Coluna semanal de Guilherme Fiuza, via Gazeta do Povo, retoma a trapalhada autoritária do bufão Roger Waters em São Paulo:
Roger Waters foi vaiado em São Paulo ao acusar Bolsonaro de fascismo.
Houve aplausos também. No show seguinte, o cantor inglês substituiu a
referência ao candidato no telão por uma tarja com as palavras “ponto de
vista político censurado”.
Roger Waters é fake news.
Ninguém censurou a pantomima do ex-líder do Pink Floyd. É típico do
totalitário em pele progressista o horror ao contraditório. Ele sonha
com uma plateia dócil e disposta a tietar incondicionalmente a sua
demagogia barata. Waters quer boiar sozinho nas águas da propaganda
populista e sonha calar quem ousa apontar o seu ridículo.
Nem dá para afirmar que as vaias em São Paulo sejam necessariamente
de simpatizantes de Bolsonaro. Muitas vezes um hipócrita é vaiado apenas
e tão-somente por sua hipocrisia. Uma parcela das vaias certamente
poderia ser traduzida por algo como: “Companheiro, cadê sua indignação
contra a ditadura sanguinária da Venezuela?”
Podem esperar sentados. O autoritarismo, a violência e a desumanidade
de Nicolás Maduro não sensibilizam Roger Waters. Pelo singelo motivo de
que isso estraga sua lenda de combatente contra a direita perversa.
Onde o inimigo perfeito não existir, ele inventa. Mas a boçalidade de
Maduro tem adereços “de esquerda”, então está liberada.
Pode descer a lenha, companheiro chavista, que Pink, o pacifista, libera.
O astro justiceiro também foi uma gracinha com a delinquência de
Dilma Rousseff, emergindo contra o impeachment para colar seu selo
fascista Tabajara no mordomo. O povo roubado e aviltado pela falsa
propaganda progressista do PT nunca preocupou o Roger. Importante é a
solidariedade aos sócios de picaretagem politicamente correta.
Você já entendeu: a estrela pop do clássico “The Wall” é Haddad, a
candidatura que fará bem à Humanidade por ter sido ungida dentro da
cadeia, onde a bondade, o humanismo e a ética ficam muito bem guardados
por carcereiros vigilantes, grades intransponíveis e muros altos. Bota
“Wall” nisso, parceiro.
O PT como salvação democrática é a invenção da década. Jornalistas
que vivem como eternas viúvas da ditadura militar, cuidando com esmero
do seu figurino de resistência contra a opressão do século passado,
aproveitaram a onda do fascismo Tabajara para ressalvar corajosamente: o
PT sempre respeitou a democracia!
É verdade. A não ser quando o partido estava usando o Supremo
Tribunal Federal e o Ministério Público para blindar o maior assalto da
história – que só não saiu impune porque a Lava Jato explodiu parte
dessa aparelhagem.
A reverência do PT à democracia também tirou uma folguinha quando os
companheiros usaram dinheiro do povo para financiar ditaduras amigas. Ou
quando tentaram obstruir a Justiça de dentro do Palácio do Planalto
para que seus marqueteiros presos não entregassem a presidenta mulher.
Ou quando planejaram a fuga de criminoso condenado, ou quando
transformaram a maior empresa nacional em anexo do partido, ou quando
tentaram controlar a imprensa fingindo proteger os direitos humanos, ou
quando incentivaram a violência do MST contra pessoas e instituições, ou
quando mataram Celso Daniel.
Fora isso e mais uma ou outra centena de afrontas ao estado de
direito, o PT sempre foi democrático. Se você quiser saber exatamente
quando, onde e como, pergunte aos jornalistas e intelectuais que estão
te dizendo isso cheios de charme progressista.
O transformismo ideológico no segundo turno não comporta nem mais uma
dessas máscaras para eleitor envergonhado – tipo Marina, Ciro Gomes e
outras fantasias providenciais. Vai ter que cravar PT mesmo, e aí a
única saída possível é a clássica: mentir.
O governo do PT já sabemos a beleza ética e administrativa que é. O
governo Bolsonaro é uma incógnita. Acha uma escolha miserável? Anula.
Declara que não é sócio do emburrecimento do país que impôs a
polarização sonhada pelo PT e lava as mãos. Mas não finja que Adolf
Hitler ressuscitou no Brasil e está te obrigando a sancionar a gangue do
Lula. Nesse caso, a maior fake news de todas será você.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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