Artigo de Rodrigo Constantino, via Gazeta do Povo:
Politizaram a química! Politizaram tudo! Nada mais escapa à
polarização tribal da política, nem mesmo a ciência. Por falar em
ciência, o que mais vemos por aí é ignorante leigo monopolizando quem
fala em nome da ciência, gente que até ontem nunca tinha ouvido falar em
hidroxicloroquina, e hoje se sente preparado para condenar seu uso.
Ciência não é cientificismo. Ciência não é plebiscito entre
especialistas ou povo, não é consensual, não é selecionar a dedo aqueles
com quem já concordamos e jogar os demais para escanteio, os "hereges"
ou "negacionistas". Isso é papo de religião, não de ciência, que se
caracteriza por seu método científico (leiam Karl Popper).
Aliás, parêntese: ateus precisam encontrar religião em outro lugar.
Alguns encontram na política (socialismo), outros no meio ambiente
(ecoterroristas), e outros num vírus (alarmistas do corona). Alguns em
todas as três! Os que falam em "negacionistas" nem percebem que se
tornaram zelotas fanáticos que confundem ciência com religião. Fecho o
parêntese.
Como Jair Bolsonaro e Donald Trump, os dois líderes políticos mais
odiados pela esquerda no mundo, resolveram apostar suas fichas e
esperança na hidroxicloroquina, eis que muitos passaram a torcer contra o
medicamento, que é genérico e utilizado há décadas, com baixo risco.
Aceitam relaxar todos os protocolos, abandonar austeridade e usar
governo para gastar, ceder liberdades e permitir estado policialesco,
mas não aceitam abrir mão do "rigor científico" na hora de aplicar o
remédio?
Tem algo muito estranho acontecendo. Não se pode mais sequer
questionar o isolamento, pois isso é pecado, é coisa de obscurantista. E
quando questionamos os médicos se eles, contaminados, tomaram ou não a
"santa" cloroquina, eis que eles fogem da pergunta!
Foi o que fez o Dr. David Uip em entrevista ao Datena.
E também o Dr. Roberto Kalil Filho em entrevista a nós no Jornal da Manhã, pergunta minha;
Ele se mostrou otimista, e não me respondeu diretamente se tomou ou
não a hidroxicloroquina, o que considero um "sim" para efeitos práticos.
Mas por que tanto mistério sobre o medicamento?
Se tem ligação com o apoio de Bolsonaro e Trump ao remédio, então a
patologia é grave mesmo! Deixaram o ódio aos presidentes falar mais alto
do que o amor pelo próximo? Sendo assim, Bolsonaro bem que poderia
adotar a estratégia sugerida por Guzzo, passar a condenar o isolamento e
também a hidroxicloroquina:
Se Bolsonaro tivesse saído por aí dizendo que o Brasil tinha de se
submeter a um confinamento radical – todo mundo trancado em casa, fecha
tudo, para tudo, mata, prende e arrebenta - não haveria mais, já há
muito tempo, confinamento nenhum neste país.
Politizaram tudo. Uma pena mesmo...
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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