MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

“Sempre foi assim” é o maior inimigo dos governos que impõem gestões inovadoras


Sempre foi assim: O inimigo invisívelJosé Luís C. Zamith
Toda mudança é complicada por natureza. O ser humano procura pontos de referência o tempo todo e pensar em sair da zona de conforto é um mergulho no escuro. Mesmo em situações potencialmente melhores que a condição atual, as reações são as mais diversas, de “um friozinho na barriga” até pânico.
Contudo, para tirar o estado do Rio do buraco não havia outra maneira de começar que não fosse com uma mudança profunda em diversas áreas do governo, começando praticamente do zero.
RESISTÊNCIAS – Não vou dizer que é fácil. Há resistências, muitas vezes expressadas pela frase inimiga da inovação: “Sempre foi assim!”. Além de ser a reação natural à nova proposta, a expressão serve de âncora e, em alguns casos, reforça situações de liderança negativa entre os pares, ou seja, tornou-se a maior inimiga da nova gestão do estado do Rio de Janeiro.
Sabíamos que haveria uma desconfiança generalizada: não éramos nomes conhecidos. Os últimos governantes pararam na cadeia, juntamente com alguns de seus secretários e, há pelo menos 20 anos, as mesmas pessoas se revezavam entre cargos de confiança e altos postos na administração. Portanto, por que pensar que o que estava vindo seria diferente? E como convencer os servidores e a população de que pretendíamos iniciar uma nova era no Estado?
Para a população, não há como mudar este pré-julgamento, a não ser por meio dos resultados que já aparecem e dos que ainda virão. Por outro lado, para um novo funcionamento da máquina, engajar o servidor seria fundamental para execução das mudanças planejadas.
PONTO FOCAL – Como polo da governança, implantamos a metodologia do ponto focal, dentro de cada assunto estratégico do governo. E o que é isso? Normalmente, quando se pede a participação de uma secretaria em ações de prestação de contas, ela simplesmente manda um representante. Entretanto, no contexto do ponto focal, a grande mudança é a designação de uma pessoa específica que responda pelo assunto e se torne capaz de decidir sobre o tema – ao final, o ponto focal funciona como um “account manager”.
Atualmente, usamos pontos focais para assuntos como: orçamento, redução de custos, RH, planejamento estratégico, assuntos interdisciplinares (ações de prevenção de chuvas, segurança turística, reinício das obras do novo Museu da Imagem e do Som, retomada das operações do Teleférico do Alemão), etc.
DAR O EXEMPLO – Entretanto, a principal medida foi dar o exemplo, cortar na carne e se readaptar. Simples, mas fundamental. A maioria das ações começou pela Casa Civil e estão em andamento como projeto-piloto. Fizemos a realocação de servidores em prédios próprios para redução do valor gasto com aluguel, diminuindo consideravelmente os espaços de trabalho (o que, num primeiro momento, incomodou bastante os servidores).
Implementamos o projeto que pretende abolir o papel na tramitação de processos, obrigando a uma redução dos processos físicos. Reduzimos custos em gastos internos como comida e manutenção, gerando uma mudança de cultura. Aumentamos o número de visitantes atendidos pelo programa “Palácio Guanabara de Portas Abertas”, que recebe estudantes, turistas e moradores do Rio na sede do governo estadual, alterando a norma de que apenas grupos de 10 pessoas podiam visitar o local (obrigando a segurança a se adaptar ao novo contexto de que o palácio é do povo).
NOVO ORÇAMENTO – Além disso, também realizamos mudanças na elaboração da Lei Orçamentária Anual, trocando a forma de pensar como cada gasto vai ser despendido pelas secretarias e que, ao final, o orçamento não pode ser um peça fictícia e sim, o norte a ser rigorosamente seguido.
A cada medida, um muro enorme precisa ser derrubado, mas, aos poucos, estamos conseguindo mudar a cultura de que o novo é temeroso. Aos poucos, estamos vencendo as resistências. De modo geral, todos já entendem o caminho que tomamos e onde queremos chegar. Sem o servidor, não há mudança, e sem mudança, não há chance de tirarmos o estado do Rio de Janeiro da situação em que o encontramos. De ‘sempre foi assim’ para ‘transformamos para melhor’ é a nossa meta diária.
José Luís Cardoso Zamith é Secretário-Chefe da
Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro

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