MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 9 de dezembro de 2018

Adivinhe o que a família Bolsonaro tem em comum com a família Vieira Lima



Wilson Dias / Agência Brasil
As evidências do caso complicam Flávio e Jair Bolsonaro
Carlos Newton
Na França, os investigadores da antiga “Sûreté Nationale”, que depois passou a se chamar Polícia Nacional, costumam recomendar “chercher la femme” (procurar a mulher), para se chegar ao criminoso. Nos Estados Unidos, os agentes federais do FBI sugerem “follow the money” (siga o dinheiro), método usado pelos repórteres do The Washington Post para desvendar a trama de “All the President Men”, o famoso escândalo do Edifício Watergate, que causou a renúncia do presidente Richard Nixon.
Para se saber a verdade sobre o emocionante caso do PM da ativa, que trabalhava como motorista e assessor parlamentar do deputado Flávio Bolsonaro acumulando salários em R$ 23 mil mensais, o exemplo da nossa Matriz norte-americana pode ser usado proveitosamente aqui na Sucursal brasileira. Basta seguir o dinheiro.
INVESTIGAÇÃO – A confusão já é enorme e a credibilidade do “mito” Bolsonaro está sendo enfraquecida sem que a investigação sequer tenha sido iniciada. Ainda não há inquérito sobre o assessor parlamentar e policial militar Fabrício José Carlos de Queiroz nem sobre o deputado estadual Flávio Bolsonaro. Mas o relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) não deixa margem a dúvidas quanto à “movimentação financeira atípica” de R$ 1,2 milhão que envolve até a primeira-dama Michelle Bolsonaro.
São depósitos em dinheiro vivo e em valores abaixo de R$ 10 mil, na esperança de não deixarem rastro, mas não adianta, porque a fraude fica caracterizada pelo conjunto da obra. É exatamente no conjunto da obra que chama atenção o surgimento do cheque de R$ 24 mil em nome da futura primeira-dama Michelle Bolsonaro, que o marido alega ter sido o pagamento parcial de um empréstimo que fizera a Queiroz, cujo valor total nem lembra, poderia ser R$ 40 mil.
SEM NOVIDADE – Somente se houver investigação com quebra de sigilo bancário é que saberemos o que aconteceu e quem está mentindo. Mas já se sabe, antecipadamente, que oito nomes que constam do relatório trabalhavam na equipe do deputado estadual Flávio Bolsonaro.
Posso estar equivocado, mas tudo indica que se trata de uma prática bastante comum na política brasileira – contratação de assessor que recebe apenas parte do salário. No caso da família Vieira Lima, por exemplo, alguns funcionários dos gabinetes de Geddel e Lúcio devolviam aos deputados empregadores 80% de suas remunerações. No caso da família Bolsonaro, é o mesmo modus operandi, não se sabe a percentagem, mas fica claro que o operador do esquema era Fabrício Queiroz, que controlava a contabilidade (pagamentos e redistribuição) e colocou sua mulher e as duas filhas na jogada.
Posso estar apressado, ao condenar sem julgamento etc. e tal, mas me parece evidente o que está acontecendo, circunstância que até explicaria o enriquecimento imobiliário do clã Bolsonaro.
COINCIDÊNCIA – A meu ver, não foi por mera coincidência que a família Queiroz pediu demissão conjunta dos empregos nos gabinetes de Flávio e Jair Bolsonaro no dia 15 de outubro, uma semana após o primeiro turno, quando já se configurava a vitória do candidato presidencial do PSL no segundo turno.
As apressadas demissões da família Queiroz não se justificavam, porque em mais um mês e meio todos seriam demitidos automaticamente, quando terminassem os mandatos de deputado estadual e de deputado federal, exercidos por Flávio e pelo pai Jair Bolsonaro.
Da mesma forma, também não teria sido por mera coincidência a demissão de Walderice Santos da Conceição em agosto, quando se descobriu que era funcionária-fantasma do gabinete do Bolsonaro pai, ganhando cerca R$ 2,5 mil, com o marido trabalhando de caseiro na casa do deputado em Angra dos Reis.
Posso estar equivocado, mas essas demissões parecem queima de arquivo.

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