Foto: Agência Petrobrás
A disparada do preço do petróleo após ataques em instalações
petrolíferas na Arábia Saudita será um teste para a autonomia da
Petrobras para definir os preços dos combustíveis em momentos de crise,
avaliam analistas que acompanham os negócios da estatal. O preço do
petróleo chegou a subir 20% no domingo (15) e opera nesta segunda com
alta de 8%. No mercado, porém, não há ainda clareza sobre a duração
desse ciclo de alta, que vai depender da capacidade de recuperação da
produção saudita ou de substituição do petróleo daquele país por outras
fontes.O cenário favorece as negociações com ações da estatal, que registravam alta de 3,31% às 11h50 desta segunda (16). Ainda assim, Luiz Carvalho e Gabriel Barra, analistas do banco UBS, veem uma situação “desafiadora” para a estatal. Além do petróleo, dizem, a taxa de câmbio deve sentir os efeitos da crise, pressionando ainda mais a chamada paridade de importação —conceito usado pela política de preços da estatal, que simula o custo de importação dos combustíveis.
Eles lembram que no passado, a empresa segurou seus preços em diversos momentos de crises semelhantes, gerando prejuízos em suas operações de refino. “A gestão atual tem conseguido implementar uma estratégia bem sucedida até agora e esse evento será um importante teste sobre a solidez dessa política.” Em abril, durante um ciclo de alta das cotações internacionais, o presidente Jair Bolsonaro determinou que a direção da Petrobras suspendesse reajuste no preço do diesel, alegando risco de nova greve de caminhoneiros. A decisão levou a estatal a perder R$ 32 bilhões em valor de mercado em apenas um dia.
“É provável que essa disparada do petróleo não resulte em aumento dos preços de combustível, até porque o governo já demonstrou dificuldade em fazer isso em outros momentos –na última vez que tentou, tivemos a greve dos caminhoneiros”, escreveram Matheus Salomão e Thiago Soares, da Rico Investimentos. A estatal subiu o preço do diesel na sexta (13), alta de R$ 0,0542 por litro —foi o segundo reajuste no mês de setembro. Já o preço da gasolina foi reajustado pela última vez no dia 5 de setembro. A expectativa do mercado é que a empresa espere um pouco antes de definir por novo aumento.
Folha de S.Paulo
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