domingo, 2 de dezembro de 2018

Plantar para colher: 2º maior produtor de flores do país, Minas mapeia segmento para crescer


Tradicionalmente reconhecida pelas lavouras de café, Minas está de olho, agora, no cultivo de flores. Segundo maior produtor do país, perdendo apenas para São Paulo, o Estado ganhará no primeiro semestre do ano que vem um diagnóstico mais profundo sobre a produção. O objetivo do levantamento é estruturar melhor e explorar todo o potencial da cadeia.
Superintendente de Desenvolvimento Agropecuário da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas (Seapa), Carlos Eduardo Oliveira Bovo diz que o mapeamento dará mais condições ao Estado de propor políticas públicas que fortaleçam o trabalho dos floricultores mineiros.
Um dos primeiros passos da reestruturação do segmento é a possibilidade de atuação no Pavilhão Mercado Livre do Produtor da Ceasa, em Contagem, na Grande BH, a partir de janeiro. A venda de flores e plantas no local acontecerá às terças, quintas e sábados e estará condicionada a um regulamento definido pela central de abastecimento.
A expectativa do superintendente da Seapa é a de que pequenos agricultores do Estado incorporem a floricultura nas atividades já desenvolvidas.
Andradas, no Sul de Minas, é, dentre 25 produtores de flores de corte, o município mais representativo; ao todo, 29 variedades são cultivadas nesse grupo. Também estão mapeados produtores de folhagens e arbustos, flores envasadas, forração e palmeiras
“É uma cadeia na qual temos muito interesse, pois trata-se de um mercado que cresce bastante no mundo inteiro e que tem imenso potencial em Minas. A abertura da Ceasa é uma iniciativa que caminha em paralelo ao diagnóstico preparado e que dará condições para que a cadeia seja mais bem visualizada e, assim, se fortaleça. Embora seja um segmento promissor, digamos que ainda estamos engatinhando em relação a São Paulo, por exemplo, que responde pela maior produção do país”, afirma Bovo.
Organização
Coordenador técnico estadual de Planejamento da Emater-MG, Edson Logato explica que o controle de safra da floricultura mineira é realizado, há cerca de três anos, pelos municípios produtores, do qual depende quase que inteiramente. A cidade produtora é responsável por alimentar o sistema on-line de maneira independente.
“Cada uma lança a respectiva produção num sistema usado por todos, mas não há uma organização como em Holambra, onde a cadeia já é bem consolidada e fortalecida”, acrescenta.
Ele explica que a floricultura mineira é dividida em seis subgrupos: flores envasadas, flores de corte (ramalhetes), gramas, mudas de folhagens, arbustos e outras, mudas de forração e mudas de palmeira. Dentre os maiores produtores do estado de flores de corte estão Andradas (Sul de Minas) e Barbacena (Campo das Vertentes) – esta última conhecida como Cidade das Rosas.
Destacam-se no grupo produtor de flores envasadas os municípios de Patos de Minas (Triângulo), Itapeva (Sul) e Guidoval (Zona da Mata).
Projeto em São João del-Rei estimula cultivo de comestíveis 
Ainda pouco utilizadas nas cozinhas brasileiras, as flores comestíveis também vêm ganhando espaço em Minas graças a um projeto desenvolvido na região de São João del-Rei, no Campo das Vertentes. Pesquisadores da Epamig mantêm um jardim com variedades como capuchinha, amor-perfeito e calêndula e incentivam o cultivo de exemplares sem aditivos químicos para consumo humano.
Realizada no município de Holambra, região de Campinas, interior de São Paulo, a Expoflora, maior exposição de flores e plantas ornamentais da América Latina, movimentou R$ 24 milhões somente neste ano; cerca de 300 mil pessoas participaram do evento
O objetivo da pesquisa, financiada pela Fapemig, é, principalmente, estimular pequenos horticultores a engordarem a renda incluindo as variedades dentre as espécies já cultivadas. “Se aumentamos a oferta, conquistamos maior demanda”, reforça a pesquisadora Izabel Cristina dos Santos, que integra o projeto no Campo Experimental Risoleta Neves.
Para que possam ser consumidas, as espécies precisam ser livres de agrotóxicos e fertilizantes químicos – cultivadas em sistemas orgânicos ou agroecológicos, portanto.
Floricultura em Minas flores comestíveis capuchinhaCapuchinha é uma das variedades cultivas na fazenda experimental da região de São João del-Rei
Sem aditivos químicos
ncentivar a produção de flores de corte em sistemas “limpos” é também objeto de estudo da pesquisadora Simone Novaes Reis – coordenadora do Programa Estadual de Pesquisas em Floricultura da Epamig. Segundo ela, tão importante quanto garantir segurança alimentar é conscientizar os produtores sobre os cuidados com a própria saúde. 
“São culturas muito exigentes em nutrientes e, por isso, alguns produtores abusam de produtos químicos. Se conseguirmos mostrar que é possível reduzir esse uso por meio do controle biológico de pragas e de adubos orgânicos, beneficiaremos produtor, meio ambiente e consumidor final”, diz.
Floricultura em Minas flores comestíveis amor-perfeito
Pesquisadores orientam sobre partes das plantas que podem ser consumidas; na foto, amor-perfeito

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