMGH. Obesidade, diabetes, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares são algumas das doenças que estão associadas ao excesso desses ingredientes. “Quanto ao sal, a principal estratégia é evitar o consumo de alimentos processados, enlatados e congelados, dando preferência a alimentos frescos, in natura. Além disso, é possível sua substituição por outros temperos como ervas, limão, cebola e alho, por exemplo.

Já em relação ao açúcar, a dica é ficar atento ao açúcar das bebidas, principalmente dos refrigerantes, e substituir os doces tradicionais por frutas. O segredo é: descasque mais e desembale menos”, finaliza a médica.

Bahia registra 2.862 novos casos da Covid-19 nas últimas 24 horas

 


Fora da capital, Ibitiara, Muniz Ferreira e Conceição do Coité são os municípios com maior índice de infecção no Estado.

Tribuna da Bahia, Salvador
31/12/2020 17:34 | Atualizado há 1 hora e 2 minutos

   
Foto: Breno Esaki/Agência Saúde

Na Bahia, nas últimas 24 horas, foram registrados 2.862 casos de Covid-19 (taxa de crescimento de +0,6%) e 2.587 recuperados (+0,5%). Dos 493.400 casos confirmados desde o início da pandemia, 478.198 já são considerados recuperados, 6.073 encontram-se ativos. A base de dados completa dos casos suspeitos, descartados, confirmados e óbitos relacionados ao coronavírus está disponível em https://bi.saude.ba.gov.br/transparencia/.

Para fins estatísticos, a vigilância epidemiológica estadual considera um paciente recuperado após 14 dias do início dos sintomas da Covid-19. Já os casos ativos são resultado do seguinte cálculo: número de casos totais, menos os óbitos, menos os recuperados. Os cálculos são realizados de modo automático.

Os casos confirmados ocorreram em 417 municípios baianos, com maior proporção em Salvador (22,54%). Os municípios com os maiores coeficientes de incidência por 100.000 habitantes foram Ibirataia (10.318,70), Muniz Ferreira (8.420,91), Conceição do Coité (8.376,87), Pintadas (8.019,55), Jucuruçu (7.944,33).

O boletim epidemiológico contabiliza ainda 884.927 casos descartados e 123.183 em investigação. Estes dados representam notificações oficiais compiladas pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Bahia (Cievs-BA), em conjunto com os Cievs municipais e as bases de dados do Ministério da Saúde até as 17 horas desta quinta-feira (31).

Na Bahia, 36.655 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19. Para acessar o boletim completo, clique aqui ou acesse o Business Intelligence.

Óbitos

O boletim epidemiológico de hoje contabiliza 29 óbitos que ocorreram em diversas datas, conforme tabela abaixo. A existência de registros tardios e/ou acúmulo de casos deve-se a sobrecarga das equipes de investigação, pois há doenças de notificação compulsória para além da Covid-19. Outro motivo é o aprofundamento das investigações epidemiológicas por parte das vigilâncias municipais e estadual a fim de evitar distorções ou equívocos, como desconsiderar a causa do óbito um traumatismo craniano ou um câncer em estágio terminal, ainda que a pessoa esteja infectada pelo coronavírus.

Basílica do Senhor do Bonfim terá missas sem público na 1ª sexta-feira do ano

 


Para evitar a aglomeração dos fiéis e atender de forma segura a todos, as celebrações da primeira sexta do ano serão estendidas

Tribuna da Bahia, Salvador
31/12/2020 17:53 | Atualizado há 42 minutos

   
Foto: Max Haack/Ag Haack

A tradição de subir a Colina Sagrada para agradecer e pedir as bênçãos ao Nosso Senhor do Bonfim motiva o coração de milhares de baianos e turistas todos os anos. No entanto, diante da pandemia do novo coronavírus, a Basílica Santuário Senhor Bom Jesus do Bonfim preparou uma programação especial seguindo todas as determinações protocolares preventivas para assegurar a proteção dos fiéis. Nesta sexta-feira (01), primeira do ano, os fiéis não terão acesso à Igreja, devido ao número de missas que serão celebradas e a necessidade de higienização dos bancos e cadeiras depois de cada missa. Por isso, a imagem peregrina do Senhor do Bonfim ficará exposta na praça para veneração dos fiéis.

Considerando os protocolos necessários para evitar a disseminação da Covid 19,  não haverá, também, caixas para colocação dos pedidos escritos, como nos anos anteriores. Porém, para manter a tradição, serão colocadas algumas caixas próximas à imagem do Senhor do Bonfim para que os fiéis coloquem fitinhas com o número de nós correspondente a seus pedidos. Os fiéis e turistas poderão entrar no interior da Basílica nos intervalos das missas pelo portão do lado direito, que dá acesso à Sala dos Milagres, e saindo pela sacristia. Ao lado da capela das velas, ficará uma pessoa de plantão para marcar missas, evitando a entrada para sacristia.

Todas as missas serão celebradas dentro da Basílica, com o acesso por ordem de chegada e transmitidas através da WebTv do Bonfim (canal do YouTube) e das redes sociais do Santuário.

PROGRAMAÇÃO

01/01/2021- 1º dia do Ano e Primeira Sexta-feira do Ano:

Horário das missas: 7h20, 9h, 10h30, 12h, 14h, 15h30 17h e 18h30.  A Igreja estará aberta das 6h30 até às 20h.

Covid-19: Decreto de calamidade pública vale até a meia-noite de hoje

 


Nessa quarta-feira, Lewandowski manteve a vigência das medidas

Tribuna da Bahia, Salvador
31/12/2020 16:30 | Atualizado há 2 horas e 4 minutos

   
Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Termina hoje (31) a vigência do decreto que estabeleceu o estado de calamidade pública no país em razão da pandemia de covid-19. A medida, aditada pelo Congresso Nacional em 20 de março deste ano, dispensou o governo federal de cumprir as metas de execução do orçamento e de limitação de empenho de recursos.

Ela foi adotada em função do aumento de gastos em saúde pública e em ações para minimizar o impacto da pandemia na atividade econômica, bem como a consequente diminuição da arrecadação dos cofres públicos. Assim, sem uma nova decretação, o governo deve voltar a cumprir as obrigações fiscais.

Por outro lado, a Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, declarada pelo Ministério da Saúde,em fevereiro, não tem prazo definido para acabar e depende de ato do próprio ministério, mas não será maior que o tempo de emergência declarado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa declaração fundamenta todas as ações urgentes de prevenção, controle de riscos e danos à saúde pública.

Já a Lei nº 13.979/2020, que traz as medidas de enfrentamento à emergência e a seus efeitos, só vigorará enquanto estiver vigente o decreto de estado de calamidade pública, ou seja, também perde efeito nesta quinta-feira.

STF

Nessa quarta-feira (30), o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), prorrogou sem prazo definido a autorização dada pelo Congresso para que as autoridades adotem uma série de medidas de enfrentamento à pandemia de covid-19.

Fonte: Agência Brasil

O melhor réveillon do mundo está na UTI. Que venha a cura.

 



Vamos receber 2021 como vivemos este ano, em casa. Uma prisão domiciliar sem direito a recurso e com uma única instância de apelo, que não é deste mundo. E é de lá que virá o consolo: “aceitaremos o bem dado por Deus, e não o mal?" (Jó 2,10). Alexandre Borges para a Gazeta:


Nascido e criado em Copacabana, descobri a vida entre o Morro da Babilônia e o Oceano Atlântico, com suas avenidas barulhentas, confeitarias charmosas, padarias caóticas e botecos sujos que fazem dela um dos locais mais polifônicos que existem. A imagem que veremos hoje à noite, com a festa oficial cancelada, é uma síntese dolorosa de 2020 e um chamado à responsabilidade para o novo tempo que começa.

Passei quase todas as minhas comemorações de réveillon com os pés descalços em meio a milhões de turistas vestidos de branco na areia gelada de Copacabana, entre fogos de artifício e barraqueiros que fazem seus cercados ilegais na praia, ambulantes com isopor e o lixo que insiste em ser lançado nas calçadas. Um ritual de início de ano poucas vezes interrompido e, quase sempre, contra a minha vontade. Já disse, irresponsavelmente, que um ano novo só pode começar se for recebido em Copacabana. Que Deus não ouça.

O bairro, nas últimas décadas, já não tinha nada de princesinha do mar. Refúgio dos idosos que alimentam pombos e jogam dama no Posto 6, do nascimento da Bossa Nova (desculpe, Ipanema), dos 18 revolucionários do Forte, do Copacabana Palace, o edifício mais bonito do Brasil, dos turistas bêbados de camisa florida abraçados com mulatas na Prado Júnior, dos anônimos e inacreditáveis escultores na areia, dos judeus do CIB e dos nordestinos da Serzedelo Corrêa, da molecada livre e solta do Chapéu Mangueira, da classe média aposentada que trocou a missa do domingo pelo chope da tarde de segunda. Um pouco de tudo, um buffet-degustação da humanidade.

Não existe consenso sobre a origem do nome do bairro, mas a hipótese mais aceita é que, em algum momento do séc. XVI, um dos contrabandistas que faziam a rota Brasil-Peru trouxe uma imagem de "Nossa Senhora de Kopa Kawana”, referência ao deus inca homônimo, uma síntese perfeita do sincretismo religioso dos cristãos que pulam as sete ondas e jogam flores para Iemanjá nesta noite.

No último dia da desastrosa gestão Marcelo Crivella, milhares de vagas de estacionamento no bairro foram suspensas, a queima de fogos proibida e grande parte do transporte público, vans e ônibus de turismo, impedidos de entrar. Os milhões de forasteiros que todo 31 de dezembro prestigiam Copacabana não são bem vindos em 2020.

A última noite do ano da pandemia colocou a mais famosa comemoração de réveillon do país na UTI. A decisão, inédita e extrema, é o certo a fazer, e o sacrifício do setor hoteleiro e quiosqueiros, dos vendedores de cerveja, das floristas e dos motoristas de peruas, dos mendigos e organizadores de eventos, não pode ser em vão. A cidade vai pagar um preço alto por muita irresponsabilidade que não é culpada, mas que sirva de lição para quem acha que um país se administra com bravatas.

Vamos receber 2021 como vivemos este ano, em casa. Uma prisão domiciliar sem direito a recurso e com uma única instância de apelo, que não é deste mundo. E é de lá que virá o consolo: “aceitaremos o bem dado por Deus, e não o mal?" (Jó 2,10).

A vida de Jó, uma festa de riqueza, paz e felicidade, foi também cancelada sem que ele fosse culpado, muito pelo contrário. Seus amigos e sua esposa tentaram que ele se voltasse contra a fortuna e contra Deus, mas não conseguiram. Jó resistiu às mais extremas privações e, com fé inabalável, foi recompensado ao final. Um recado de mais de três mil anos que nunca perdeu a atualidade.

No Eclesiastes, outra lembrança eterna: “para tudo há uma ocasião, e um tempo para cada propósito debaixo do céu”. Que esta noite seja a última deste tempo de tantos sacrifícios, perdas e dores. Que a festa cancelada seja a chance de arrumar a casa para o novo, com mais responsabilidade, prudência e maturidade. Estamos todos juntos nessa e, cuidando uns dos outros, ressurgiremos. 2020 foi uma doença, mas tem cura. Ela se chama 2021.

Feliz Ano Novo!
 
BLOG  ORLANDO  TAMBOSI

A noção de feminicídio degrada o valor da vida do homem

 



Matar um cônjuge é errado, independentemente do sexo. É crime passional. Lúcido texto de Bruna Frascolla para a Gazeta do Povo:


Imaginemos que um homem ande pelas ruas de um lugar bem frio da Europa e ataca um total desconhecido. Depois de sabermos que a vítima era um homem negro, diremos “aí está um crime de ódio”. Os ditos crimes de ódio são, na verdade, crimes de ódio grupal, e necessariamente têm um quê de impessoalidade. Quer ver?

Suponhamos agora que o homem negro não fosse um total desconhecido, pois o assassino acabara de descobrir que se tratava do amante de sua esposa. Nesse caso, o assassino nutria ódio pela pessoa do Ricardão, mas o assassinato não seria aquilo que chamamos de “crime de ódio”. O Ricardão teria sido morto pelo que fez, e não por uma característica inata sobre a qual não tem nenhum controle. Um assassinato impessoal, cometido por quem odeie conjuntamente uma parcela da humanidade, é o que chamamos de crime de ódio.

Crimes de ódio costumam ser étnicos, e não deixam de ser um tribalismo revisitado. Membros de um grupo populacional majoritário resolvem que, em seu país, não cabem cidadãos de origem étnica diversa, e resolvem acabar com eles. Quando não têm origem étnica, os crimes de ódio vitimam um outro grupo que é minoritário em qualquer sociedade: os homossexuais. Tanto o racista quanto o homofóbico vislumbram uma sociedade biologicamente viável, em que indivíduos de um mesmo grupo étnico procrie e em que a homossexualidade não seja praticada. Se uma sociedade matar todos os gays e todas as minorias étnicas, ela não deixará de existir por isso, como bem sabiam os nazistas.

Agora imaginemos que um homem cruze a rua com fúria assassina ao ver… uma mulher! Vai lá e a mata porque não tolera a existência de mulheres na sociedade. Isso pode fazer algum sentido?

Teocracias islâmicas

A coisa mais parecida que pode acontecer com isso é um homem ver uma mulher sem véu no meio da rua em Teerã ou Dubai. Não existem sociedades mais misóginas do que as teocracias islâmicas. Para se ter uma ideia, na Arábia Saudita é perfeitamente possível uma vítima de estupro ser açoitada por adultério, ou então por se colocar em situação vulnerável. No Paquistão, os crimes de honra são comuns. Roubam a paz às mulheres, mesmo que elas tenham nascido e crescido em democracias ocidentais e absorvido seus valores.

Ainda assim, nenhum desses misóginos ataca mulheres pelo fato de elas serem mulheres. Atacam-nas por serem mulheres que não se portam da maneira esperada por eles.

Não há nada que um negro possa fazer para agradar um skinhead e ser admitido em sua sociedade. Não havia nada que um tutsi pudesse fazer para agradar um hutu e ser admitido em sua sociedade. Não há quase nada que um gay possa fazer para agradar um teocrata islâmico e ser admitido em sua sociedade. (Digo “quase” porque os aiatolás aceitam que os gays a mudem de sexo para escapar da forca.) Por outro lado, os países misóginos fazem questão de ter mulheres em suas sociedades. Só que as mulheres devem estar lá adestradas para se portar da maneira como os homens querem.

De admirar seria um país onde realmente houvesse recorrentes crimes de ódio contra mulheres, de maneira que muitas fossem mortas apenas por serem mulheres. Enquanto existirem homens heterossexuais e enquanto os bebês vierem ao mundo passando pela barriga das fêmeas da espécie, não haverá sociedades onde muitas mulheres sejam mortas apenas por serem mulheres. Não dá pra ter sociedade sem mulher.

É verdade que isso não impede doidos avulsos de cometerem crime de ódio contra mulheres. Tenho em mente casos como o Massacre de Realengo, no qual o atirador, rejeitado pelas meninas na adolescência, voltou à escola onde estudou para matar o maior número de meninas possível. Aquelas que morreram nunca o tinham visto na vida e seu “crime” foi nascer menina. Mas não é isso que chamam de feminicídio.

Feminicídio é crime passional

Os jornais televisivos agora ensinam que feminicídio é quando uma mulher é morta pelo mero fato de ser mulher. Antes diziam só “homicídio doloso, quando há intenção de matar” e “homicídio culposo, quando não há intenção de matar”. Agora acrescentam essa liçãozinha estapafúrdia toda vez que noticiam o assassinato de uma mulher por um ex-namorado ciumento.

Ora, o ex-namorado matou uma mulher aleatória, como o atirador de Realengo, ou a ex-namorada? Se ele odeia mulheres a ponto de matá-las “apenas por serem mulheres”, por que não tocar fogo em salão de beleza ou cometer atentado em show de Roberto Carlos, em vez de matar uma mulher só? E, se for para matar uma mulher só, por que não uma desconhecida, que atrairia muito menos suspeitas? É óbvio, óbvio ululante, que ele queria matar a ex por ser a ex, e não por ser mulher. Trata-se do bom e velho crime passional.

Em algum momento da década passada, feministas resolveram que a expressão “crime passional” é horrível por conter “paixão” e romantizar assim o agressor. É coisa de gente iletrada, porque qualquer um sabe que a Paixão de Cristo não é história de namoro e que “paixão” tem mais de um significado. Quando um cabra macho mata outro no calor das emoções, entende-se que foi um crime passional, sem que com isso se queira dizer que eles estavam namorando.

Agora vamos ao mais importante: digamos que uma louca ciumenta não aceite o fim do relacionamento e esfaqueie o marido até a morte. Isso é feminicídio? Não. O homem foi morto apenas por ser homem? Não, foi morto por terminar o relacionamento. Mas não existe androcídio. Das duas, uma: ou mulheres são anjos que nunca matam um homem por ciúmes ou o assassinato de um homem é menos grave do que o assassinato de uma mulher.

Ora, mulheres matam homens por ciúme, sim. Podem matar menos, mas matam. E o fato estatístico de o conjunto de mulheres matar menos do que o conjunto dos homens é irrelevante para julgar as atitudes de um indivíduo homicida. A menos que o legislador diga logo, com todas as letras, que quer melhorar a proporção de homicídios no mundo, fazendo com que mais homens morram, temos que acusá-lo de uma incompreensível negligência com a igualdade dos sexos perante a lei. Matar um cônjuge é errado, independente do sexo.

Mentalidade genocida

Tudo agora é proporcionalidade. Começamos nas cotas raciais proporcionais nas universidades e serviço público e agora rumamos às cotas proporcionais nos homicídios. Em vez de impedir o assassinato dos cidadãos, o legislador quer uma bela proporção de mortos. Não reclamam que morrem proporcionalmente negros demais? Se o problema for a proporção, o aumento de morte de brancos resolve.

Essa é uma cosmovisão genocida. Digamos em alto e bom som aos legisladores que não é função sua retificar o mundo por meio de leis, mas sim impedir que os cidadãos se matem uns aos outros.

Mas o que parece, mesmo, é que a finalidade dos legisladores é fazer o possível para que todos se odeiem e se matem uns aos outros. A morte de negros e pardos é interpretada como resultado de guerra racial vencida pelos brancos. A morte de mulheres é tratada como guerra entre os sexos. Afinal, por que a morte de uma mulher em assalto não é feminicídio? Porque bandido é bom, bandido é vítima da sociedade. O que interessa é melar as relações pessoais entre homens e mulheres.

Vem mais lei burra aí 

Agora a deputada Shéridan (PSDB) resolveu que tipificar e criminalizar o stalking virtual, o que supostamente combaterá os feminicídios por tabela. Pelo menos ela não inventou o feministalking e nada impede que a lei seja feita com respeito à igualdade entre os sexos. Mas a argumentação é de doer: uma alta porcentagem de vítimas de feminicídio sofreu stalkig, então criminalizar stalking (com quatro anos de cadeia) vai impedir feminicídios.

Nas redes sociais, Tabata Amaral (aquela que só fala que quer mulher eleita, mas fez campanha pelo namorado João Campos contra Marília Arraes) escreve o seguinte: “O Brasil é o 5º país que mais mata mulheres em crimes motivados pelo gênero. Só neste Natal, pelo menos mais seis mulheres perderam a vida vítimas de feminicídio. Alguns responsáveis, atuais ou ex-companheiros, ainda seguem impunes. Apesar das vitórias conquistadas pela nossa Bancada Feminina na Câmara dos Deputados, com a aprovação de uma série de emendas e projetos que visam o combate à violência contra a mulher, o caminho ainda é longo e a realidade brutal. Seguirei trabalhando para proteger nossas meninas e mulheres, para que tenham garantido o direito mais básico de todos: o direito à vida".

Será que nenhuma dessas mulheres tem a ideia de botar bandido na cadeia e deixar na cadeia? Precisa inventar crime de stalking? E depois? Vai ter crime de xingar? Olhe lá, que na certa algum estudo de Harvard vai revelar a incrível descoberta de que uma altíssima porcentagem de vítimas de feminicídio foi xingada. Quem rejeitar o argumento será obscurantista e anticiência.

Se essas deputadas estivessem interessadas em resolver o problema das mulheres, lutariam para acabar com o semiaberto com um mísero sexto da pena. Dariam um jeito naquela coisa ridícula que é o homem assinar um papelzinho se comprometendo a não chegar perto da vítima e ficar de boa na rua. Elas não têm interesse em acabar com o assassinato de mulheres; elas só querem aparecer pro eleitorado progressista. Nem que isso custe a queda do valor da vida do homem e a relação pessoal entre homens e mulheres.
 
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De Dilma a Bolsonaro, as questões básicas do país são as mesmas.

 



O sistema de governo, possivelmente o pior do mundo, mantém Executivo e Legislativo em choque constante, agravado pela insegurança jurídica emanada de um Judiciário que não foi eleito para governar, mas está governando. Artigo de William Waack, publicado pelo Estadão:


A década que começou com Dilma e vai terminando com Bolsonaro tem uma extraordinária constância. Nossas mazelas continuam praticamente as mesmas. Apenas mais escancaradas por uma pandemia que expôs (e também agravou) problemas que já existiam. Nesse sentido, não se pode falar de uma década que começa e termina com sinais trocados. A incompetência governamental e nossa complacência em sua essência seguem as mesmas.

Sim, Dilma foi a vítima da tortura praticada por um regime de exceção, que Bolsonaro teima em exaltar. Por mais abjetas e fracassadas as ideias que ela defendia, não há nada que justifique tortura especialmente por órgãos de Estado, como aconteceu na ditadura militar brasileira. É um aspecto que o capitão Bolsonaro ignora e que exércitos profissionais de democracias abertas, como na França (na Argélia), Estados Unidos (por último, no Iraque) e Israel (na Intifada de 1987) reconhecem como destruidor da moral da força armada e se empenham em condenar.

A sociedade brasileira segue exibindo a mesma tolerância em relação a pragas nacionais há tempos estabelecidas: injustiça social, miséria disseminada, violência endêmica, corrupção e incompetência governamental. São características com as quais se podia descrever o Brasil de 10 ou 20 anos atrás, e a onda disruptiva de 2018 não ofereceu resultados até aqui convincentes para alterar fundamentalmente esse quadro. As comparações internacionais nada proporcionam para nos orgulharmos em termos de nível de desenvolvimento humano e, especialmente, educação, que continua sendo entendida no Brasil como ferramenta e não como valor em si.

Nas comparações mais recentes estamos capengando para proteger nossa população da covid-19. Os que primeiro começaram a vacinar estão em todas as regiões do mundo. Nessa lista figuram ricos e emergentes, países gigantes e pequenos, regimes abertos, democracias liberais, monarquias absolutistas, a ditadura comunista da China, variadas etnias, as principais denominações religiosas (entre os latino-americanos, governos de esquerda e de direita).

O atraso brasileiro na questão da vacinação é uma vitrine expondo nossos limites estruturais. O sistema de governo, possivelmente o pior do mundo, mantém Executivo e Legislativo em choque constante, agravado pela insegurança jurídica emanada de um Judiciário que não foi eleito para governar, mas está governando. O podre sistema de representação política é fator preponderante para entender a falta de lideranças abrangentes e enraizadas – um grande deficit em situações de crise econômica e sanitária que se reforçam mutuamente. A força dos regionalismos e o egoísmo de suas respectivas elites – não só as geográficas, mas as de diversos segmentos sociais e econômicos nos fazem assistir à concorrência dos entes da federação.

Há aspectos peculiares na incompetência demonstrada pelo atual governo no trato da pandemia, mas incompetência em várias questões, agudas ou não, causadas pela “sabedoria” de chefes de Executivo (só lembrar o que Dilma fez com o setor elétrico, por exemplo) tem sido recorrentes. No plano mais abrangente, para um País que cultiva a imagem de ser dono de um futuro brilhante, estamos sendo extraordinariamente incompetentes em chegar lá. Nossa distância nesses dez anos em relação às economias mais avançadas aumentou – e estamos há mais tempo do que isso estagnados em matéria de produtividade e competitividade internacionais.

É confortável apontar o dedo acusador para este ou aquele governo do começo ou do fim da década. O fato é que nós os colocamos lá.
 
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Aberrações legais protegem o crime e facilitam a impunidade

 



Inventaram-se, com a cumplicidade objetiva do governo federal, novas aberrações legais para proteger o crime e deixar sem punição os criminosos. O contrário do que Bolsonaro prometeu. Coluna de J. R. Guzzo para o Estadão:


Um dos maiores projetos do governo do presidente Jair Bolsonaro, exposto em volume máximo durante toda a sua campanha eleitoral, era o combate ao crime – um dos piores inimigos da população brasileira nas últimas décadas, em razão da impunidade dos criminosos, da baixa eficiência do aparelho policial e judiciário e da aberta submissão da lei aos interesses dos escritórios de advocacia penal mais prósperos deste país. Passam dois anos e o que se tem hoje? Uma situação em que o poder público incentiva ainda mais a atividade criminosa no Brasil.

Não apenas não foi feito o prometido. Inventaram-se, com a cumplicidade objetiva do governo federal, novas aberrações legais para proteger o crime e deixar sem punição os criminosos. Uma das mais perversas foi a criação do “juiz de garantias”, pela qual todo processo penal no Brasil passa a ter dois juízes – isso mesmo, dois juízes diferentes – um para cuidar da papelada e outro para encontrar motivos que possam ser utilizados para soltar bandidos presos em flagrante.

Com a desculpa de que esse tipo de juiz existe “em outros países”, e como se o Brasil fosse um exemplo mundial em matéria de criminalidade baixa, deputados e advogados espertos enfiaram num “pacote anti-crime” apresentado pelo governo – justo aí – o contrabando desse segundo juiz. O presidente da República poderia vetar o texto de lei, aprovado no final de 2019. Não vetou. Também poderia vetar, e não vetou, outro presentaço para os criminosos e seus advogados: a soltura de réus que estejam presos há mais de 90 dias sem terem “condenação definitiva”. Em nenhum governo anterior o crime conquistou duas vitórias como essas.

Sabe-se muito bem o uso que já se fez dessa história dos 90 dias: o ministro Marco Aurélio mandou soltar um traficante de drogas milionário que teve como advogado um ex-assessor dele mesmo, Marco Aurélio. O homem estava condenado, em duas sentenças, a 25 anos de cadeia, e obviamente desapareceu assim que saiu do xadrez. Agora, um grupo de advogados que costumam cobrar honorários de milhões entrou com um habeas corpus coletivo contra a liminar do presidente do STF, Luiz Fux, que suspendeu em janeiro último a existência do “juiz de garantias”. É o “pacote pró-crime” do governo de novo em ação. 

É abusivo e ilegal: não cabe a apresentação de habeas corpus contra decisão do presidente do STF. E daí? A ala do tribunal que está o tempo todo ao lado da imunidade quer dar um troco no presidente Fux, que já há tempo se tornou um dos seus desafetos – e vai jogar tudo para recuperar os benefícios que o crime espera obter com o “juiz de garantias”. Fica aberto, tecnicamente, o caminho para que sejam soltos todos os criminosos que não passaram pelo segundo juiz 24 horas depois da sua prisão.

O “processo civilizatório” do Brasil é isso aí.
 
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A "bondade" rosa-choque

 



A mais recente manifestação da “bondade” de rede social é da lavra de Felipe Neto, menino-foca, líder intelectual da esquerda brasileira, garoto-propaganda do combate às “fake news” e guru de ministro do STF. Flavio Gordon para a Gazeta do Povo:


“Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês são como sepulcros caiados: bonitos por fora, mas por dentro estão cheios de ossos e de todo tipo de imundície.
Assim são vocês: por fora parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade” (Mt,23: 27-28)


Em No Caminho de Swann, primeiro volume de Em Busca do Tempo Perdido, Proust tece as seguintes considerações sobre a bondade:

“Quando tive mais tarde ocasião de encontrar, no curso da vida, em conventos, por exemplo, encarnações verdadeiramente santas da caridade ativa, tinham geralmente um ar alegre, positivo, indiferente e brusco de cirurgião apressado, essa fisionomia em que não se lê nenhuma comiseração, nenhum enternecimento diante da dor humana, nenhum temor de feri-la, e que é a fisionomia sem doçura, a fisionomia antipática e sublime da verdadeira bondade”.

Há aí evidentes ecos bíblicos. O trecho faz recordar, por exemplo, a passagem dos Evangelhos em que Jesus Cristo trata da verdadeira caridade, também ela discreta, sem comiseração, sem doçura:

“Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte não tereis galardão junto de vosso Pai Celeste. Quando, pois, deres esmola, não toques trombetas diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa. Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua esquerda o que faz a tua direita, para que a tua esmola fique em segredo; e teu Pai, que vê em segredo, recompensar-te-á" (Mt,6: 1-4).

Nada mais distante do que se passa no Brasil de nossos dias. Vivemos uma era da “bondade” escandalosa, uma “bondade” autocomiserada, narcísica e vaidosa de si. A fisionomia da “bondade” brasileira é hoje adocicada e enjoativa. Não exibe a ágil e prosaica indiferença descrita por Proust, senão o peso solene de quem vive todo o tempo mirando-se no espelho da aprovação alheia. Temos uma “bondade” acusatória. Sou bom, logo, tudo me é permitido.

Que se dê uma espiada nas redes sociais e as faces da “bondade” artificial lá estarão, como máscaras grotescas, carrancas afetadas e cabotinas, destilando o seu pervertido senso moral e o amor de dois tostões pelos oprimidos do mundo. Censura-se por “bondade”, difama-se por “bondade”, persegue-se por “bondade”... O rosto da “bondade” brasileira é disforme e pavoroso, como o de Freddy Krueger.

Os monopolistas da “bondade” – infestados no mundo político, na grande mídia, nas agências de esquerdagem de fatos (left-checking) e nas Big Techs – determinam as informações e as opiniões permitidas. Há opiniões e informações “verdadeiras”, e delas não se escapa. São elas: o aborto é um direito humano inalienável das mulheres; a Igreja Católica é nazista; há excesso de democracia na Venezuela; ditaduras de esquerda são essencialmente morais; vítimas de latrocínio são culpadas porque ostentam demais; homens são estupradores em potencial; negros podem discriminar brancos por conta da dívida histórica; policiais militares são racistas e fascistas; Bolsonaro é um ditador; devemos todos ficar em casa, menos eles etc.

Todas as opiniões acima, entre outras, foram expressas por personalidades que, no Brasil, se autodenominam “progressistas” – termo relativo a pessoas cuja “bondade” a priori lhes confere um salvo-conduto para fazer qualquer coisa contra os “maus” – que seriam, pela lógica, os “regressistas” (ou reacionários). O termo “progressista” aplica-se não apenas a pessoas, mas também a uma infinidade de coisas. Assim, a bicicleta é um meio de transporte progressista, opondo-se ao carro, que é regressista. Ciclistas – ou, segundo a mentalidade politicamente correta, talvez devêssemos chamar de cicloafetivos – são progressistas; motoristas de carros, regressistas. Alimentos também são classificados como progressistas ou regressistas, sendo a salada de broto de bambu com quinoa essencialmente progressista, e a carne vermelha, odiosamente regressista. Maconha é progressista; tabaco, regressista. Vacina chinesa é progressista; hidroxicloroquina, regressista; festinha em ilha privativa é progressista; missa, regressista. E assim por diante. Sempre adiante.

Os progressistas reconhecem-se pelo olhar e pelo lirismo em comum. Conquanto, vez ou outra, deixem verter uma lágrima ao som de uma canção do Chico, que os faz lembrar – mesmo os que à época não haviam nascido – os terríveis anos de chumbo em que, bem, jornalistas eram presos por emitir opiniões. Eles logo recobram a fortaleza e eterna indignação:

– Calem o “blogueiro bolsonarista”! Expulsem os “fascistas” das redes sociais! Desmonetizem os “negacionistas”. Eles não são dos nossos... Os nossos são bons, e trazem a bondade na fisionomia beata do perfil da rede social, na indignação coletiva que inflama os olhares dos ungidos. E que toquem as trombetas diante de nós, e que elas sejam um sinal de pavor para os reacionários em fuga, esmagados e vencidos sob o peso da nossa bondade.

A mais recente manifestação da “bondade” de rede social é da lavra de Felipe Neto, menino-foca, líder intelectual da esquerda brasileira, garoto-propaganda do combate às “fake news” e guru de ministro do STF. Pego no flagra por um repórter amador em pelada de fim de ano, sem máscara e sem respeitar o isolamento social (que ele passou os últimos meses pregando de maneira histérica), a criatura mimética por excelência – cuja mera existência depende inteiramente da aprovação alheia – correu ao Twitter para pedir perdão e dizer que errou.

É claro que, como todo “justo” de rede social, o sujeito tinha que se promover um pouquinho durante o pretenso mea culpa: “Errei. Decidi jogar um último futebol do ano. Como goleiro, indo e voltando de máscara, sem contato com ninguém e passando álcool em tudo. Ainda assim, é um erro. Não cometerei novamente até a vacina. Peço perdão pelo mau exemplo”.

Também no Twitter, o jornalista Rica Perrone, que costuma jogar pelada no campinho ao lado, tratou de desmentir o falso moralista em versão teen. “Você jogou muitas vezes na pandemia. Eu vi... Seja homem, irmão”. Para confirmar o que disse, Perrone postou a filmagem de um amigo e fotos de Felipe Neto aglomerando alegremente sobre a grama sintética. Mas, como Perrone mexeu com um dos “bons”, o vídeo foi estigmatizado como “discurso de ódio” e sumariamente censurado no Instagram.

Em suma: ao contrário da bondade autêntica, tão bem descrita por Proust e pelo evangelista, a “bondade” dos quarentenistas gourmet – também conhecidos como ultra-fique-em-casistas – é espalhafatosa, sentimentalista e orgulhosa. Toca trombetas diante de si, imita focas e tem o cabelo cor de rosa-choque.
 
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"O Suicídio do Ocidente" discute o significado do esquerdismo

 




Para Burnham, a cultura ocidental é uma herança preciosa a ser defendida, e o comunismo uma tirania assassina a ser derrotada. Luciano Trigo para a Gazeta do Povo:


Dois livros com o mesmo título – “O suicídio do Ocidente” – chegaram às livrarias este mês, praticamente ao mesmo tempo. O primeiro é o já clássico ensaio de James Burnham, lançado originalmente em 1964; o segundo é de Jonah Goldberg, o mesmo autor de “Fascismo de esquerda”, obra fundamental para se entender o significado e as distorções do conceito de fascismo. Escreverei sobre os dois, começando pelo livro de Burnham.

Apesar de ter sido escrito há mais de 50 anos, “O suicídio do Ocidente – Um ensaio sobre o significado e o destino do esquerdismo” permanece atualíssimo em sua análise do liberalismo (no sentido norte-americano do termo). Em mais de um momento, ao examinar o processo de erosão deliberada dos pilares intelectuais, morais e espirituais das democracias capitalistas, o autor parece estar se dirigindo ao leitor do século 21, perplexo diante do bem-sucedido esforço de sabotagem e destruição dos valores da nossa cultura

Então como agora, o “suicídio” de que fala Burnham não se refere a um atentado desesperado do Ocidente contra a própria existência, mas a um processo de metástase, a uma autodestruição lenta e gradual, habilmente provocada e conduzida pelos agentes de uma ideologia indiferente ao indivíduo e inimiga da liberdade – e diretamente responsável por mortes que se contam às dezenas de milhões, no século 20.

É um livro de advertência: o objetivo de Burnham é alertar o leitor para não confiar em slogans idealistas que mascaram realidades cruéis: boas intenções, ele afirma, são frequentemente o escudo para a promoção de políticas malignas e intolerantes. Ainda que muitos inocentes embarquem de boa-fé nessa canoa furada – sobretudo na juventude, motivada pelo sentimentalismo narcisista e pela necessidade de pertencimento e aceitação social – o fato inescapável é que, concretamente, todos os experimentos sociais fundados nas premissas do marxismo resultaram, mais cedo ou mais tarde, em doses cavalares de sofrimento e morte.

Para os conservadores, por sua vez, jamais existirá um mundo ideal em nome do qual vale a pena destruir e matar: o máximo a que podemos aspirar é atingir um equilíbrio precário, no qual recursos escassos sejam alocados pelo mercado de forma a maximizar resultados em um ritmo lento e seguro, sem colocar em risco a estabilidade de conquistas, valores e instituições cuja consolidação consumiu séculos de História. Não convém trocar o real pelo ideal, ainda que este seja mais agradável aos olhos. É preciso enxergar o ser humano tal como ele é, com suas imperfeições, egoísmo e ambição.

Em uma época na qual grupos minoritários radicais se sentem à vontade para censurar obras de arte canônicas e vandalizar estátuas de Colombo e Churchill, a grande lição de Burnham é que toda liberdade política é liberdade imperfeita, conquistada com luta, preservada com dificuldade e sempre sujeitas a ataques dos inimigos da democracia. A cultura ocidental é uma herança preciosa a ser defendida, e o comunismo uma tirania assassina a ser derrotada – pois seu triunfo representaria o fim de todas as liberdades que consideramos sagradas, mas que não estão, de forma alguma, asseguradas.

Sempre segundo Burnham, a melhor forma de reduzir a desigualdade social é criar oportunidades e premiar o mérito e a inovação, de forma que incentivos gerem criatividade, trabalho e emprego, beneficiando a todos. Afirmar que os conservadores e a direita se comprazem com a desigualdade é uma estupidez e uma desonestidade intelectual; apenas sociopatas – e eles existem na esquerda e na direita – torcem pelo sofrimento alheio. Todas as pessoas normais gostariam que não houvesse miséria nem fome. O que importa é verificar que caminhos são viáveis para reduzir esse sofrimento, e quais riscos cada caminho envolve.

Geralmente, argumenta Burnham, quando o destino da sociedade está em jogo, é melhor se basear na experiência que na esperança; é melhor reformar que destruir e reconstruir tudo do zero; é melhor ser pessimista que otimista. Não há atalhos nem fórmulas mágicas: cada problema precisa ser examinado objetivamente, sem as lentes da ideologia. Mas é mais fácil, sem dúvida, viver em um cercadinho ideológico no qual se acredita ter todas as respostas – e do qual sou autorizado a olhar com superioridade moral para todos aqueles que não concordarem comigo.

O autor – que, aliás, foi trotskista na juventude, tendo rompido com a esquerda na época do pacto germano-soviético – denuncia a “qualidade gelatinosa do esquerdismo contemporâneo: hipócrita, bonzinho e cheio de culpa”. Suas imprecações politicamente incorretas provocaram seu cancelamento “avant la lettre”, já na década de 60 do século passado. A esse respeito, vale transcrever aqui um trecho da introdução assinada por Roger Kimball, outro autor que merecia ser mais publicado no Brasil:
“...chamar alguém de politicamente incorreto tornou-se um método popular para desacreditar suas opiniões sem a inconveniência de permitir que sejam ouvidas. É um truque retórico esperto, para não dizer covarde. (...) O objetivo é silenciar alguém sem proibi-lo de falar, mas negando-lhe quem o escute”.
Burnham tratou indiretamente desses mesmos temas em seus livros mais famosos – “The managerial revolution“ (1941), “The Machiavellians: Defenders of Freedom” (1943) e “A luta pelo mundo” (1947) – mas “O suicídio do Ocidente” é seu livro mais enfático. Ele não foi o primeiro, é claro, a sinalizar a decadência da civilização ocidental – muito antes Oswald Spengler e Ortega y Gasset já tinham examinado a tese, respectivamente, em “O declínio do Ocidente” (1918) e “A revolta das massas” (1930), para só citar duas obras clássicas.

Lendo Burnham, é inevitável pensar que, de um ponto de vista conservador, esse processo de decadência do Ocidente deu uma acelerada forte nos últimos anos: basta dizer que, seguramente, Spengler e Ortega y Gasset hoje seriam cancelados, se fossem nossos contemporâneos e ousassem escrever o que escreveram. Se não fossem presos.
 
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